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O Sófocles e Werther

Por:   •  13/2/2019  •  Trabalho acadêmico  •  891 Palavras (4 Páginas)  •  121 Visualizações

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    Uma das características da literatura, especialmente dos livros considerados clássicos, é carregar marcas que encontramos em nossa sociedade. Analisar uma história envolve compreender o momento que ela representa. A seguir, é apresentada uma análise dos heróis encontrados em Édipo Rei (Sófocles) e Os Sofrimentos do Jovem Werther (Goethe).

Édipo Rei é uma peça de teatro grega escrita por Sófocles por volta de 427 a. C. A peça conta a história de Édipo, um bebê abandonado após seu pai, o rei de Tebas, consultar o oráculo e descobrir que o filho seria responsável por sua morte. Com medo, o rei entrega Édipo para ser morto. Entretanto, o bebê é encontrado e adotado por Pólibo, rei de Corinto. Mais tarde, Édipo consulta o oráculo e descobre que seu destino é matar seu pai. Como o jovem pensa que seu pai é Pólibo, decide deixar Corinto para evitar a tragédia. Em suas andanças, Édipo encontra seu pai verdadeiro e, após uma discussão, mata o homem e seus companheiros, sem saber que estava cumprindo a profecia. Édipo continua seu caminho, ainda sem rumo, e chega a Tebas. Lá, ele consegue desvendar um enigma e salva toda a cidade. Assim, Édipo se torna o rei de Tebas, casando-se com sua própria mãe. Entretanto, a maldição que o fizera matar seu pai ainda lhe traria muitas dores.

        No século V a. C., houve uma grande mudança na forma que o homem grego enxergava a sociedade e o papel dos deuses. Era o nascimento de uma sociedade democrática, orientada pela razão. Essa mudança fez com que o homem abandonasse a postura passiva que o fazia responsabilizar os deuses por cada acontecimento na polis. Isso não o fazia desrespeitar os deuses, mas sim relacionar o herói àquele que seria capaz de usar a razão em benefício da coletividade.

        Em Édipo Rei, Sófocles mostra o herói que não aceita o destino imposto pelos deuses e, assim, representa esse período de transição do imaginário grego. Em vários momentos, podemos ver Édipo colocando os problemas da coletividade como se fossem os seus, como no trecho a seguir: “Sei bem que todos vós sofreis, mas vos afirmo que o sofrimento vosso não supera o meu. Sofre cada um de vós somente a própria dor; minha alma, todavia, chora ao mesmo tempo pela cidade, por mim mesmo e por vós todos” (Édipo Rei, 77 – 81). Dessa forma, Sófocles traz um herói racional e coletivo, que usa suas virtudes em prol da sociedade e reconhece que seus fracassos são também o fracasso da polis.

        Podemos fazer um paralelo entre a obra de Sófocles e o livro Os Sofrimentos do Jovem Werther de Johan Wolfgang von Goethe. Este último foi publicado em 1774 e mostra um herói diferente em relação a Édipo. O livro de Goethe conta a história de um homem que escreve cartas a um amigo para expor seu sofrimento gerado por um amor impossível. Charlotte, a amada de Werther, está prometida a outro homem, que Werther julga ser melhor para ela, mas o protagonista precisa lidar com essa paixão que o faz sofrer a ponto de desejar a morte.

        Ao contrário de Édipo, Werther é um personagem cuja história gira em torno de seu próprio sofrimento. Goethe escreve sua obra em meio ao Romantismo, um movimento que começava a tomar forma, trazendo uma cultura de individualidade. Mais do que uma expressão artística, o Romantismo se tornou uma arte do comportamento em que todos passaram a se entender como um “eu”. Essa concepção de individualismo fazia com que o homem fosse responsável por seu destino. Seu sucesso ou seu fracasso eram consequências de suas ações.

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