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Fundamentação Teórica

Por:   •  5/7/2016  •  Resenha  •  1.409 Palavras (6 Páginas)  •  673 Visualizações

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Fundamentação Teórica

Em termos de saúde bucal, atualmente no Brasil ainda se encontra uma situação epidemiológica grave devido as condições sociais e econômicas da população brasileira, o déficit em investimentos na área da saúde, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS) além da falta de informação sobre os cuidados com a saúde, em especial, a saúde bucal.

As condições das características sociais gerais de uma sociedade são, efetivamente, a base para o seu padrão sanitário, assim como a posição de cada indivíduo na sociedade é uma base da sua própria saúde. É nítido o grande diferencial de riscos a que estão cotidianamente submetidos os indivíduos, conforme a sua posição social. Esse gradiente social se manifesta entre os diversos estratos sociais. Algumas características das condições sociais que ocasiona a pobreza e a miséria que ainda se faz presente na maior parte da população mundial se referem a: exposição a agentes biológicos, químicos ou físicos danosos, a deficiência nutricional, o desgaste físico generalizado ou o esforço repetitivo e o estresse no trabalho. Além da maior exposição a riscos, a vulnerabilidade das populações carentes é acrescida pela deficiência no acesso à educação e aos serviços de saúde, o que reduz a sua capacidade de lidar positivamente com esses riscos. Todavia, aspectos como o grau de reconhecimento, o nível de autonomia e de segurança, assim como o balanço entre esforço e recompensa e expectativas, realizações e frustrações que acometem os indivíduos no decorrer de suas vidas também são determinantes sociais, mais sutis e igualmente intensos. (FLEURY-TEIXEIRA, 2009).

Obtendo como base, o fator socioeconômico na saúde bucal pelo estilo de vida do indivíduo, Buss (2000) cita que:

“O componente estilo de vida representa o conjunto de decisões que toma o indivíduo com relação a sua saúde e sobre os quais exerce apenas certo grau de controle”.

O processo saúde/doença não é mais somente um fenômeno biológico e individual, também adquire um caráter social, que se manifesta empiricamente mais claro ao nível da coletividade. Por conseguinte:

A relação entre o processo saúde/doença coletiva e o indivíduo fica então estabelecida, porque este processo determina as características básicas sobre as quais assenta-se a variação biológico-individual. Visto a partir do paciente, significa que sua história social assume importância porque condiciona sua biologia e determina certa probabilidade de adoecer de um modo particular (Costa et al.; s/d).

Sabe-se também que a doença periodontal e a cárie dentária são os problemas no âmbito da saúde bucal que mais atingem a cavidade bucal, e a cárie, por sua vez, o mais comum em crianças. 

O levantamento epidemiológico realizado no Brasil em 1986 relatou que crianças pertencentes a famílias cuja renda era de até dois salários mínimos mensais tinham 43,8% dos dentes com lesões de cárie, ao passo que aquelas pertencentes a famílias com renda mensal acima de cinco salários mínimos apresentavam 22,4% dos dentes cariados. A prevenção da cárie dentária também se mostrou menos eficaz nas faixas de renda mais baixas: 12,5% das crianças entre 6 e 12 anos apresentavam-se livres de cárie no 1º grupo (menos de 2 salários mínimos), em comparação aos 18,2% livres de cárie no 2º grupo, ou seja, aproximadamente 50,0% maior (Brasil, 1988).

No Brasil, ainda são escassos os estudos em saúde bucal que empregam algum tipo de análise espacial. Antunes et al. (2002) cumpriram um estudo epidemiológico testando a associação entre cárie e necessidade de tratamento em crianças de 5 e 12 anos de idade, em diferentes áreas da cidade de São Paulo. Observou-se que as crianças nos distritos centrais da cidade apresentaram menores prevalências de cárie e de necessidade de tratamento quando comparadas às crianças nas áreas periféricas da cidade. Também foi observada uma correlação entre as áreas com piores indicadores sociais (renda familiar, taxa de desemprego, número de pessoas por cômodo na residência e um índice de iniquidade da distribuição de renda) e maior prevalência de cárie. Distritos com maior privação social apresentaram maior risco para a cárie.

Já em relação ao ambiente que se vive, o fator socioeconômico também influencia diretamente à saúde bucal de crianças. Alguns trabalhos realizados (Freire et al., 1996; Battelino et al., 1997) justificam a íntima relação entre o nível socioeconômico e cultural e a prevalência de cárie de uma população.

Freire et al. (1996) observa a interferência do padrão socioeconômico na prevalência de cárie dentária em pré-escolares da cidade de Goiânia (Goiás). A população analisada foi de 2267 crianças, na faixa etária entre 0 e 6 anos, frequentadoras de creches públicas e particulares. Os resultados relataram a precocidade do início da manifestação da cárie, sendo que até 1 ano de idade, 96,4% das crianças permaneceram livres de cárie. Aos 2 anos, 87,3%, aos 3 anos 69,9%, aos 4 anos 49,5%, aos 5 anos 36,1% e aos 6 anos 29,4%. Portanto, a prevalência de cárie aumentou com a idade e existiu uma correlação altamente significante com o padrão socioeconômico, sendo que a prevalência de cárie nas crianças de escolas públicas foi maior do que nas de escolas particulares.

Não sendo apenas um problema socioeconômico apresentado na população brasileira, na cidade de Córdoba, Argentina, Battelino et al.(1997) analisaram a participação de diversas variáveis na incidência de cárie dentária em um estudo longitudinal (1 ano) com 820 crianças de 4 a 5 anos de idade, frequentadoras de creches privadas e públicas. Tanto a prevalência quanto a incidência de cárie, bem como os índices de higiene bucal, estiveram inversamente relacionados com o nível socioeconômico das crianças. Mesmo que o consumo diário de açúcar tenha sido maior nas crianças de nível sócio econômico III (proletariado e sub proletariado), ele se correlacionou fracamente com a experiência de cárie. A adoção de medidas preventivas, como a escovação supervisionada e a aplicação tópica de flúor, reduziu a incidência de cárie no grupo III em níveis semelhantes aos encontrados no nível sócio econômico I (empresários e gerentes). Os autores demonstraram uma forte desigualdade na severidade da doença cárie dentária em pré-escolares, em função das condições socioeconômicas familiares e concluíram que medidas preventivas e educativas podem ser muito eficazes, principalmente nos grupos socioeconômicos menos favorecidos.

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