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Literatura Brasileira

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Por:   •  22/3/2015  •  4.586 Palavras (19 Páginas)  •  401 Visualizações

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 3

2. ETAPA 1. O BARROCO E A LITERATURA PORTUGUESA 4

3. 1.1. Contexto Histórico ..........................................................................................................4

4. 1.2. Temas frequentes na Literatura Barroca .........................................................................5

5. 1.3. Características do Barroco ..............................................................................................6

6. 1.4. Representantes do Barroco Português .............................................................................8

7. ETAPA 2. O INÍCIO DA LITERATURA PORTUGUESA: TROVADORISMO.......12

8. 2.1. Contexto histórico .........................................................................................................12

9. 2.2. Comparativo entre Cantigas Trovadorescas e composições da MPB ...........................16

10. ETAPA 3. O AUTO DA BARCA DO INFERNO E SUA CORRELAÇÃO COM OS DIAS ATUAIS ........................................................................................................................17

11. ETAPA 4. PROPOSTAS DE REDAÇÃO SOBRE A RELAÇÃO ENTRE PODER ECONÔMICO E INSPIRAÇÃO ARTÍSTICA 18

12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................19

13. ANEXOS

INTRODUÇÃO

Denominamos Literatura de Portugal (literatura portuguesa) a literatura escrita no idioma português por escritores portugueses. Fica excluída, no âmbito deste trabalho, a literatura portuguesa de expressão brasileira, assim como as literaturas de outros países falantes de língua portuguesa, e também as obras escritas em Portugal nas línguas distintas do português, como o latim e o castelhano.

No presente trabalho abordaremos o Trovadorismo e o nascimento da expressão literária de Portugal; a literatura camoniana e a formação da identidade nacional portuguesa; além de fazermos uma análise comparativa entre a obra de Gil Vicente – O Auto da Barca do Inferno – e os personagens encontrados na sociedade dos dias atuais.

ETAPA 1 – O BARROCO E A LITERATURA PORTUGUESA

1.1. Contexto Histórico

Após o Concílio de Trento, realizado entre os anos de 1545 e 1563 e que teve como consequência uma grande reformulação do Catolicismo, em resposta à Reforma protestante, a disciplina e a autoridade da Igreja de Roma foram restauradas, estabelecendo-se a divisão da cristandade entre protestantes e católicos.

Nos Estados protestantes, onde as condições sociais foram mais favoráveis à liberdade de pensamento, o racionalismo e a curiosidade científica do Renascimento continuaram a se desenvolver. Já nos Estados católicos, sobretudo na Península Ibérica, desenvolveu-se o movimento chamado Contrarreforma, que procurou reprimir todas as tentativas de manifestações culturais ou religiosas contrárias às determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Companhia de Jesus passa a dominar quase que inteiramente o ensino, exercendo papel importantíssimo na difusão do pensamento aprovado pelo Concílio de Trento.

O clima geral era de austeridade e repressão. O Tribunal da Inquisição, que se estabelecera em Portugal para julgar casos de heresia, ameaçava cada vez mais a liberdade de pensamento. O complexo contexto sociocultural fez com que o homem tentasse conciliar a glória e os valores humanos despertados pelo Renascimento com as ideias de submissão e pequenez perante Deus e a Igreja. Ao antropocentrismo renascentista (valorização do homem) opôs-se o teocentrismo (Deus como centro de tudo), inspirado nas tradições medievais.

Essa situação contraditória resultou em um movimento artístico que expressava também atitudes contraditórias do artista em face do mundo, da vida, dos sentimentos e de si mesmo; esse movimento recebeu o nome de Barroco. O homem se vê colocado entre o céu e a terra, consciente de sua grandeza mas atormentado pela ideia de pecado e, nesse dilema, busca a salvação de forma angustiada. Os sentimentos se exaltam, as paixões não são mais controladas pela razão, e o desejo de exprimir esses estados de alma vai se realizar por meio de antíteses, paradoxos e interrogações. Essa oscilação que leva o homem do céu ao inferno, que mostra sua dimensão carnal e espiritual, é uma das principais características da literatura barroca. Os escritores barrocos abusam do jogo de palavras (cultismo) e do jogo de ideias ou conceitos (conceptismo).

1.2 Temas frequentes na Literatura Barroca

- fugacidade da vida e instabilidade das coisas;

- morte, expressão máxima da efemeridade das coisas;

- concepção do tempo como agente da morte e da dissolução das coisas;

- castigo, como decorrência do pecado;

- arrependimento;

- narração de cenas trágicas;

- erotismo;

- misticismo;

- apelo à religião.

1.3. Características do Barroco

O estilo barroco nasceu em decorrência da crise do Renascimento, ocasionada, principalmente, pelas fortes divergências religiosas e imposições do catolicismo e pelas dificuldades econômicas decorrentes do declínio do comércio com o Oriente.

Todo o rebuscamento presente na arte e literatura barroca é reflexo dos conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista.

1.3.1. A arte da contrarreforma

A ideologia do Barroco é fornecida pela Contrarreforma. Em nenhuma outra época se produziu tamanha quantidade de igrejas, capelas, estátuas de santos e monumentos sepulcrais. As obras de arte deviam falar aos fiéis com a maior eficácia possível, mas em momento algum descer até eles. A arte barroca tinha que convencer, conquistar e impor admiração.

1.3.2. Conflito entre corpo e alma

O Renascimento definiu-se pela valorização do profano, e o gosto pelas satisfações mundanas. Os intelectuais barrocos, no entanto, não alcançam tranquilidade agindo de acordo com essa filosofia. A influência da Contrarreforma fez com que houvesse oposição entre os ideais de vida eterna em contraposição com a vida terrena e do espírito em contraposição à carne. Na visão barroca, não há possibilidade de conciliar essas antíteses: ou se vive a vida sensualmente, ou se foge dos gozos humanos e se alcança a eternidade. A tensão de elementos contrários causa no artista uma profunda angústia: após arrojar-se nos prazeres mais radicais, ele se sente culpado e busca o perdão divino. Assim, ora ajoelha-se diante de Deus, ora celebra as delícias da vida.

1.3.3. O tema da passagem do tempo

O homem barroco assume consciência integral no que se refere à fugacidade da vida humana (efemeridade): o tempo, veloz e avassalador, tudo destrói em sua passagem. Por outro lado, diante das coisas transitórias (instabilidade), surge a contradição: vivê-las, antes que terminem, ou renunciar ao passageiro e entregar-se à eternidade?

1.3.4. Forma tumultuosa

O estilo barroco apresenta forma conturbada, decorrente da tensão causada pela oposição entre os princípios renascentistas e a ética cristã. Daí a frequente utilização de antíteses, paradoxos e inversões, estabelecendo uma forma contraditória, dialética. Além disso, a utilização de interrogações revela as incertezas do homem barroco frente ao seu período e a inversão de frases a sua tentativa na conciliação dos elementos opostos.

1.3.5. Cultismo e conceptismo

O cultismo caracteriza-se pelo uso de linguagem rebuscada, culta, extravagante, repleta de jogos de palavras e do emprego abusivo de figuras de estilo, como a metáfora e a hipérbole.

Já o conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, é marcado pelo jogo de ideias, de conceitos, seguindo um raciocínio lógico, nacionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa, com o intuito de convencer e ensinar.

1.3.6. Figuras de estilo mais comuns no Barroco

- Metáfora - retrata a emoção, a sensação, a percepção da realidade.

- Antítese – reflete a contradição do homem da época, seu dualismo (aparência diferente da essência)

- Hipérbole – ideia de grandiosidade, de pompa.

- Prosopopeia: de seres inanimados para dinamizar a realidade

- Símbolos que traduzem a efemeridade e a instabilidade das coisas: fumaças, ventos, neve, chama, água, espuma, etc.

- Frases interrogativa: dúvida e incerteza do homem barroco

- Ordem inversa: além de tornar a frase pomposa, a ordem inversa traduz os meneios de raciocínio. Reflete, por isso, a falta de clareza, de certeza diante das coisas.

1.4. Representantes do Barroco Português

1.4.1. Padre Antônio Vieira

Padre Antônio Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, e representa, sem dúvida, a maior expressão da eloquência sacra de Portugal e um dos maiores escritores de seu século. Foi para a Bahia, ainda pequeno, onde recebeu ordenação sacerdotal e começou a atuar na Companhia de Jesus, que era um movimento cristão de catequização indígena, que discriminava a escravidão pelos colonos, ao mesmo tempo que também utilizava a mão-de-obra indígena.

Antônio Vieira se destacou por ser um pregador facundo, principalmente no que diz respeito aos seus sermões. A respeito destes últimos, eram impregnados de filosofia, o que o levava a se considerar um filósofo que tratava apenas de assuntos cristãos. Por algum tempo esteve politicamente envolvido com a Inquisição, período no qual foi acusado até mesmo de traição por defender, além dos índios, os novos cristãos, principalmente os judeus. Sofreu condenação, dita como branda, por parte da Inquisição: ficou preso por dois anos (1665-1667) e foi impedido de dar palavra. Vieira usou seu dom da retórica para falar com o papa a respeito desta condenação, o qual o absolve de toda censura ainda existente. Logo após, Antônio Vieira foi a Roma, onde assumiu novamente seu papel oratório. Em 1681, decidiu regressar ao Brasil, onde faleceu, em 1697, no Colégio da Bahia.

Podemos dividir a obra do Padre Antônio Vieira em: profecias; cartas e sermões. Este último considerado o destaque da de Vieira. Com aproximadamente 200 sermões, com estilo barroco conceptista, que trata o assunto de maneira racional, lógica e utiliza retórica aprimorada. Um dos seus sermões mais conhecidos é o “Sermão da Sexagésima”, o qual é metalinguístico, já que tem como tema a própria arte de pregar. Além deste, temos alguns outros, como: Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio e Sermão aos peixes.

Sermão da Sexagésima

Padre Antônio Vieira

(...) Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum universum, praedicate omni creaturae: “Ide, e pregai a toda a criatura”. Como assim, Senhor?! Os animais não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bárbaras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de achar homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam de achar homens pedras. (...)

O Sermão de Santo António aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre António Vieira, que toma vários peixes (o roncador, o pegador, o voador e o polvo) como símbolos dos vícios daqueles colonos.

Com uma construção literária e argumentativa notável, o sermão pretende louvar algumas virtudes humanas e, principalmente, censurar com severidade os vícios dos colonos. Este sermão (alegórico) foi pregado três dias antes de Padre António Vieira embarcar ocultamente para Portugal, para obter uma legislação justa para os índios.

Todo o sermão é uma alegoria, porque os peixes são uma metáfora dos homens.

"(...) se se pega ao leme de uma nau da índia (...) a prende e amarra mais que as mesmas âncoras, sem se poder mover, nem ir por diante."

"Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!"

"(...) a virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do leme"

"Está o pescador com a cana na mão, o anzol no fundo e a boia sobre a água, e em lhe picando na isca o torpedo, começa a lhe tremer o braço. Pode haver maior, mais breve e mais admirável efeito? De maneira que, num momento, passa a virtude do peixezinho, da boca ao anzol, do anzol, à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador"

"Esta é a pregação que me fez aquele peixezinho, ensinando-me que, se tenho fé e uso da razão, só devo olhar direitamente para cima, e só direitamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno"

1.4.2. Sóror Mariana Alcoforado

Sóror Mariana Alcoforado foi uma freira nascida em 1640 e tendo sua morte no ano de 1723, nativa portuguesa. A Freira Mariana morava no convento de Nossa Senhora de Conceição, em Beja. Conta-se que ela sempre ficava observando através da janela do convento o exército em treinamento, sua paixão platônica se iniciou destas observações. Soror deparou-se e encantou com a beleza do jovem Noell Bouton de Chamilly, conde, marquês de nacionalidade francesa que lutava em solo português contra os espanhóis, em um período que Portugal estava sobre o domínio totalitário da Espanha.

Portugal tentava recuperar sua independência perdida, e traçava guerra com seus vizinhos espanhóis em uma batalha chamada por: Guerra da Restauração.

A freira diante da coragem de Noell viu-se totalmente encantada, e começou alimentar dentro de si uma paixão platônica, não qual não haveria a menor possibilidade de tornar-se real.

Os dois começaram ter uma ligação forte e pessoal, Noell já sabia da paixão de Sóror Mariana, era algo bonito e puro que vinha crescendo dia após dia. Porém como toda história bonita de amor, sempre algo tenta afastar casais apaixonados, como os dois não foi diferente, o irmão de Noell estava passando por uma enfermidade que fez com que o conde Noell Bouton de Chamilly viesse abandonar a Portugal para ir cuidar do seu irmão, antes de ir, prometeu a sua freira que, ela poderia esperá-lo que quanto menos ela esperasse ele mandaria buscá-la para viver ao seu lado.

Cartas Portuguesas

“Ai de mim! Os meus encontram-se privados da única luz que os animava e só lhes restam as lágrimas; não os tenho usado, senão para chorar incessantemente, desde que soube que estavas decidido a um afastamento que não posso, suportar e me fará morrer em pouco tempo”

Cartas de Amor

“Que há-de ser de mim? Que queres tu que eu faça? Estou tão longe de tudo quanto imaginei! Esperava que me escrevesses de toda a parte por onde passasses e que as tuas cartas fossem longas; que alimentasses a minha paixão com a esperança de voltar a ver-te; que uma inteira confiança na tua fidelidade me desse algum sossego, e ficasse, apesar de tudo, num estado suportável, sem excessivo sofrimento. Tinha até formado uns vagos projectos de fazer todos os esforços que pudesse para me curar, se tivesse a certeza de me haveres esquecido por completo. A tua ausência, alguns impulsos de devoção, o receio de arruinar inteiramente o que me resta de saúde com tanta vigília e tanta aflição, as poucas possibilidades do teu regresso, a frieza dos teus sentimentos e da tua despedida, a tua partida justificada com falsos pretextos, e tantas outras razões, tão boas como inúteis, prometiam ser-me ajuda suficiente, se viesse a precisar dela. Não sendo, afinal, senão eu própria o meu inimigo, não podia suspeitar de toda a minha fraqueza, nem prever todo o sofrimento de agora.”

ETAPA 2 – O INÍCIO DA LITERATURA PORTUGUESA: TROVADORISMO

2.1. Contexto histórico

O Trovadorismo se manifestou na Idade Média, período este que teve início com o fim do Império Romano (destruído no século V com a invasão dos bárbaros vindos do norte da Europa), e se estendeu até o século XV, quando se deu a época do Renascimento.

No que diz respeito ao aspecto econômico, toda a Europa dessa época sofria com as sucessivas invasões dos povos germânicos, fato este que culminava em inúmeras guerras. Nessa conjuntura desenvolveu-se o sistema econômico denominado de feudalismo, no qual o direito de governar se concentrava somente nas mãos do senhor feudal, o qual mantinha plenos poderes sobre todos os seus servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Este senhor, também chamado de suserano, cedia a posse de terras a um vassalo, que se comprometia a cultivá-las, repassando, assim, parte da produção ao dono do feudo. Em troca dessa fidelidade e trabalho, os servos contavam com a proteção militar e judicial, no caso de possíveis ataques e invasões. A essa relação subordinada dava-se o nome de vassalagem.

Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder político e econômico, mantendo-se acima até de toda a nobreza feudal. Nesse contexto, figurava uma visão de mundo baseada tão somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas. Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam sempre à mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos naturais.

Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas, mosteiros, abadias e catedrais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o estilo romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que tange às produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português, denominadas de cantigas.

No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam influência de um tipo de poesia originário da Provença – região sul da França, daí o nome de poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à música e à dança. No que tange à temática elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em:

• Cantigas Líricas: de amor e de amigo

• Cantigas Satíricas: de escárnio e de maldizer

CANTIGAS DE AMOR

O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo.

Cantiga da Ribeirinha

No mundo non me sei parelha,

entre me for como me vai,

Cá já moiro por vós, e - ai!

Mia senhor branca e vermelha.

Queredes que vos retraya

Quando vos eu vi em saya!

Mau dia me levantei,

Que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, desdaqueldi, ai!

Me foi a mi mui mal,

E vós, filha de don Paai

Moniz, e bem vos semelha

Dhaver eu por vós guarvaia,

Pois eu, mia senhor, dalfaia

Nunca de vós houve nem hei

Valia dua correa.

Paio Soares de Taveirós

CANTIGAS DE AMIGO

Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização.

Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar.

Ai flores, ai flores do verde pinho

se sabedes novas do meu amigo,

ai deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado,

ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquele que mentiu do que pôs comigo,

ai deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquele que mentiu do que me há jurado

ai deus, e u é?

(...)

D. Dinis

CANTIGAS SATÍRICAS

De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia duas categorias: a de escárnio e a de maldizer.

Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome da pessoa satirizada.

Ai, dona fea, foste-vos queixar

que vos nunca louv[o] em meu cantar;

mais ora quero fazer um cantar

em que vos loarei toda via;

e vedes como vos quero loar:

dona fea, velha e sandia!...

João Garcia de Guilhade

Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros aspectos.

Roi queimado morreu con amor

Em seus cantares por Sancta Maria

por ua dona que gran bem queria

e por se meter por mais trovador

porque lhela non quis [o] benfazer

fez-sel en seus cantares morrer

mas ressurgiu depois ao tercer dia!...

Pero Garcia Burgalês

2.2. Comparativo entre cantigas trovadorescas e composições da MPB

As cantigas trovadorescas de amor caracterizam-se pelas declarações de amor onde homem se refere à sua amada como sendo uma figura idealizada, distante. O poeta fica na posição de fiel vassalo, fica as ordens de sua senhora, dama da corte, onde esse amor é considerado como um objeto de sonho, ou seja, impossível, que está longe.

Na canção “Amor, I love You” de Marisa Monte, cujo tema central é a saudade, a autora, expõe a visão feminina da saudade e do amor, se declarando a todo momento ao se bem amado.

Deixa eu dizer que te amo

Deixa eu pensar em você

Isso me acalma, me acolhe a alma

Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes

Coisas do meu coração

Passei no tempo, caminhei nas horas

Mais do que passo a paixão

É um espelho sem razão

Quer amor, fique aqui

Deixa eu dizer que te amo

Deixa eu gostar de você

Isso me acalma, me acolhe a alma

Isso me ajuda a viver

Hoje contei pras paredes

Coisas do meu coração

Passei no tempo, caminhei nas horas

Mais do que passo a paixão

É o espelho sem razão

Quer amor, fique aqui

Meu peito agora dispara

Vivo em constante alegria

É o amor que está aqui

(...)

ETAPA 3 – O AUTO DA BARCA DO INFERNO E SUA CORRELAÇÃO COM OS DIAS ATUAIS

O Auto da Barca do Inferno é uma peça teatral, divida em cenas e atos, escrita em 1517. O cenário desta obra é um porto onde se encontram duas barcas, uma leva ao inferno e a outra ao paraíso, uma guiada por um diabo e a outra por um anjo, e sendo da decisão deles quem entra ou não em suas barcas.

Gil Vicente mostra nesta obra os valores da época, fazendo uma sátira social e demonstrando que aqueles que acumulam e não pensam no bem e nas leis de Deus em vida, merecem o inferno como destino.

Ao ver a obra de Gil Vicente com um olhar atual, pode-se fazer diversos comparativos entre os personagens da obra original e personagens que fazem parte do cotidiano dos dias de hoje.

O fidalgo, primeiro personagem a aparecer no Auto, é condenado ao inferno por sua vida de luxúria e tirania. Pode-se relacionar este com um empresário ganancioso, figura muito presente nos dias atuais, que visa apenas o lucro, explorando a mão de obra de seus funcionários.

O terceiro indivíduo a chegar é o parvo (um tolo, ingênuo). O diabo tenta convencê-lo a entrar na barca do inferno; quando o parvo descobre qual é o destino dela, vai falar com o anjo. Este, agraciando-o por sua humildade, permite-lhe entrar na barca do céu. Este personagem pode ser comparado ao trabalhador comum, figura também muito presente na sociedade atual. Este indivíduo, que por conta de sua ignorância sobre a realidade, não percebe que vive uma vida de exploração e ainda se sente agradecido por ter um emprego que mal dar para sustentar sua família.

Diante da crítica que o autor faz à sociedade pode-se dizer que a importância de sua obra está na atualidade da sua temática, uma vez que pode ser adaptada aos dias de hoje com personagens do nosso cotidiano.

ETAPA 4 – PROPOSTAS DE REDAÇÃO: A SIMBIOSE ENTRE PODER ECONÔMICO E EXPRESSÃO ARTÍSTICA.

1. Elabore uma redação argumentativa relacionando “O poder econômico e a inspiração artística” sobre: “A ausência do investimento em prol do movimento artístico na cultura brasileira”.

2. Elabore uma redação dissertativa, refletindo sobre a relação entre poder econômico e inspiração artística no contexto do Renascimento Cultural e Científico do século XIV.

3. Com base no texto abaixo, faça uma redação dissertativa, relacionando o poder econômico e a produção artística, como um dos elementos de transição do medievo para a Idade Moderna.

O Humanismo foi uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento. Como o próprio nome já diz, o ser humano passou a ser valorizado.

Foi nessa época que surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nem servos e nem comerciantes. Com o aparecimento desta nova classe social foram aparecendo as cidades e muitos homens que moravam no campo se mudaram para morar nestas cidades, como consequência o regime feudal de servidão desapareceu. Foram criadas novas leis e o poder parou nas mãos daqueles que, apesar de não serem nobres, eram ricos. O “status” econômico passou a ser muito valorizado, muito mais do que o título de nobreza.

Fonte: www.literaturaeshow.com.br

4. Baseado no texto” Os Lusíadas” de Camões, faça uma redação com análise crítica relacionando o poder econômico e a inspiração artística da época e a desvalorização da arte nos tempos de hoje.

5. Desenvolva características da Arte da época do Classicismo comparando com a Arte contemporânea num texto argumentativo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A RELAÇÃO ENTRE PODER ECONÔMICO E INSPIRAÇÃO ARTÍSTICA

Disponível em: http://llchjvliteratura.blogspot.com.br/2011/11/propostas-de-redacao.html. Acesso em out. de 2014.

LONDERO, Maria Isabel. Entrecruzar de fronteiras, na obra “A rosa do Povo”, de Carlos Drummond de Andrade. 2002.

Disponível em: <http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num3/ass07/pag01.html>. Acesso em out. de 2014.

O BARROCO.

Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/barroco/barroco.php. Acesso em out. de 2014.

O CLASSICISMO

Disponível em: http://www.literaturaeshow.com.br Acesso em out. de 2014.

O CLASSICISMO E 10 PROPOSTAS DE REDAÇÃO.

Disponível em: http://edineialiteratura.blogspot.com.br/2013/11/atps-4.html. Acesso em out. de 2014.

OLIVEIRA, Iranilson Buriti de. Romances de História, História de Romances: o texto literário e os seus usos no cotidiano escolar universitário. 2010.

Disponível em: <http://www.ch.ufcg.edu.br/arius/01_revistas/v16n1-2/03_arius_v16_n1- _mh_01_romances_de_historia_historia_de_romances.pdf>. Acesso em out. de 2014.

O TROVADORISMO.

Disponível em: http://letraspitorescas.blogspot.com.br/2010/03/atps-trovadorismo.html. Acesso em out. de 2014.

SARMENTO, Leila Lauar, Português: Literatura, Gramática, Produção de texto. São Paulo: moderna, 2010. Disponível em: http://gruporomantismo1.blogspot.com.br/

Acesso em: out. de 2014

VICENTE, Gil. O Auto da Barca do Inferno.

Disponível: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action= &co_obra=1815>. Acesso em out. de 2014.

ANEXOS

PLANO DE AULA

TEMA DA AULA: Trovadorismo

CONTEÚDO: Contexto histórico do Trovadorismo; Produção Literária; As cantigas de amor, amigo, escárnio e maldizer.

OBJETIVOS:

• Adquirir conhecimento sobre o contexto histórico do Trovadorismo

• Conhecer as características e os tipos das cantigas do Trovadorescas

• Ampliar competência leitora e escrita, a partir da análise de textos, imagens, vídeos que retratam a produção literária do Trovadorismo.

DESENVOLVIMENTO:

1. ESTRATÉGIAS:

• Apresentação em slide do mapa conceito/explicação

• Leitura e explicação do capítulo sobre o Trovadorismo

• Leitura da cantiga da Ribeirinha

• Análise dos elementos estruturais das cantigas

2. RECURSOS:

• Texto / material distribuído pelo professor

• Computador e data Show

AVALIAÇÃO:

Participação do aluno, produção escrita sobre o trovadorismo, análise das cantigas trovadorescas em comparação às composições da MPB.

RESULTADO ESPERADO:

Espera-se que o aluno:

• Compreenda que a produção literária está interligada aos momentos históricos e sociais

• Conheça a produção literária do trovadorismo

• Seja capaz de identificar as principais características das cantigas trovadorescas

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