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Efeito Estufa Em Hidrelétricas

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Por:   •  3/4/2014  •  2.220 Palavras (9 Páginas)  •  731 Visualizações

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dezembro de 2004 • CIÊNCIA HOJE • 41

Gases de efeito estufa

em hidrelétricas da Amazônia

Quem abre uma garrafa de refrigerante vê minúsculas bolhas emergirem

do líquido. Nesse caso, o gás carbônico (CO2)

está dissolvido na água, que compõe a maior parte

da bebida. A solubilidade do gás é mais alta sob

pressão na garrafa fechada do que quando ela é

aberta, de acordo com o princípio químico conhecido

como Lei de Henry, que estabelece que a solubilidade

de um gás em um líquido é diretamente

proporcional à pressão parcial do gás. Os mergulhadores,

vale lembrar, estão familiarizados com o

fato de que a queda súbita de pressão pode liberar

bolhas de nitrogênio no sangue, pondo em risco a

vida daqueles que sobem rapidamente à superfície

da água.

No caso da água que emerge do fundo de uma

hidrelétrica, o efeito da pressão age em conjunto

com o efeito da temperatura (segundo o Princípio

de Le Châtelier, o aquecimento da água também

reduz a solubilidade dos gases nela dissolvidos).

O efeito causado pela liberação da pressão é grande

e imediato, mas requer um curto período de

tempo para que o Princípio de Le Châtelier se

estabeleça e a temperatura se reequilibre.

A diferença de pressão entre uma garrafa de

refrigerante fechada e aberta é pequena se compa-

Os chamados gases-estufa, entre os quais se destacam o dióxido de carbono

e o metano (também conhecido como ‘gás do pântano’), dificultam a dissipação

da radiação refletida pela Terra. Embora a discussão sobre as reais conseqüências

do aumento da concentração desses gases na atmosfera seja polêmica, é provável –

caso as emissões se mantenham nos níveis atuais – que no futuro o planeta enfrente

catástrofes ocasionadas por mudanças climáticas. Ao apresentar neste artigo dados

sobre o lançamento de gases-estufa por hidrelétricas da Amazônia brasileira,

o autor traz importante contribuição para um debate imparcial do tema.

Philip M. Fearnside

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

C L I M A T O L O G I A

rada à pressão no fundo do reservatório de uma

hidrelétrica. A 34,6 m (profundidade das tomadas

d’água das turbinas na hidrelétrica de Tucuruí), a

pressão é alta (aproximadamente três atmosferas).

A 10 m há uma estratificação da água em camadas

de temperaturas diferentes: a água mais fria das

camadas baixas não se mistura com a água mais

quente das camadas superiores, impedindo o movimento

do CH4 (metano) para a superfície.

O METANO

À medida que a profundidade aumenta na coluna

d’água, a concentração de CH4 também aumenta

(figura 1). No reservatório de Tucuruí, a concentração

desse gás a 30 m de profundidade era, em

março de 1989, de 6 mg por litro de água (mg/l),

uma estimativa conservadora para a concentração

nessa época do ano a 34,6 m. O valor sobe para 7,5

mg/l após ajuste para o ciclo anual, com base em

medidas tomadas pela equipe de Corinne Galy-Lacaux

na represa de Petit Saut (Guiana Francesa).

Os dados desse reservatório, onde se tomam

medidas ao longo de todo o ano, são mais comple- 

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C L I M A T O L O G I A

FOTOS P.M. FEARNSIDE

tos que os relativos às hidrelétricas da Amazônia

brasileira. Embora os dados de Petit Saut possam

ser usados para ajustar valores pontuais brasileiros,

com base em números relativos (percentagens),

não se pode lançar mão de valores absolutos por

causa da diferença de idade entre os reservatórios.

Logo que a água emerge das turbinas, a pressão

cai até o nível de uma atmosfera, e a maior parte do

gás nela dissolvido é imediatamente liberada. A água

colhida no fundo de um reservatório e trazida até a

superfície em um frasco de amostragem espuma

feito refrigerante quando ele é aberto. Gases assim

liberados incluem o CO2 e o CH4. Embora presente

na água em menor quantidade que o CO2, o CH4 é

que torna as hidrelétricas uma preocupação no que

se refere ao aumento do efeito estufa.

O

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