TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Dom Casmurro, Uma Análise Esclarecedora

Por:   •  7/9/2015  •  Dissertação  •  2.257 Palavras (10 Páginas)  •  738 Visualizações

Página 1 de 10

Dom casmurro, uma análise esclarecedora

(Por Josi Neves)

Dom casmurro é um romance de Machado de Assis, em que a dúvida acerca da traição ou não traição de Capitu paira até hoje, pois no romance temos apenas a versão dos fatos que nos é dada pelo narrador em primeira pessoa e também personagem principal masculino Dom Casmurro, Alcunha dada a Bento por um conhecido que certa vez tentou ler-lhe uns poemas e ele pegou no sono algumas vezes, então o rapaz irritado chamou-lhe Dom Casmurro; ao Bento relatar o ocorrido aos “amigos”, o apelido “pegou”, passaram a chamar-lhe assim.

O tempo da narrativa é cronológico e dá-se em grande parte no século XIX, quando o narrador descreve sua juventude, quando ainda era “Bentinho” e morava na casa de sua mãe na Rua de Matacavalos. Como exemplo vemos algumas datas precisas, que são de suma importância para nos situarmos no tempo e ficarmos a par de certos costumes e como era a sociedade na época narrada: 1857,  José Dias lembra D. Glória sobre sua promessa de mandar Bentinho para o seminário; 1858, Bentinho é mandado para o seminário; 1865, Bentinho e Capitu casam-se; 1872, Bentinho e Capitu separam-se. Para narrar esses fatos de seu passado, o narrador utiliza-se da analepse, anacronia também conhecida como flashback, que é de grande valia para que o narrador possa nos remeter a fatos do seu passado, que é onde se passa a história. No romance em questão, o tempo da narrativa não é o mesmo da narração, o tempo da narração é psicológico, pois não fala em datas específicas, sabemos que nosso narrador já possui uma idade avançada e que se passam alguns bons anos da última data narrada no romance, pois, o que realmente importa é como ele chegou até tal momento e que fatos o tornaram “Casmurro”.

O enredo da trama dá-se a partir da exposição, em que o narrador, Dom Casmurro, apresenta-se ao leitor, conta como recebeu tal alcunha e fala do livro que pretende escrever, cujo nome, “caso não surja outro melhor”, será “Dom Casmurro”; descreve a casa onde mora (espaço onde se situa o narrador) em Engenho Novo, que foi construída com o intuito de reproduzir a que ele morara na infância, em Matacavalos, com o objetivo de atar as duas pontas da vida”, ou seja, para que ele possa reviver os momentos felizes de sua juventude junto a Capitu; mas, nas palavras do narrador, “não consegui recompor o que foi nem o que fui” (capítulo II. p. 2), então ele opta por escrever um livro na esperança de que “talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras...” ( capitulo II. p. 2).

Do capítulo III em diante dá-se a complicação; é neste capítulo que o narrador apresenta os personagens e dá início a narrativa, através da qual pretende atar as duas pontas da vida”. A narração começa, com local e data, “A casa era a da Rua de Matacavalos, o mês de novembro, o ano é que é um tanto remoto, mas eu não hei de trocar as datas à minha vida só para agradar às pessoas que não amam histórias velhas; o ano era de 1857” (capítulo III. p. 2) Bentinho escuta escondido, uma conversa entre José Dias, agregado da família, e D. Glória, sua mãe, que falam sobre a promessa de D. Glória de mandar Bentinho para o seminário para ordenar-se padre... Bentinho até então ainda não havia percebido a dimensão de seus sentimentos por Capitu, mas ao ouvir José Dias falar sobre os dois andarem pelos cantos e o perigo de tal relação, ele se deu conta de que a amava, “Com que então eu amava Capitu, e Capitu a mim? Realmente, andava cosido às saias dela, mas não me ocorria nada entre nós que fosse deveras secreto” ( capítulo XII. p. 10).

A partir do (capítulo CXXIII) dá-se o clímax, através do sentimento de suspeita acerca da fidelidade de Capitu, que se instala na alma de Bentinho quando a vê chorar e olhar para seu amigo Escobar morto no caixão, de uma forma que ele julgou igual a da viúva, Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva”... (capítulo CXXIII. p. 101).   E esse sentimento de dúvida e suspeita só vai aumentando, ao ponto que cresce o pequeno Ezequiel filho de Bento e Capitu, ele o vê cada vez mais parecido com Escobar, com isso alimentando seus delírios de traição.

O desfecho dá-se a partir do penúltimo capítulo do romance, com Dom Casmurro de volta aos dias atuais, falando sobre suas muitas “amigas” e da curta duração dessas “amizades”, pois todas logo se cansavam dele... No último capítulo ele questiona-se sobre o motivo de nenhuma de suas amigas serem capaz de fazê-lo esquecer a primeira, Capitu. “Agora, por que é que nenhuma dessas caprichosas me fez esquecer a primeira amada do meu coração? Talvez porque nenhuma tinha os olhos de ressaca, nem os de cigana oblíqua e dissimulada.” – (capítulo CXLVIII. p. 116).

Capitu era uma menina que chamava a atenção de todos, segundo descrição de Bentinho, era uma “criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia (...). Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam-lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo.” ( capítulo XIII. 12). De acordo com José Dias, Capitu era vaidosa e dada a adulações, tinha “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”, que Bentinho acabou por descrever como “olhos de ressaca”. Capitu, segundo Bentinho, sabia dissimular e sair-se bem de situações embaraçosas, como aconteceu na ocasião de seus dois primeiros beijos, alias em que ela foi quem tomou a iniciativa, e soube como sair-se bem, primeiro diante da mãe e depois do pai.

Talvez tenha sido essa capacidade de Capitu de dissimular, que mais tenha contribuído para as desconfianças de Bentinho acerca de sua fidelidade; mas o fato é que ele era desde menino, uma pessoa extremamente ciumenta, invejosa e de imaginação muito fértil e muitas vezes maldosa. Ele teve sua primeira crise de ciúmes, por assim dizer, quando José Dias foi visitar-lhe no seminário e atendendo seu pedido deu-lhe notícias de Capitu, disse-lhe: “Tem andado alegre, como sempre; é uma tontinha. Aquilo, enquanto não pegar algum peralta da vizinhança, que case com ela...” (capítulo LXII. p. 56). A partir daí Bentinho tem uma crise de ciúmes imaginando Capitu alegre, passeando com outro, recebendo flores... Em outra ocasião a mãe de Bentinho adoece e manda buscá-lo; no caminho para a casa, passa por sua cabeça o pensamento, que sua mãe morrendo ele não precisa mais ser padre, “Mamãe defunta, acaba o seminário.” (capítulo LXVII. p. 600), dando assim amostras de seu caráter no mínimo duvidoso...  Bentinho fica alguns dias em casa com sua mãe, que tem Capitu como enfermeira, pois as duas se aproximaram depois que ele foi para o seminário...

...

Baixar como (para membros premium)  txt (13.2 Kb)   pdf (194.6 Kb)   docx (16 Kb)  
Continuar por mais 9 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com