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As Formas Históricas de Intercâmbio Social e Trabalho Associado

Por:   •  29/1/2018  •  Resenha  •  1.765 Palavras (8 Páginas)  •  337 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA E SOCIEDADE

Disciplina: Formas Históricas de Intercâmbio Social e Trabalho Associado

Professor: Dr. Henrique Tahan Novaes

Aluna: Elaine Gomes Lima Brito

RESENHA CRÍTICA

Palmas – TO

2016

Resenha crítica do capítulo 1 da parte 3 do livro: Questão Agrária, Cooperação e Agroecologia, vol. 1, dos organizadores: Henrique Novaes, Ângelo Diogo Mazin e Laís Santos. O capítulo 1 da parte 3 tem como título: A economia política da “revolução verde”, agroecologia e as escolas de agroecologia do MST, têm como organização os autores: Henrique T. Novaes, Laís Santos, João Henrique Pires e Antonio Claudio Prado Fuzer.

Este capítulo faz uma reflexão sobre a economia política da “revolução verde”, o debate da agroecologia e das escolas de agroecologia do MST. O texto é dividido em duas seções. Na primeira os autores trazem uma análise crítica ao denominado fetiche da revolução verde, mostrando a concentração de terra nas mãos de poucos proprietários e de corporações transnacionais, o domínio da produção e distribuição das sementes, tratores, adubos sintéticos e agrotóxicos pelas corporações, além dos inúmeros problemas socioambientais ocasionados por ela: câncer, destruição do sistema imunológico, aumento do desemprego, endividamento dos pequenos produtores etc.

Na segunda seção é apresentada a concepção de agroecologia do MST, conceito este que vai além dos significados de preservação do meio ambiente e/ou de produção orgânica. É importante acrescentar que a entrada da agroecologia na agenda do MST levou a criação de varias escolas “técnicas” de agroecologia.

O primeiro tópico desse capítulo: A ofensiva do capital na agricultura e a produção destrutiva: a economia política da “revolução verde” traz uma configuração de como é denominada a política do golpe verde. Assim, a mesma é configurada pelo roubo e grilagem de terras, assassinato de lideranças, roubo de conhecimento indígena, concentração ou domínio de terra por corporações transnacionais, funções e aquisições no ramo das sementes e agrotóxicos, por uma revolução biotecnológica e pela ausência de autonomia dos pequenos produtores.

Nos últimos 40 anos houve uma drástica reestruturação dos setores de produção de insumos e de transformação industrial, das instituições e mecanismos de financiamento e credito, dos circuitos da comercialização e da estrutura de mercados. As instituições de ensino, pesquisa e assistência técnica foram progressivamente adequadas a esse modelo, com vistas à formação de agrônomos, pesquisadores, especialistas, extensionistas e outros profissionais dentro da filosofia da revolução verde. Nesses exatos 40 anos as corporações agroindustriais consolidaram uma estrutura de poder e dominação no meio rural, guiados pelo tripé semente transgênica, agrotóxicos/fertilizantes sintéticos e maquinas pesadas. Essa fase de mercantilização pode ser denominada de acordo com Shiva (2001) por novo colonialismo, biopirataria e biocolonialismo. O aumento dessa grande produtividade deu origem a doenças, como, a vaca louca, a gripe aviária, a gripe suína, dentre outras. São muitas as consequências da economia política do golpe verde: concentração de terra, aumento do desemprego no campo, degradação dos solos, comprometimento da qualidade e quantidade dos recursos hídricos, devastação de florestas e campos nativos, empobrecimento da diversidade genética dos cultivadores, plantas e animais, contaminação da água e dos alimentos consumidos pela população, aumento das alergias, mortes e invalidez, e aumento da mercantilização e proletarização do campo, além do endividamento dos pequenos produtores e fechamento de escolas do campo, dentre outras. Desde 2008, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

A partir de 1970, os primeiros sintomas da crise de acumulação de capital começaram a aparecer. Diante disso, o capital promoveu uma resposta a essa crise, sendo elas: pressão para a livre circulação do capital financeiro, reestruturação produtiva do campo e da cidade, inovações tecnológicas, expansão em direção a setores e campos ainda não sujeitos a plena mercantilização, implementação de processos de mudança de localização e terceirização das empresas que desmontaram o poder dos sindicatos combativos da era do capitalismo taylorista-fordista e roubo de terras de pequenos produtores, índios, quilombolas etc. Entretanto, o avanço destrutivo do capital e suas facetas tão propaladas pelos liberais se esgotaram. Surgem então, novos movimentos sociais, que tem como objetivo a demanda pela ampliação no estatuto da cidadania. A partir de 1980, começaram a surgir diversos conflitos na América Latina em torno da terra, água, sementes, energia elétrica, petróleo, gás, educação, trabalho, dentre outros. No Brasil, como enfrentamento aos movimentos sociais houve a destruição dos viveiros da Aracruz e as lutas da Via Campesina contra a SyngentaSeeds. Essas lutas ocorreram em reação a destruição das sementes crioulas, ao papel que a ciência e a tecnologia desempenham no sociometabolismo do capital e em função do controle que as multinacionais exercem em todas as dimensões da vida dos trabalhadores.

O tópico 2, do capitulo aqui referenciado tem como titulo a agroecologia para o MST: pra além da agenda verde. É importante ressaltar que para o senso comum a agroecologia é associada ao cuidado da natureza, a ecologia, a proteção do meio ambiente, produção de hortaliças e baixa escala. Porém é sabido dizer de acordo com Caporal e Costabeber (2002) que nenhum produto será verdadeiramente ecológico se a sua produção for realizada a custa da exploração da força de trabalho ou, mesmo que não faça uso de certos insumos, como os agrotóxicos ou estiver utilizando novas formas de esgotamento do solo ou de degradação dos recursos naturais. A agroecologia é entendida como parte estratégica de luta e enfrentamento ao agronegócio, a exploração dos trabalhadores e a depredação da natureza. Os autores ainda afirmam que a agroecologia é vista como inseparável da luta pela soberania alimentar e energética, pela defesa e recuperação de territórios, pela reforma agrária e urbana e pela cooperação e aliança entre os povos do campo e da cidade.  Já para o MST a agroecologia significa o estimulo a pratica agrícola sem a utilização de insumos externos ao lote, sem a utilização dos agroquímicos. O conceito de agroecologia do MST é complexo e diferenciado da análise que reduz o termo a mera proteção do meio ambiente, pois introduz vários elementos que incidem sobre o fenômeno. Porém, nem todos os assentamentos do MST estão fundamentados na agroecologia, parte deles está fundamentada no uso de agrotóxicos, adubos sintéticos e tratores pesados. Tudo isso, por mecanismos diretos e indiretos como a propaganda, a influência de técnicos e agrônomos. A agricultura familiar encontra dificuldades por conviver com profissionais atuando de forma precarizada, poucos técnicos por assentamentos, péssimas condições de trabalho, equipamentos danificados, ausência de formação especifica para a agroecologia e de estimulo as redes de comercialização. Enquanto isso, o Estado proporciona crédito a juros baixos, subsídios, sementes, assistência técnica privilegiada, desenvolvimento de pesquisa dentre outros mecanismos e incentivos para a produção requerida nos padrões da revolução verde. Um dos desafios para agroecologia é o fato de seus produtos serem acessíveis, principalmente, as camadas médias e altas da sociedade. Outro fator importante a acrescentar é que os custos da produção de legumes e hortaliças orgânicas não são muito maiores do que as cultivadas com agrotóxicos. Muito embora, o preço final dos alimentos cultivados com agrotóxicos, transgênicos e adubos sintéticos representam um alto custo ao SUS, aos consumidores que tem que comprar um remédio por terem sido envenenados. Apesar de limitadas no mercado capitalista, as práticas agroecológicas devem ser reconhecidas, a exemplo, tem-se a Bionatur. A Bionatur é uma cooperativa de produção de sementes agroecológicas e vista como a porta de entrada para os assentados para o modelo agroecológico.

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