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Perto Do Coração Selvagem, Clarice Lispector

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Por:   •  17/2/2015  •  Resenha  •  365 Palavras (2 Páginas)  •  155 Visualizações

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Este é o primeiro romance de Clarice Lispector, e talvez o que se tenha

tornado mais famoso. Publicou-o, em 1944, pela Editora A Noite, quando não

tinha mais que dezessete anos. Álvaro Lins, então o melhor crítico literário do

país, manifestou-se imediatamente, não se furtando a escrever: "Nosso primeiro

romance dentro do espírito e da técnica de Joyce e Virgínia Woolf" — autores

que, de resto, Clarice ainda não lera e, segundo ela própria declarou depois,

jamais viria a ler...

Pode-se dizer que, desde Perto do Coração Selvagem até Um Sopro de

Vida, os contos e os romances de Clarice são momentos privilegiados — que se

cristalizam, através das palavras, em obras — de uma "inspiração" ininterrupta.

Sobretudo porque, para ela, esta palavra não tinha nada a ver com o

sentido meio esotérico de estado de alma abstrato em que a pessoa se deixa

mergulhar e não é conscientemente responsável pelo que faz.

Para Clarice, inspiração era o conjunto inextrincável de situações

existenciais e sociais em que ela se movia ora com amor, ora com ódio, ora com

esperança, ora em desconsolo, e de onde, em permanente confronto consigo

mesma, arrancava suas palavras, inventava suas ficções. Inspiração, portanto, não

lhe aparecia como a fonte onde o poeta, ao beber, se aliena de si e do mundo.

Inspiração era-lhe, ao contrário, o chão seco em que "lavrava", à custa de

muito suor, os seus textos. Sua técnica, embora (ou por isso mesmo...) toda

intuitiva, já neste primeiro romance, é de um rigor implacável. Nada é "contado",

no sentido tradicional do termo, mas escrito: as situações e os personagens

surgem através de metáforas, que se articulam ficcionalmente através do chamado

fluxo da consciência. O enredo, a história provável, constrói-a quem lê; ou seja, a

elaboração do "romance" escapa do texto concreto para desafiar a imaginação do

leitor, que se torna co-autor. Assim, aqui se põe em crise a representação do

mundo com seus códigos unívocos; desmitifica-se a relação do homem com este

mundo através destes códigos; desmonta-se a das pessoas entre si; repele todos os

cânones da linguagem que abala as estruturas em que tais comportamentos se

ossificam; dilacera-se talvez o leitor, mas ao preço de abandonar a contemplação

medíocre do espetáculo

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