Olimpíada

Estimado(a) professor(a)!

Agora que o ciclo de oficinas de leitura e escrita com foco em alguns gêneros textuais vai se esvanescendo do calendário da nossa Olimpíada, mais precisamente agora que prosseguimos em etapas de seleção e classificação dos textos inscritos - cuidadosamente gerados em período inicial, importantíssimo e sustentador - penso com alguma cautela sobre o que poderá estar ocorrendo no mais íntimo de cada um de vocês que dedicaram todo este tempo - maior ou menor, com muitas ou algumas dificuldades - para alcançar sucessos.

Do meu silêncio contemplativo, observador e companheiro sinto um tecido de trabalho que engendra, engendrará novos fazeres em tantas escolas pontilhadas na gigante geografia que nos une. Penso, repenso: o que sentirá você agora? Quais as expectativas almejadas? Que saldo obteve por esse precioso experenciar da sequência didática? O que a lida com o gênero textual manejado acrescentou no seu repertório profissional? Afinal, o que valeu a pena? O que se projeta?

Mais uma pausa, um respirar fundo: será que a gente acaba mesmo entendendo e, mais que isso, vivendo pungentemente a importância e o sentido maior desse Projeto no qual se insere esta temporada olímpica, mesmo com sentidos de competição? Você poderá estar se perguntando por que falo assim. Vou dizendo...Neste momento, o das comissões seletivas, podemos ser visitados, mesmo que transitoriamente, por algum sentimento de fracasso ou perda, coisa assim, uma vez que não fomos ou ainda não seremos eleitos para prosseguir no jogo. Será que isso aconteceu com você? Com seu alunos? Será que não é momento de desvelarmos as famigeradas perdas para descobrirmos o tesouro substantivo escondido nesse negror de competitividade que nos corrói, nos enclausura?

Devo dizer cuidadosamente a você que estes aspectos fazem parte da arquitetura do jogo que se insere num projeto formativo maior, sólido. Não é a sua primeira intenção. Veja bem: a grande maioria dos inscritos acaba não prosseguindo para as etapas finais. É só analisar quantitativamente os dados, as fórmulas do regulamento. Mas, o que eu quero dizer mais atentamente, além de você deixar essas pequenas tristezas irem embora, se for o caso, é que você olhe e acolha a ideia central do nosso Projeto: o de possibilitar a você e à sua classe a vivência de uma prática pedagógica de ensino da nossa língua na perspectiva da abordagem dos gêneros textuais e organizada em sequências didáticas. Essa é a nossa proposta. O que moldará a nossa vida de professor.

Assim, posso dizer que o grande lance não começa e nem acaba com a Olimpíada. Nem vale apenas por uma possível subida em pódio imaginário. O feito é mais amplo, profundo. Presentificar-se-á em cada temporada curricular, em cada escola, no coletivo dos educadores irmanados pela língua que nos torna cidadãos, em cada projeto de ensinar a leitura e a escrita com valia. Esse ganho não tem fim nem hora para acabar, não é? Alimenta nossos sonhos. É matéria para nossas ações a se inaugurarem ainda. O que conta é o que virá. Não algo fugaz feito estrela cadente. Mas algo que fica, nos mobiliza para o ainda viver.