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O prisioneiro da grade de ferro - prisionalização e reincidência do preso na sociedade

Por:   •  18/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.304 Palavras (6 Páginas)  •  466 Visualizações

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  1. Explique o que é “prisionalização” e qual a relação estabelecida pelo autor entre “prisionalização” e reincidência. Qual o papel da identidade nesse processo.

É a partir da “prisionalização” que as tradições, valores, atitudes e costumes impostos pela população carcerária são apreendidos pelos internos, como uma forma natural de adaptação ou até mesmo de sobrevivência ao rígido sistema prisional [...] A “prisionalização”, na maioria das vezes, ocorre de forma inconsciente. (Barreto, 2006). Ou seja, a prisionalização é o hábito de resiliência por parte dos presos dentro do sistema prisional, se acostumando com a rotina e muitas vezes fazendo o necessário para a sobrevivência lá dentro, de certa forma aceitando e se tornando parte da cultura prisional. A partir da prisionalização a pessoa pode vir a criar hábitos relacionados a prisão mesmo após a liberdade propriamente dita, ou seja, a reincidência criminal estaria indireta ou diretamente relacionada a prisionalização e o que o indivíduo identifica da prisão. Segundo Barreto (2006), [...] mesmo após a libertação, o recluso sofre dificuldades em se adaptar à nova realidade, isso em virtude da assimilação da cultura prisional que muito se diversifica da sociedade liberta; como consequência, há um alto índice de reincidência criminal. A partir do momento que o indivíduo é preso, ele é visto pela sociedade de uma forma diferente, a sua identidade passa a ser constituída a partir da concepção de ex-presidiário, o mesmo sofre dificuldades na inserção na sociedade, tanto nas relações interpessoais, como no trabalho, pois este tem uma má vista vinda da sociedade, o que também possibilita a reincidência ao mundo criminal. Sentimentos como os de insegurança e submissão são revivenciados; a sociedade torna a excluir aquele que já fora excluído, o que aumenta a probabilidade da reincidência do crime, já que o indivíduo não se percebe como parte de um grupo social (Barreto, 2006).

  1. Como o conceito de prisionalização aparece no documentário “O prisioneiro da grade de ferro”?

O documentário mostra a realidade da população carcerária brasileira sem atores e personagens fictícios, em alguns vídeos os próprios detentos aparecem filmando ou aprendendo a lidar com a câmera, mostrando a vivência dessas pessoas, a realidade nua e crua, e que a execução penal seria proporcionar um processo de ressocialização, embora no Brasil não haja essa preocupação com os condenados. O conceito de “prisionalização”, prisonização ou institucionalização, aparece no documentário de várias formas, como regras, normas e princípios da instituição, entre outros, que são cumpridos ou não pelos presidiários que nela se encontram. No início do documentário é mostrado que ao entrar na prisão, os detentos recebem uma cartilha e uma palestra com os direitos e deveres do preso, na qual é usada como uma forma irônica de boas-vindas.

O documentário mostra também as diversas formas de sobrevivência dos detentos e a suas condições sub-humanas, no qual eles viviam. A saúde era notavelmente precária, muitos detentos doentes, e pior, por doenças muitas vezes adquiridas dentro do estabelecimento e sem tratamento adequado, consequentemente, muitos chegavam a óbito. É mostrado também, no documentário, academias em que os detentos praticavam esportes como o boxe, capoeira, também havia um campo de futebol “terrão”, além disso, algumas pessoas sobreviviam de artesanatos, desenhos e pinturas, que muitas vezes eram feitas nas paredes do próprio presídio, havia também comercialização de artesanatos em madeira, confecções de pipas, bolas de futebol entre outros. Todas as atividades, para serem feitas, era preciso que os detentos tomassem iniciativa, pois apesar de haver objetos, materiais para a execução das mesmas, não havia incentivo por parte da instituição, bem como, por diversas vezes os matérias eram insuficientes, sendo necessários que os carcerários usassem os recursos que estavam disponíveis e/ou criassem instrumentos com recursos disponibilizados na instituição, também se torna necessário acentuar que estas atividades e ocupações não eram ofertadas para todos os carcerários. Além das atividades, haviam também vários grupos, um deles de rap, no qual continhas palavras agressivas em suas letras, que eram de autorias próprias, nestas, os cantores relatavam que no Carandiru, não havia ressocialização, mas sim, que eles sairiam daquele local e voltariam para o crime. Um segundo grupo, este de homossexuais, faziam práticas de prostituição dentro da instituição. Outro grupo fabricava cachaça, bem como fazia acontecer o comércio de drogas no interior da instituição, além disso também haviam grupos que praticavam a macumbaria e cultos.A grande falha pode estar fixada nessa questão, pois a maior parte das pessoas que se encontram nessa situação não conseguem enxergar em si uma saída, não conseguem ver além daquilo que eles foram e/ou são, havendo então uma dificuldade enorme quando se trata de ter uma iniciativa própria afim de conquistar outros espaços futuramente. Além de que, os próprios detentos afirmam que se saírem e/ou quando saírem da prisão eles voltaram pro mundo na criminalização, não só os detentos afirmam isso, como também o CPI no qual divulgaram que “No ano de 2008, o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do sistema carcerário divulgou que a taxa de reincidência ficava entre 70% e 80%, dependendo da unidade de federação”. Dependendo das situações do sistema carcerário, o presidiário se torna ainda mais criminalizado dentro na instituição, pois no interior da mesma, acontecem práticas como, venda e consumo de álcool e outras drogas, grupos de facção, macumbaria, prostituição, entre outras, além de que as condições de higiene e alimentação eram precária, tendo como consequência diversas doenças. Por fim, existe também o estigma que ronda a sociedade em geral, que em supremacia não aprova a ressocialização destes sujeitos, pois enxergam nos mesmos apenas o perigo que eles podem oferecer, deixando de lado toda sua história de vida, as oportunidades muitas vezes precárias que essas pessoas tiveram, bem como, não enxergam também possível mudanças, o que faria uma enorme diferença para a recolocação destes sujeitos no meio social.

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