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O Alienista Fichamento

Por:   •  21/9/2021  •  Resenha  •  864 Palavras (4 Páginas)  •  196 Visualizações

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O Alienista conta a história do Dr. Simão Bacamarte, grande médico brasileiro e marido da jovem viúva Dona Evarista. O casal vivia na cidade de Itaguaí. O médico era totalmente dedicado a seus estudos, o que o levou a querer trabalhar com os “loucos” e desvendar os mistérios da mente humana. Devido à sua forte influência, o Dr. Simão consegue autorização do governo para construir um grande manicômio na cidade, ao qual chamou de Casa Verde. A partir daí, o médico, em sua obsessão pelo estudo da loucura, passou a internar qualquer um que considerasse o comportamento estranho. Chegou a internar a própria mulher, pois acreditava que a sua vaidade, demonstrada através de sua admiração por vestidos e jóias, era patológica. Desta forma, o povo da Itaguaí se revoltou, organizando uma rebelião liderada pelo barbeiro Porfírio, que, em seguida, acaba destituindo a Câmara de Vereadores. Entretanto, o barbeiro acaba rendendo-se ao Dr. Bacamarte, e quem passa a liderar a rebelião é o barbeiro João de Pina. A Câmara de Vereadores é restituída e a ordem é restabelecida na cidade. Um belo dia, Dr. Simão dá a notícia de que soltaria todos os loucos da Casa Verde, pois chegou à conclusão de que, na verdade, os loucos eram os considerados normais. Assim, passou-se a se internar todos aqueles que se mostravam sãos. Cinco meses depois, deu alta aos pacientes e passou a questionar sua própria condição mental, acreditando que possuía perfeito equilíbrio mental. Desta forma, convocou um conselho de amigos para que opinassem a respeito a seu respeito. Todas foram unânimes ao dizer que o médico possuía perfeito juízo. Frente a esta conclusão, Dr. Simão recolheu a si próprio na Casa Verde, onde faleceu alguns meses depois. Seu velório ocorreu com grande pompa na cidade.

“A saúde da alma, bradou ele, é a ocupação mais digna do médico”. (p.2)

“Ao cabo de quatro meses, a Casa Verde era uma povoação. Não bastaram os primeiros

cubículos; mandou-se anexar uma galeria de mais trinta e sete. O Padre Lopes confessou

que não imaginara a existência de tantos doidos no mundo, e menos ainda o inexplicável de

alguns casos.” (p. 4)

“O principal nesta minha obra da Casa Verde é estudar profundamente a loucura, os seus diversos graus, classificar-lhe os casos, descobrir enfim a causa do fenômeno e o remédio universal. Este é o mistério do meu coração. Creio que com isto presto um bom serviço à humanidade.” (p.4)

“—Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso

extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites

da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí

insânia, insânia e só insânia.” (p.10)

“Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí mas esta opinião fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato; e boato duvidoso, pois é atribuído ao Padre Lopes.” (p. 36)

É interessante notar que, desde o princípio, a grande motivação para o Dr. Simão Bacamarte abrir o manicômio é sua obsessão pelo estudo da mente humana. Já no início da obra, o médico elogia sua esposa somente por aspectos fisiológicos e anatômicos, demonstrando sua fixação no assunto. É notável como ele enxerga não o paciente, o ser humano, mas a doença. E é a partir de um julgamento moral muito particular que ele acaba internando diversos cidadãos, e sempre utilizando a justificativa de que é tudo em prol da ciência. Na verdade, a Casa Verde é um grande experimento para ele, não havendo limites éticos para seus estudos.  Tudo isto corrobora com o início da história da psiquiatria no Brasil, pois as instituições de internação haviam sido criadas com o intuito de isolar os loucos do resto da sociedade. Por muitas décadas, a exclusão destas pessoas ocorria, inclusive, por julgamentos morais da própria família, a qual optava por internar o familiar por considerar algum comportamento desviante. Ainda no século XIX, a medicina se detinha muito na doença e não na pessoa e em suas necessidades humanas. Foi somente na década de 70 que se passou a questionar os métodos de internação e a se colocar em voga os direitos humanos destes pacientes. Até então, o objetivo do manicômio era simplesmente isolar a pessoa para “proteger” a sociedade dos doentes. Estes fatos da história da psiquiatria no Brasil se refletem na obra de Machado de Assis, que também traz a reflexão de “o que é ser normal?”. Outro aspecto interessante é como as pessoas da cidade, inicialmente, idolatravam o médico pelo fato de ele ser renomado. Desta forma, acabava-se aceitando o que ele dizia e seus atos contraditórios.

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