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Figuras de Linguagem

Por:   •  20/5/2018  •  Artigo  •  2.938 Palavras (12 Páginas)  •  413 Visualizações

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                                FIGURAS DE LINGUAGEM

                                                                        Julia Bonani Barboza[1]

        As figuras de linguagem - também chamadas de figuras de estilo - são recursos usados para ampliar os significados e interpretações existentes em um texto, isto é, torná-lo mais expressivo. As figuras de linguagem são dividas em: figuras de som, figuras de construção, figuras de palavra e figuras de pensamento.

  1.  FIGURAS DE SOM

        Também chamadas de figuras de harmonia, as figuras de som realçam a expressividade do texto por meio da sonoridade. As figuras de som são usadas geralmente para representar sons da realidade (animais, objetos). São figuras de som: aliteração, assonância, paronomásia, onomatopeia.

1.1 ALITERAÇÃO

        A aliteração consiste na repetição consecutiva de fonemas consonantais idênticos ou semelhantes, com o objetivo de ritmar ou intensificar a sonoridade do texto. Exemplo:

“Em horas inda louras, lindas/Clorindas e Belindas, brandas,/Brincam no tempo das berlindas,/As vindas vendo das varandas,/De onde ouvem vir a rir as vindas/Fitam a fio as frias bandas. [...]” (PESSOA, 2002, p.62)

  1. ASSONÂNCIA

        Assim como a aliteração, a assonância é caracterizada pela repetição de termos. Porém, ao contrário da aliteração, na repetição de fonemas vocálicos, principalmente das silabas tônicas. A aliteração é visível no seguinte poema: “Pássaro da lua,/Que queres cantar,/Nessa terra tua,/Sem flor e sem mar? [...]” (MEIRELES, 1942)

1.3 PARONOMÁSIA

        Conhecida popularmente por trocadilho, a paronomásia ocorre quando usa-se palavras parônimas, isto é, de sons parecidos – mas com sentidos distintos - em uma mesma sentença. Exemplo: “A onda/a onda anda/aonde anda/a onda?/a onda ainda/ainda onda/ainda anda/aonde?/aonde?/a onda a onda” (BANDEIRA, 1960)

1.4 ONOMATOPEIA

A última das figuras de som é a onomatopeia, esta consiste na imitação de sons – da natureza, de objetos - por meio de fonemas ou palavras. Exemplo: “[...] E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano.” (ASSIS, 1984, p.59)

2 FIGURAS DE CONSTRUÇÃO

Também denominadas de figuras de sintaxe, as figuras de construção modificam a estrutura sintática do texto por meio da omissão, inversão e repetição. Dessa forma, tornam o texto mais expressivo. As figuras de construção são classificadas da seguinte forma: assíndeto, elipse, zeugma, anáfora, pleonasmo, polissíndeto, anástrofe, hipérbato, sínquise, hipálage, anacoluto, silepse e quiasmo.

  1. ASSÍNDETO

Assíndeto é a figura de linguagem caracterizada pela ligação de orações sem o uso de conjunções, isto é, omissão dos conectivos. Nesse caso, no lugar das conjunções, usam-se os sinais de pontuação. Exemplo: "O céu, a terra, o vento sossegado .../As ondas, que se estendem pela areia.../Os peixes, que   no mar o sono enfreia... /O noturno silêncio repousado...[...]" (CAMÕES, 1616)

2.2 ELIPSE

A elipse consiste na omissão de um ou mais termos da oração, porém pelo contexto em que estes estão inseridos o entendimento se faz possível facilmente. Exemplo: “Na rua deserta nenhum sinal de bonde.” (LISPECTOR, 1999)

2.3 ZEUGMA

Similar á elipse, a zeugma consiste também na omissão de um termo, porém o entendimento da frase também se faz possível pois esse termo já foi anteriormente já citado. Exemplo: “O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô, mineiro/Meu tataravô, baiano [...]” (BUARQUE, 1993)

  1. ANÁFORA

A anáfora ocorre quando há repetição dos termos no começo de frases ou versos. É um recurso muito utilizado em letras de músicas, por exemplo, com o objetivo de enfatizar uma ideia. Exemplo: "É o pau, é a pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho/É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol/É peroba no campo, é o nó da madeira [...]" (JOBIM, 1972)

2.5 PLEONASMO

O pleonasmo caracteriza-se pelo emprego de palavras que resultam em redundância, isto é, o uso excessivo de palavras que possuem o mesmo significado para expressar uma ideia. Existem dois tipos de pleonasmo, o literário e o vicioso.

2.5.1 PLEONASMO VICIOSO

Não sendo caracterizado como uma figura de linguagem e sim um vício de linguagem, o pleonasmo vicioso ocorre quando a repetição das ideias é desnecessária para o entendimento do texto. Exemplo: entrar para dentro, subir para cima, elo de ligação, sair para fora.

2.5.2 PLEONASMO LITERÁRIO

Ao contrário do pleonasmo vicioso, o literário é classificado como figura de linguagem, pois é usado intencionalmente no texto poético para reforçar a mensagem que é transmitida. Exemplo: “[...] Chovia uma triste chuva de resignação [...]” (BANDEIRA, 1967)

2.6 POLISSÍNDENTO

        Em oposição ao assíndeto, citado anteriormente, o polissíndeto é a figura de linguagem caracterizada pela repetição em excesso de conectivos em um texto para dar ênfase na ideia de acréscimo ou sucessão. Exemplo: “[...] Enquanto os homens exercem seus podres poderes/índios e padres e bichas, negros e mulheres/E adolescentes fazem o carnaval... [...]” (VELOSO, 1984)

  1. ANÁSTROFE

Anástrofe é a figura de linguagem configurada pela inversão dos termos originai, ou seja, naturais de uma frase. Exemplo: “[...] À espada em tuas mãos achada/Teu olhar desce./ «Que farei eu com esta espada?» [...]” (PESSOA, 1972, p.27)

2.8 HIPÉRBATO

Semelhante á anástrofe, o hipérbato também consiste na inversão dos elementos da frase. Porém enquanto a anástrofe apenas inverte o sujeito e o predicado das frases, o hipérbato altera toda a estrutura da frase. Exemplo: “Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada/E triste, e triste e fatigado eu vinha./Tinhas a alma de sonhos povoada,/E alma de sonhos povoada eu tinha... [...]” (BILAC, 1978)

2.9 SÍNQUESE

Chamada de hipérbato excessivo a sínquese também consiste na inversão dos termos da frase, porém de forma violenta, quase que impossibilitando o entendimento da frase á primeira vista. Exemplo:

“Tudo se veste de uma igual grandeza/Quando a alma entre guilhões as liberdades/Sonha e, sonhando, as imortalidades/Rasga no etéreo Espaço da Pureza”./“Ó almas presas, mudas e fechadas/Nas prisões colossais e abandonadas,/Da dor no calabouço, atroz, funéreos” (SOUSA, 1993)

2.10 HIPÁLAGE

 A hipálage é caracterizada pela inversão da posição dos adjetivos – fazendo com que uma característica que pertenceria a uma palavra, acaba pertencendo á outra que está mais próxima. Exemplo: “[...] Ai, como essa moça é distraída, sabe se lá se está vestida ou se dorme transparente [...]” (BUARQUE, 1975)

2.11 ANACOLUTO

O anacoluto altera a lógica estrutural da frase por meio de uma interrupção no meio da oração. O termo inicial da frase fica sozinho, ou seja, não liga-se sintaticamente com o resto da frase. Exemplo: “O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu.” (BRAGA, 2002, p.15)

2.12SILEPSE

A silepse acontece quando a concordância dos termos da frase é ideológica, isto é, as ideias de gênero, número e pessoa não estão explicitas no texto - são subtendidas. Exemplo: “Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.” (BILAC, 1919)

3 FIGURAS DE PALAVRA

As figuras de palavra, também chamadas de tropos são o grupo de figuras de linguagem caracterizado por mudar, transpor ou substituir o sentido real da palavra pelo sentido figurado. As figuras de palavras são divididas em: sinédoque, metáfora, comparação, metonímia, catacrese, antonomásia, sinestesia, perífrase e alegoria.

3.1 SINÉDOQUE

A sinédoque é a figura de linguagem caracterizada pela substituição de um termo pelo outro – seja pela substituição da parte pelo todo, da classe pelo indivíduo ou do singular pelo plural. Exemplo: “Só tendo a morte quase certa é que o poveiro não vai ao mar. Aqui o homem é acima de tudo pescador.” (BRANDÃO, 1923, p.14)

3.2 METÁFORA

A metáfora - assim como a sinédoque - consiste na substituição de um termo pelo outro através da comparação, porém não usa conjunções comparativas para tal. Exemplo: “[...] Tua goela é uma fornalha/Teu salto, uma labareda/Tua garra, uma navalha/Cortando a presa na queda [...]” (MORAES, 1991)

3.3 COMPARAÇÃO

        Também chamada de símile, a comparação – como o nome sugere – é a figura de linguagem que compara os termos da oração, assim como a metáfora, porém na comparação faz-se o uso das conjunções comparativas. Exemplo: “Como uma informe nódoa, avulta e cresce/a sombra à proporção que a luz recua” (CORREIA, 1948, p.120)

3.4 METONÍMIA

        A metonímia caracteriza-se pela troca de uma palavra, interdependente, por outra. A troca das palavras é feita de modo que a associação de ideias seja facilmente percebida. Alguns dos usos da metonímia podem ser: o uso da matéria no lugar do objeto, do autor no lugar da obra, da marca no lugar do produto, do nome do proprietário no lugar da propriedade e do continente no lugar do conteúdo. Exemplo: “[...] Devolva o Neruda que você me tomou/E nunca leu [...]” (BUARQUE, 1978)

3.5 CATACRESE

        A catacrese é caracterizada pelo emprego do sentido figurado nas palavras. Resumidamente, utiliza-se a catacrese quando o termo correto para denominar algo é desconhecido. Exemplo: “Usei a cara da lua/As asas do vento/Os braços do mar/O pé da montanha [...]” (ROCHA)

3.6 ANTONOMÁSIA

        Quando se denomina alguém por seus atributos, características, ou referências, ou seja, por uma expressão que não é o nome real desse alguém, mas que facilmente o identifica. Exemplo: “Menino do Rio, calor que provoca arrepio/Dragão tatuado no braço, calção corpo aberto no espaço [...]” (VELOSO, 1968)

3.7 SINESTESIA

        A sinestesia é a figura de linguagem caracterizada pela junção de termos que misturam diferentes sentidos do corpo humano – visão, tato, paladar, audição, olfato. Exemplo: “[...] É uma sombra verde, macia, vã, [...]” (ANDRADE)

3.8 PERÍFRASE

        A perífrase, muito similar á antonomásia - porém a antonomásia é na maioria das vezes usada para se referir á nomes próprios – é a figura de linguagem configurada pela substituição de uma ou mais palavras por outra expressão que caracteriza um atributo marcante sobre determinado termo (ser, objeto ou lugar). Exemplo: “Última flor do Lácio, inculta e bela, [...]” (BILAC, 1964, p. 262)

3.9 ALEGORIA

        A alegoria é a figura de linguagem caracterizada por adicionar um sentido a mais do que o sentido literal de uma palavra. Outra forma de definir a alegoria é como um conjunto de metáforas para descrever um mesmo termo. Ex: “A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimirás, [...]” (ASSIS, 1994, p.8)

4 FIGURAS DE PENSAMENTO

        As figuras de pensamento, como o nome sugere, posicionam-se no campo das ideias, dos pensamentos. Elas tratam do subjetivo, exploram a os significados existentes por trás de determinada expressão. As figuras de pensamento são subdivididas em: antítese, paradoxo, ironia, eufemismo, gradação, hipérbole, prosopopeia, oximoro e apóstrofe.

4.1 ANTÍTESE

        A antítese consiste na aproximação de expressões de sentido contrário, resultando assim, no contraste. Essa aproximação não resulta em contradição entre uma expressão e outra, apenas tem a função de aumentar a expressividade da mensagem que está sendo passada. Exemplo: “Não existiria som/Se não houvesse o silêncio/Não haveria luz/Se não fosse a escuridão/A vida é mesmo assim/Dia e noite, não e sim [...]” (SANTOS)

4.2 PARADOXO

        Análogo á antítese, o paradoxo também caracteriza-se pelo contraste das expressões. No paradoxo as ideias contrastantes podem parecer ilógicas á primeira vista, entretanto do ponto de vista poético tornam-se possíveis verdades. Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver,/é ferida que dói, e não se sente;/é um contentamento descontente,/é dor que desatina sem doer. [...]” (CAMÕES, 1953)

4.3 IRONIA

        A ironia é a figura de linguagem que consiste na interpretação contrária do que está dito na mensagem – usando o tom irônico. Possuindo um humor sutil, a ironia tem como objetivo a ridicularização de alguém ou de alguma situação. Exemplo: “Moça linda bem tratada,/Três séculos de família,/Burra como uma porta:/Um amor. [...]” (ANDRADE)

4.4 EUFEMISMO

        O eufemismo ocorre quando troca-se uma expressão por outra considerada mais sutil, com a intensão de suavizar a mensagem passada. Exemplo: “Quando a Indesejada das gentes chegar [...]” (BANDEIRA, 2012, p.133)

4.5 GRADAÇÃO

        A gradação é caracterizada pela enumeração de ideias, isto é, sequência de palavras, de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax). A gradação tem o objetivo de intensificar uma ideia ou um elemento por meio de uma evolução. Exemplo: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião/Uns cingidos de luz, outros ensangüentados... [...] ” (ASSIS, 2000, p.77)

4.6 HIPÉRBOLE

        Oposta ao eufemismo – que suaviza as expressões – a hipérbole é a figura de linguagem do exagero. O exagero, que caracteriza a hipérbole, é usado para enfatizar a ideia que está sendo passada. Faz com que a ideia fuja da realidade. Exemplo: “Por você eu dançaria tango no teto,/eu limparia os trilhos do metrô,/eu iria a pé do Rio a Salvador... [...]” (FREJAT)

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