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Semantica

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Por:   •  1/7/2014  •  3.131 Palavras (13 Páginas)  •  500 Visualizações

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ILARI, Rodolfo; GERALDI, João Wanderley. Semântica. 3. ed. São Paulo: Ática, 1999.

Um livro de iniciação sobre qualquer disciplina geralmente se inicia pelas definições da disciplina em questão. Desse modo se tratando sobre semântica provavelmente iniciaria com afirmações genéricas como “a semântica e a ciência que estuda a significação” e seguiria expondo uma doutrina supostamente acabada. Os autores duvidam que esse enfoque seja esclarecedor. As posições sobre o que é significação são inúmeras vão desde o realismo á formas do relativismo extremado. A palavra ciência evoca domínios de investigação claramente definidos, a respeito dos quais os cientistas aperfeiçoaram métodos de análise aceitos e elaboraram conhecimentos. Diferente disso a semântica é um domínio de investigação de limites movediços. Semanticistas utilizam conceitos de diferentes escolas e jargões sem medida comum. A oração tem sido descrita nas gramáticas tradicionais como a união de sujeito e predicado. Na lingüística a união de sujeito e predicado não é uma definição perfeita de “oração”. Apesar de sua aparente simplicidade, as noções de sujeito e predicado são bastante difíceis de definir. Ao invés de pensar a oposição sujeito e predicado como uma definição de oração convém que a pensemos como um estereótipo, um molde. Esse molde é a maneira satisfatória ao modo que a maioria das orações é construída. Sempre houve pessoas que não se contentaram em observar que em uma oração completa, se distinguem habitualmente um sujeito e um predicado, mas que procuram o que significa ligar um sujeito a um predicado. Para os estudiosos de Port-Royal, as palavras são sons distintos e articulados de que os homens fizeram sinais para indicar o que se passa em seu espírito. Não é estranho que as palavras sejam classificadas, conforme correspondem a operações ou aspectos de operações mentais, em nomes, verbo e conjunção. Para quem como nós, está interessado em compreender a lógica clássica entendeu a relação sujeito-predicado, a operação lógica a considerar é a formulação de juízos. Expressar um juízo nada mais é que estabelecer uma conexão entre sujeito e predicado, isto é, construir gramaticalmente uma oração. Todo juízo comportaria de maneira análoga, duas ideias e uma conexão, mas essa estrutura abstrata é às vezes ocultada, na língua corrente, pelo fato de que os homens, cedendo a razões de brevidade e concisão, condensam em uma só palavra dois ingredientes do juízo. Port-Royal aponta o verbo como a palavra mais importante da oração, mas os verbos de “sentido pleno”, como chamariam hoje os verbos intransitivos que exprimem ação. São considerados “impuros” no sentido de que incorporam uma função de expressar ideias que não é essencial; o verbo por excelência, sem sobrecarga imprópria, o fato de que a segunda ideia (predicado) convém à primeira (sujeito). A ideia de inclusão de classes, em Port-Royal, reduza-se inclusive a interpretação de frases construídas à base de nomes próprios. A análise que Port-Royal faz da relação sujeito-predicado é satisfatória (da inclusão de Sócrates na classe dos homens e da inclusão da classe dos homens na dos mortais). O que significa ligar um sujeito e um predicado. Essa pergunta toma forma nos escritos do matemático e lógico alemão Gotalob Frege, o enfoque dele se afasta mais do que o de Port-Royal, da estrutura gramatical das orações, Port-Royal propunha para a relação sujeito-predicado uma interpretação que se afasta ocasionalmente da forma visível da oração. Em Frege, os desrespeitos à estrutura gramatical são mais frequentes e mais radicais; na realidade, mostram que para esse autor as orações tem estrutura semântica própria, em grande parte autônoma com respeito à estrutura gramatical. A reflexão de Frege fala sobre a estrutura semântica, não às estruturas gramaticais tradicionais, ele chega a uma análise de oração bastante diferente da de Port-Royal, e afastada das maneiras correntes de encarar a oração. Na oração típica Port-Royal tirava sua coesão da presença de um verbo de ligação estrategicamente localizado entre dois nomes. Em Frege, a coesão resulta do fato de que ela contém uma expressão que embora seja incompleta, ou precisamente por ser incompleta, sugere o preenchimento e antecipa desse modo a forma da oração acabada. A tradição fregeana reservou as essas expressões a denominação de predicados. É próprio dos predicados terem a forma de orações gramaticalmente perfeitas, mas com lacunas. Construímos predicados a partir de orações toda vez que esvaziamos uma ou mais de suas posições nominais. Tanto as expressões referenciais quanto as expressões quantificadoras são sinteticamente apropriadas para preencher as lacunas de um predicado dando origem a orações completas. Numa semântica fregeana entende-se que os termos singulares designam objetos, e os predicados com uma lacuna designam conjunto de objetos. Ligar um termo singular com um predicado de um lacuna é formular a suposição de que o objeto designado pelo primeiro pertence ao conjunto designado pelo segundo. O segundo aspecto a lembrar é que na tradição fregeana, ao completar todas as lacunas de um predicado logramos expressar um pensamento, isto é, um conteúdo que poderá revelar-se verdadeiro ou falso no confronto dos fatos. Uma terceira posição, na análise de expressões complexas de tipo oracional relativamente à relação entre sujeito e predicado. É assumida pela chamada gramática de casos. Entende-se por gramática de casos uma orientação da linguística gerativa derivada dos trabalhos de Charles Fillmore, cujas motivações são bastante complexas. A ideia central da gramática de casos é que subjacente as orações da forma sujeito-predicado estão esquemas semânticos compostos por um verbo e um numero determinado de expressões nominais, a cada uma das quais corresponde um determinado papel ou caso. A construção de uma oração complexa de tipo oracional é uma forma de o falante reelaborar sua experiência na forma de pequenas cenas, sendo os ingredientes de cada uma delas fundamentalmente três; processo, participantes e circunstâncias. De grosso modo os três papéis fundamentais correspondem às três classes principais de palavras: verbo (ou locução verbal); substantivo (ou locução nominal) e advérbio (ou locução adverbial). Na reelaboração linguística das nossas experiências relativas as pequenas cenas, em que recortamos o real, os objetos participantes dos processos assumem normalmente os papeis de: ator, objetivo, beneficiário, instrumental. Os processos sendo diferenciados exigem a adaptação dos papeis que os participantes podem exercer. As orações de processos mentais

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