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Aspectos psicossociais

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Por:   •  15/6/2013  •  Tese  •  1.493 Palavras (6 Páginas)  •  455 Visualizações

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Aspectos psicossociais da convivência de idosas com animais de estimação: uma interação social alternativa

RESUMO

Este estudo buscou apreender as representações sociais acerca das interações com animais de estimação elaboradas por idosas, considerando seus benefícios e riscos. Participaram 200 idosas, distribuídas em dois grupos, de acordo com a convivência ou não com animais de estimação. Aplicaram–se um questionário sociodemográfico e a Técnica de Associação Livre de Palavras, com base nos estímulos–indutores "animal de estimação", "benefícios", "riscos", "saúde", "doença" e "eu mesma". Os resultados mostraram que as idosas que conviviam com animais de estimação ancoraram as representações sociais dos animais nas interações sociais alternativas associadas à carência afetiva humana. Elas expressaram a ausência de riscos no contato com os animais, adotando uma conduta defensiva em relação ao estímulo, direcionada para a busca do equilíbrio mental, numa luta silenciosa para sobreviver à angústia da solidão. Constatou–se que a rede de significados ultrapassou a simples posse de uma mascote e assumiu uma postura concernente aos deslocamentos dos afetos. Foram discutidas as limitações do estudo, sugerindo–se a ampliação da amostra e das técnicas de coleta de dados, como forma de aumentar o seu alcance e a sua aplicabilidade social.

Palavras–chave: Idoso, Animal de estimação, Representações sociais, Técnicas projetivas, Apoio social.

Introdução

O processo de construção do envelhecimento encontra–se inter–relacionado com uma complexa rede de fatores físicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais. A interação desses fatores faz do envelhecimento um fenômeno extremamente heterogêneo e individualizado, que é influenciado por padrões históricos e culturais de uma sociedade.

Nessa fase da vida, inicia–se a perda da intimidade com companhias humanas, a exemplo de cônjuges e amigos, além da separação dos filhos e dos colegas de trabalho e da alteração dos papéis sociais. Todos esses fatores tendem a reduzir a rede de suporte social ao idoso, desencadeando uma solidão constante, que passa a ser fonte de estresse e que pode ser traumática. No contexto contemporâneo, a tendência de viver sem uma companhia humana faz aumentar as interações sociais alternativas, visando à manutenção da saúde e do sentimento de bem–estar. Segundo Ramos (2002), entretanto, o estresse associado à solidão faz que tais interações alternativas contribuam para o surgimento ou o agravamento de doenças físicas e psicológicas.

No que concerne às interações sociais alternativas, diversas pesquisas têm mostrado que os seres humanos, especialmente os idosos, consideram seus animais de estimação membros da família. De acordo com Suthers–McCabe (2001), a relação ser humano–animal é talvez mais forte e mais profunda na velhice do que em qualquer outra idade. Nesse sentido, a interação entre humanos e animais se reveste de um caráter benéfico e dinâmico na medida em que inclui não somente o aspecto da companhia proporcionada pelos animais, mas também as trocas de vivências emocionais, psicológicas e físicas entre as pessoas.

Com base em um levantamento realizado no portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), na MedLine e na SciELO, pode–se observar que são escassas as pesquisas que tratam da relação psicoafetiva entre os humanos e os animais de estimação, e nenhum estudo focalizou a temática vinculada à participação de pessoas idosas. Nos poucos estudos identificados, destaca–se a dominância da abordagem quantitativa em detrimento de uma investigação de cunho qualitativo, que poderia apreender as subjetividades inerentes ao relacionamento psicoafetivo e social que se encontra no cerne da interação entre o ser humano e o animal de estimação.

Nesse sentido, McNicholas e Collis (2001) realizaram uma pesquisa com o objetivo de investigar as subjetividades inerentes ao relacionamento de crianças com seus animais de companhia. Esses autores observaram que, no que tange aos relacionamentos sociais, as crianças citaram os animais de estimação em um nível mais alto do que o existente em certos tipos de relacionamento humano. Assim, os animais foram vistos como fontes de conforto, suportes para a estima e confidentes para um segredo.

Na opinião de Siqueira, Botelho e Coelho (2002), o processo de envelhecimento populacional repercutiu e ainda continua ressoando nas diferentes esferas da estrutura social, econômica e política da sociedade, uma vez que os idosos possuem necessidades específicas para a obtenção de condições de vida adequadas. De acordo com Veras (2003), para além do estudo do perfil demográfico sobre o envelhecimento populacional, faz–se necessário investigar esse processo voltado para uma reflexão sobre as mudanças culturais e sociais resultantes da ampliação do contingente de pessoas idosas. Apesar dessa recomendação, diz o autor, as repercussões das profundas transformações sociais subjacentes ao envelhecimento ainda são pouco contempladas nos estudos especializados sobre a área.

Numa sociedade que envelhece, nota–se, cada vez mais, a presença de animais de estimação nos lares e o papel desempenhado por eles no suporte psicossocial às pessoas. Os animais de companhia proporcionam uma significativa melhoria na qualidade de vida das pessoas, aumentando os estados de felicidade, reduzindo os sentimentos de solidão e melhorando as funções físicas e a saúde emocional. Para Suthers–McCabe (2001), os animais de estimação são companhias íntimas que não oferecem competição e podem ser amados sem o medo da rejeição. Eles promovem experiências estimulantes e inspiram humor e brincadeira. A autoestima das pessoas idosas pode ser aumentada ou restaurada pelo sentimento de que os animais dos quais elas cuidam as amam em troca.

Ademais, essas interações sociais alternativas podem funcionar como um "lubrificante social", na medida em que a presença dos animais acaba servindo de estímulo para a conversa com

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