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FOGO MORTO: UMA ANÁLISE Á LUZ DO PERSONAGEM JOSÉ AMARO

Por:   •  3/5/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.487 Palavras (10 Páginas)  •  717 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS DO SERTÃO

CURSO: LETRAS

FOGO MORTO: UMA ANÁLISE Á LUZ DO PERSONAGEM JOSÉ AMARO

        

Delmiro Gouveia

2015

CÍCERA CORREIA DA SILVA

MARIA ANDRESSA DA SILVA

FOGO MORTO: UMA ANÁLISE Á LUZ DO PERSONAGEM JOSÉ AMARO

Trabalho apresentado ao Curso de Licenciatura em Letras. Disciplina: Literatura de Língua Portuguesa IV. 8º Período, Turma: T.

Orientador: Murilo Alves

Delmiro Gouveia

2015

Fogo Morto: uma análise á luz do personagem José Amaro

RESUMO: ???????????????????

Apresentação da obra e sua contextualização na Literatura Brasileira

Fogo Morto, romance considerado obra prima de José Lins do Rego, é composto por três partes que se relacionam através dos seus personagens, em que o autor os mantém por estratégia nas três histórias, variando apenas de enfoque. Em cada história tem-se um protagonista que juntos compõem o universo de todo o romance. Sendo assim, José Amaro, nosso enfoque neste estudo é o protagonista da primeira parte; o coronel Lula de Holanda, dono das terras do engenho Santa Fé, local onde ocorre toda a narrativa; como segunda parte, e o Capitão Manoel Vitorino, que aparece como protagonista da terceira parte. Trata-se de um romance regionalista do Brasil nordestino do final do século XIX, que aborda as relações existentes num momento em que os engenhos de açúcar vinham passando por uma situação decadente, e pelas tensões entre os grupos sociais envolvidos da época.

Para situarmos a obra em determinado tempo, é interessante frisar com mais clareza que, Fogo Morto é um romance modernista do final do século XIX, época em que o Brasil vivia grandes mudanças no que diz respeito ao seu contexto político, social e econômico, apresentando-se como uma das obras mais importante desse movimento por romper com padrões estereotipados presentes nas obras que o antecedem. Podemos notar tal importância nas palavras do crítico literário, Afrânio Coutinho(1991), quando ele enfatiza que:

                                            “Não há dúvidas de que essa narrativa desempenhou importante papel no quadro do Modernismo brasileiro, sobretudo pela mudança que efetuou na maneira de encarar o elemento regional, substituindo a perspectiva exótica ou ufanista ainda muito em voga nos regionalistas do início do século por uma visão crítica mais madura em que a região passa a figurar problematizada.”

Sobre o que foi supracitado, é interessante frisar que o autor destaca a relevância dessa narrativa para a literatura brasileira, sobretudo pela mudança de enfoque da obra, quando esta deixa em segundo plano a natureza, para dar ênfase a figura do homem, colocando-o no centro da ficção e por optar por uma linguagem menos acadêmica, mais próxima do falar brasileiro.  Ao fazer isso, o autor de Fogo Morto rompe com técnicas usadas por autores regionalistas do início do século XX e constrói uma narrativa multifacetada, isto é, baseada em várias visões de mundo. Isso acontece quando ele escolhe três personagens protagonistas, ao invés de apenas um, cada qual com uma visão diferente da sociedade. Conforme se observa nas palavras de  A. Coutinho ( p.432), quando enfatiza que em Fogo morto “(...) recria-se todo um universo a partir de perspectivas variadas, de vozes que dialogam em tensão e igualdade de condições, e oferece-se um todo muito mais amplo, constituído da existência de vozes, e calcado em uma visão plural relativista de mundo.”

A construção da identidade de José Amaro

Falar da identidade de José Amaro é uma tarefa que nos proporciona várias interpretações, pois leva a pontos que envolvem fatores intersubjetivos e coletivos. Após as reflexões citadas anteriormente, é relevante citar os elementos que influenciam a construção do personagem na composição do o imaginário social, o qual age num ambiente especifico, e por vezes é movido por personagens diversificadas que envolvem o personagem.  Com isso, a presença mitológica na obra constrói um aspecto individual que leva a realidade existente na narrativa, a partir de fatores que levam a conclusão de existência do mito. É por esse viés que será apresentada a identidade do personagem José Amaro, pelo viés que envolve traços físicos e psicológicos, analisando como ocorre construção no processo de construção da narrativa.

Na narrativa, o autor propõe um diálogo difícil entre elementos naturais, fatos reais seguindo uma linha regional. Este universo é expresso na crença do mito, em direção à região que é marcada pelo imaginário social. Esta passagem do universal ao regional ganha maior destaque na obra. Logo, ao centrarmos na questão da identidade de José Amaro, ela se manifesta através da influencia do mito sobre o imaginário de um grupo e da lógica da simpatia de traços que definem o personagem.

Consequentemente, essa influência é marcada na construção da identidade, em que o mito atua diretamente nessa construção, da mesma maneira que os papeis sociais. De acordo com essa linha de pensamento, a problemática da identidade é vista como ponto de relevância, pois está interligada com apontamentos acerca do aspecto mítico e da imaginação. Com isso, é questionável observar essa relação social de José Amaro através do mito do lobisomem para identificar os seus efeitos causados pelo sobrenatural.  

Para compreender o subjetivismo de José Amaro, é útil perceber que se trata de um “eu” possuidor de uma identidade capaz de perpassar por outras formando uma espécie de feixe de identidades, que perpassa para além do “eu” resultando em outros “eus”. Pois o autor da obra apresenta em um único personagem: o mestre artesão, pai de família, homem orgulhoso, suposto lobisomem e etc. Essa pluralização da identidade se completa com o término da obra, quando ele é um homem fracassado e, essa existência se dá através da relação com o espaço sociocultural em que o personagem está incluído.

O Mestre José Amaro é um Seleiro célebre da região, que vive nas terras pertencentes ao Seu Lula. Sua dedicação à profissão aos poucos compromete sua saúde, atribuir-lhe aparência de doente, e ao mesmo tempo é um homem rude ignorante, principalmente com sua mulher e sua filha e sua esposa, vale observar em uma de suas conversas elas: -Nesta casa mando eu. Quem bate soa o dia inteiro, quem está amarelo de cheirar sola, de amansar couro cru? Falo o que quro (...). (Rego, 2010; p.36).  Diante disso, está explícito que o personagem é de difícil convivência com sua família.

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