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Capitães da Areia Analise

Por:   •  13/4/2020  •  Resenha  •  2.112 Palavras (9 Páginas)  •  123 Visualizações

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Trabalho de literatura

O autor

Jorge Amado de Faria nasceu em 1912 na Bahia e morreu em 2001, aos 88 anos. Ele é um escritor muito conhecido e suas obras foram publicadas em mais de 52 países e traduzidas para mais de 49 idiomas.

Durante sua infância, Jorge Amado viveu numa fazenda em Ilhéus com seus pais e mais 3 irmãos. Eles tiveram de deixar seus lares devido a uma praga da varíola e foram se instalar em Salvador. O escritor se inspirou desse período para escrever vários romances. Ainda jovem, foi um dos fundadores do grupo literário “Academia dos Rebeldes”. Mais tarde, ele se mudou para o Rio de Janeiro, começou a trabalhar para alguns jornais e com 19 anos publicou seu primeiro romance “O país do Carnaval”. Em 1935, Amado se forma na Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro. Militante comunista, escreveu muito durante a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas e foi obrigado a se exilar entre 1941 e 1942 entre a Argentina e o Uruguai. Jorge Amado volta ao Brasil em 1944 e é eleito deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil em 1945. Mas o partido foi considerado ilegal e Jorge Amado foi novamente exilado e passou quase 10 anos viajando. Em 1956, ele retorna ao Brasil e em 1958 o escritor publica um de seus livros mais conhecidos “Gabriela, Cravo e Canela”, que recebe muitas premiações. Em 1961, Jorge Amado é eleito para a Academia Brasileira de Letras. Em 2001, com sua saúde já debilitada, ele tem uma parada cardiorrespiratória e falece.

Resumo da obra

Eu tive o prazer de ler a obra “Os capitães da areia” de Jorge Amado, um romance que se passa em Salvador onde meninos de rua principalmente abandonados e sem família roubam para poder sobreviver. No começo do livro é levantada a questão da criminalidade das ruas pelos capitães da areia e se manifestam o Padre José Pedro, a costureira e mãe Maria Ricardina, o Juiz de menores e o diretor do reformatório. Eles trocam cartas através do Jornal da Tarde sobre as crianças abandonadas, o tumulto que estão causando na cidade e a situação em que elas se encontram. Estas últimas vivem num armazém abandonado na praia, o trapiche, como uma família, liderada por Pedro Bala, um menino de 15 anos que perdeu os pais muito cedo e com 5 anos já vivia nas ruas. Os personagens vão sendo apresentados ao longo do livro cada um com sua personalidade e sua história, muitas vezes transmitida pelos apelidos dos meninos: “Pedro Bala”, “Gato”, “Professor”, “Boa Vida”... Dora, uma menina de 13 para 14 anos que perdeu os pais por causa da varíola aparece no meio do livro e se junta aos capitães da areia, que criam uma imagem de mãe, irmã e mulher dela. Ela também participa de todos os furtos com os garotos e teve um romance com o líder Pedro Bala. Tristemente, Dora é enviada para um reformatório depois de ter sido pega roubando e morre de febre. No início do livro, as cartas que foram enviadas para o jornal da tarde debatiam também sobre as condições miseráveis em que as crianças se encontravam, e a morte da Dora realça mais uma vez essa questão. Ao longo dos últimos capítulos, o narrador vai nos descrevendo os diferentes caminhos que seguem cada um dos personagens do romance. O Pedro Bala, por exemplo, compartilha os ideais e interesses que seu pai tinha e se envolve com as greves a favor do povo, se tornando um conhecido líder militante. Já o Volta Seca se torna cangaceiro, como sempre desejou, do seu padrinho Lampião.

Análise do trecho


        Logo antes do trecho a ser analisado, apresenta-se ao leitor o Nhozinho França, um homem de certa idade que viajou pelo Nordeste lucrando com seus brinquedos de diversão que ele instalava em diferentes lugares. Ele tinha uma sombrinha, uma roda-gigante e um carrossel, nomeado o Grande japonês. Mas o velho homem acabou se deixando levar pelo alcoolismo e foi obrigado a se desfazer de sua sombrinha e a roda gigante, guardando apenas o Carrossel, pelo qual tinha extremo apego.

Instalado na península de Itapagipe, em Salvador, o homem conta as aventuras que viveu a alguns meninos do grupo. Certo dia, ele convida o Sem-Pernas e o Volta Seca para trabalharem com ele no Grande japonês. Este último atraía o público na frente do brinquedo enquanto o Sem-pernas ajudava com as máquinas.

Os meninos sempre tiveram muita vontade de andar num carrossel, mas as desventuras da vida nunca tinham lhes permitido e eles guardavam um grande mistério em relação ao aparelho. O Sem-Pernas criou uma verdadeira admiração pelo Nhozinho, como um ídolo, um Deus, que permitiu de fazer algo com que ele sonhava.

O Sem-Pernas e o Volta Seca voltam esse dia para o trapiche demasiadamente animados, comemorando o novo trabalho e este primeiro promete levar os outros meninos para irem conhecer e andar no carrossel. Porém eles se sentem desprezados, esquecidos e com inveja dos dois que conseguiram o afazer que todos ali gostariam de ter. O narrador realça a importância do sentimento exprimido por cada um do bando com: “todos os pequenos corações que pulsavam no trapiche...” (linha 9). Aqui, o sentimento de inveja, de frustração e de desejo é unanime. Logo em seguida o narrador insiste na ideia da inveja citando nomes de alguns personagens do grupo, como o Pirulito, que demonstra muita vocação religiosa e fé e queria se tornar padre. Ou o Professor, que é o mais intelectual do grupo, lê muitos livros e ajuda Pedro-Bala a planejar os assaltos. E até mesmo o Pedro-Bala o chefe de todo aquele ajuntamento de meninos que decidia e comandava tudo. Enumerando e mostrando que esses meninos, por mais que tenham gostos e inclinações diferentes, tiveram o mesmo sentimento face a felicidade dos dois meninos: inveja.

É relevante notar que a narrativa desse capítulo se concentra nos dois personagens mais intrigantes, rancorosos e difíceis do grupo. O Volta Seca carrega dentro de si o sentimento e a vontade de se vingar pelos problemas que a mãe teve no passado com coronéis de fazenda e desenvolveu um verdadeiro ódio por fazendeiros e policias. O Sem-Pernas sofre da deficiência física e guarda muito rancor muito de todos os problemas de abandono e humilhação que sofreu. Odeia tudo e todos.

Chega a noite onde todos vão ao carrossel, o qual o Sem-Pernas e o Volta Seca tinham passado o dia armando com o Nhozinho. Diante dele, as crianças que são cerca de cem, encantam-se com o carrossel, fascinadas: “E estavam

parados diante dele, extasiados beleza, as bocas abertas de admiração...” (linha 20). É interessante constatar que considerando a rotina intensa de violência, drogas, sexo, roubo que os capitães levam, eles ainda conservam no fundo um espírito de criança e a simples vontade de poder viver como uma. Eles admiram o carrossel, deslumbrados com um brinquedo que eles nunca tiveram a oportunidade de usar anteriormente.

O Sem-Pernas mostra para o grupo o motor da máquina, que falhava muito, e tinha um grande apreço pelo carrossel, desconfortável até mesmo com o a curiosidade dos amigos de tocar as peças: “não deixava que eles o tocassem, que bulissem em nada” (linha 26). Observamos a consideração e o valor que o Sem-Pernas desenvolve pelo brinquedo e pelo seu cargo, cuidando e com “o orgulho de proprietário” (linha 26). Porém ele ainda não sabe ligar e mexer na máquina, seu Nhozinho o ensinará no dia seguinte. O Professor pede então ao Sem-Pernas se eles poderiam voltar e experimentar o Carrossel quando ele tiver aprendido, e este último concede. A felicidade dos meninos é extrema: “muitos bateram palmas, outros gritaram”. Percebemos ao longo de todo o capítulo “As luzes do carrossel” que os capitães da areia desejam apenas um tempo para brincar e desfrutar de um momento que eles nunca vivem, fazendo coisas de crianças, montando no cavalo de madeira e deixando a imaginação os levar pra longe.

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