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Fatores De Risco Para O AVC

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Por:   •  29/10/2014  •  4.411 Palavras (18 Páginas)  •  1.412 Visualizações

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FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

FATORES DE RISCO PARA O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

FORTALEZA

2013

ALINE LIMA DE SOUSA SANTOS

ALINE LIMA

CINTIA CRISTINA M. DE SOUSA

ÉRICA MURTA

FRANCISCA ERIVANIA M. DE ARAÚJO

FRANCISCO CARLOS LOURENÇO

FRANCISCO DE ASSIS FERREIRA DA SILVA FILHO

JACKSON RODRIGUES DAMASCENO

JOELSON ANGELO VICTOR

LIVIA COSTA

MARIA JANAINA LUZ NEPOMUCENO

FATORES DE RISCO PARA O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

Trabalho científico desenvolvido

durante a disciplina de atividade prática supervisionada

como parte da avaliação referente ao 2º semestre.

Orientador: Prof. Dr. Musse Jereissati

FORTALEZA-CE

2013

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 4

2. OBJETIVOS............................................................................................................ 5

3. METODOLOGIA...................................................................................................... 6

4. DESENVOLVIMENTO............................................................................................. 7

4.1. Alterações Clínicas............................................................................................... 7

4.2. Fraqueza.............................................................................................................. 8

4.3. Distúrbios Visuais................................................................................................. 8

4.4. Perda Sensitiva.................................................................................................... 8

4.5. Linguagem e Fala................................................................................................. 9

5. FATORES DE RISCO PARA O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO.............. 9

5.1.Fator de Risco....................................................................................................... 9

5.2. Hipertensão Arterial............................................................................................ 11

5.3. Diabetes Melito................................................................................................... 11

5.4. Fumo.................................................................................................................. 12

5.5. Fibrilação Atrial................................................................................................... 13

5.6. Raça e Fatores Socioeconômicos...................................................................... 14

5.7. História Familiar.................................................................................................. 15

5.8. Anticoncepcionais Orais..................................................................................... 16

5.9. Migrânea............................................................................................................. 17

5.10. Sedentarismo................................................................................................... 18

6. CONCLUSÃO........................................................................................................ 19

7. REFERÊNCIAS..................................................................................................... 20

1. INTRODUÇÃO

Acidente vascular encefálico refere-se a uma interrupção do fluxo sanguíneo ou da ocorrência de fluxo sanguíneo inadequado para uma área específica do cérebro, que resulta em um distúrbio na circulação cerebral que leva uma redução do aporte de oxigênio às células cerebrais adjacentes ou local do dano com consequente morte dessas células; Começa abruptamente sendo o déficit neurológico máximo no seu início, e podendo progredir ao longo do tempo. Existem dois tipos de acidente vascular, o isquêmico e o hemorrágico.

O AVE pode gerar incapacidades, sendo a qualidade de vida afetada, necessitando de tratamento prolongado na reabilitação.

Estatísticas brasileiras indicam que o AVE é a causa mais frequente de óbito na população adulta (10% dos óbitos) e consiste no diagnóstico de 10% das internações hospitalares públicas. Na América Latina, a taxa de incidência do AVE gira em torno de 150 casos por 100.000 habitantes e as taxas de letalidade variam de 10 a 55. Só no Brasil, o número de vítimas fatais por AVC chega a quase 100 mil pessoas: passou de 84.713, em 2000, para 99.726, em 2010. Atualmente, a doença é responsável pela primeira causa de mortes registradas no país. O Brasil apresenta a terceira maior taxa de mortalidade por AVE entre os países da América Latina e Caribe. A mortalidade nos primeiros 30 dias é de 10%, atingindo 40% no primeiro ano pós-evento. A imensa maioria dos sobreviventes necessita de reabilitação para as sequelas neurológicas consequentes, sendo que aproximadamente 70% não retornam ao seu trabalho e 30% necessita de auxílio para caminhar. Apesar de ocupar o primeiro lugar no ranking geral de óbitos, a taxa de mortalidade por AVC na faixa etária que considera esses óbitos como mais evitáveis – isto é, até os 70 anos de idade – reduziram 32,6% entre 2000 e 2010. Nesta faixa, o índice caiu de 27,3 para 18,4 mortes para cada 100 mil habitantes, o que representa uma redução média anual de 3,2%. Em 2010, foram registrados 33.369 óbitos de pessoas com até 70 anos, por AVE.

2. OBJETIVOS

• Esclarecer a população sobre o que é acidente vascular encefálico e seus fatores de risco.

3. METODOLOGIA

• Pesquisa bibliográfica;

• Visita à unidade de AVE do Hospital geral de Fortaleza.

4. DESENVOLVIMENTO

Acidente vascular encefálico é caracterizado pela interrupção do fluxo sanguíneo de um vaso cerebral ocasionando perda das funções neurológicas. Essa interrupção do fluxo sanguíneo é causada por uma placa aterosclerótica ou trombose, levando a um aumento da pressão de CO2, e diminuição da pressão de O2, redução da viscosidade do sangue, hipertermia/hipotermia e aumento da pressão intracraniana. Pode Haver comprometimento das artérias carótidas, artérias vertebrais, principais vasos intracranianos ou da microcirculação.

O acidente vascular isquêmico consiste na oclusão de um vaso sanguíneo que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica do cérebro, interferindo com as funções neurológicas dependentes daquela região afetada produzindo uma sintomatologia ou déficit característicos.

O Acidente vascular encefálico isquêmico assemelha-se ao infarto do miocárdio, visto que a patogenia consiste em perda de suprimento sanguíneo para o tecido. (BRUNNER, 2012).

O acidente vascular encefálico hemorrágico, como o próprio nome sugere, existe hemorragia local, quando há ruptura de algum vaso sanguíneo, com outros fatores complicadores tais como aumento da pressão intracraniana, edema (inchaço) cerebral, entre outros.

4.1. ALTERAÇÕES CLÍNICAS

Os sinais e sintomas dos AVEs são os mais variados. Qualquer alteração neurológica que apareça de maneira súbita pode ser consequência de um AVE. Os achados mais comuns são: fraqueza de membros, dificuldade para caminhar, alterações na fala, alterações visuais, parestesias (formigamento) pelo corpo, tonteiras e vertigens. Em alguns casos, ocorre rebaixamento do nível de consciência, podendo o paciente entrar em coma. No caso das hemorragias intracranianas a manifestação clínica pode ser uma forte cefaleia, de início agudo. Em algumas vezes, a principal causa do retardo na procura de auxílio médico se dá em decorrência dos sintomas se apresentarem de maneira sutil.

4.2. FRAQUEZA

Início súbito de uma fraqueza em um dos membros (braço, perna) ou face é o sintoma mais comum dos acidentes vasculares cerebrais. Pode significar a isquemia de todo um hemisfério ou apenas de área pequena e específica. Podem ocorrer de diferentes formas apresentando-se por fraqueza maior na face e no braço do que na perna; ou fraqueza maior na perna do que no braço e na face; ou ainda a fraqueza pode se acompanhar de outros sintomas. Estas diferenças dependem do local da isquemia, da extensão e da circulação cerebral acometida.

4.3. DISTÚRBIOS VISUAIS

A perda da visão em um dos olhos, principalmente aguda, alarma os pacientes que geralmente os levam a procurar avaliação médica. O paciente pode ter uma sensação de “sombra” ou “cortina” ao enxergar ou ainda pode apresentar cegueira transitória (amaurose fugaz).

4.4. PERDA SENSITIVA

A dormência ocorre mais comumente junto com a diminuição da força (fraqueza), confundindo o paciente; a sensibilidade é subjetiva, portanto somente o paciente é quem pode descrevê-la.

4.5. LINGUAGEM E FALA

É comum os pacientes apresentarem alterações de linguagem e fala; assim alguns pacientes apresentam fala curta e com esforço, acarretando muita frustração devido à dificuldade para falar; alguns pacientes apresentam outra alteração de linguagem, falando frases longas fluentes, mas que não fazem sentido, com grande dificuldade para compreensão da linguagem por parte das pessoas que o escutam. Familiares e amigos podem descrever ao médico este sintoma como ataque de confusão ou estresse.

5. FATORES DE RISCO PARA O ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

5.1. FATOR DE RISCO

Chama-se fator de risco qualquer situação que aumente a probabilidade de ocorrência de uma doença ou agravo à saúde. Um fator de risco refere-se a aspectos de hábitos pessoais ou de exposição ambiental, que está associado ao aumento da probabilidade de ocorrência de alguma doença. Uma vez que os fatores de risco podem ser modificados, medidas que os atenuem podem diminuir a ocorrência de doenças.

A maior parte dos conhecimentos atuais sobre fatores de risco para AVE é oriundo do Estudo de Framingham, um dos maiores estudos epidemiológicos já conduzidos, que tem como fatores de risco determinantes: idade, sexo, altos níveis de colesterol, pressão arterial sistólica e diastólica, presença ou não de diabetes melitos e presença ou não de tabagismo. Podemos definir dois grupos de fatores de risco, sendo eles modificáveis ou não modificáveis. Entre os fatores não modificáveis o principal deles é a idade havendo clara relação do envelhecimento com o risco de AVE. O risco de AVE começa a se elevar por volta dos 50 anos e dobra a cada década. Outros fatores não modificáveis são a hereditariedade, o sexo e a raça, sendo que o sexo masculino e a raça negra apresentam maior incidência de AVE isquêmico (BRASIL, 2012).

Entre os fatores de risco modificáveis, a hipertensão arterial é o principal deles acarretando um aumento superior a três vezes a incidência de AVE. Diabetes é também um fator de risco claramente definido, apresentando uma relação direta com um controle glicêmico. Tabagismo é outro fator de risco, aumentando o risco relativo a 50%. A interrupção de tal hábito reveste o risco para o de uma pessoa não fumante em 2-4 anos. Sedentarismo, estresse, obesidade, uso de anticoncepcional oral, são também fatores de risco identificados. Há dislipidemia é um fator de risco para a doença coronariana e obstrução de carótidas. Segundo a Revista Brasileira de hipertensão “... estudos evidenciaram que a redução dos níveis de colesterol pode levar há um aumento da frequência de AVE hemorrágico, provavelmente por interferir na resistência da membrana plasmática”. Níveis de homocisteína distúrbios hematológicos como há depanocitose, deficiência de vitaminas C proteínas C e antitrombina III, além de outros, são fatores de risco mais raramente presentes devendo ser considerados na analise individual de cada caso, principalmente nos pacientes jovens. Vale ainda salientar o risco potencial de AVE em procedimentos hemodinâmicos em cirurgias cardiológicas. A tabela a seguir mostra alguns fatores de risco modificáveis e não modificáveis:

Tabela 1 – Fatores de risco para AVE

RISCOS MODIFICÁVEIS RISCOS NÃO MODIFICÁVEIS

HIPERTENÇÃO IDADE

DIABETES SEXO

FIBRILAÇÃO ATRIAL RAÇA

OUTRAS DOENÇAS CARDIACAS

HEREDITARIEDADE

DISLIPIDEMIA

SEDENTARISMO

5.2. HIPERTENSÃO ARTERIAL

A hipertensão arterial ou pressão alta é o principal fator de risco para o AVC, tanto isquêmico quanto hemorrágico. Pessoas com hipertensão arterial têm chances de quatro a seis vezes maiores do que não hipertensas de terem um AVC. Ao longo do tempo, a hipertensão leva à aterosclerose e ao enrijecimento das artérias. Isso, por sua vez, pode levar a bloqueios ou obstruções de vasos sanguíneos e também ao enfraquecimento das paredes das artérias, o que pode resultar em ruptura. O risco de AVC é diretamente proporcional aos níveis de pressão arterial.

O risco imposto pela hipertensão é maior para insuficiência cardíaca e AVE, mas nos países do hemisfério norte-ocidentais, a doença coronariana é mais comum e letal. Ainda não está claro se a pressão diastólica elevada ou hipertensão sistólica isolada apresentam riscos distintos, mas a excessiva valorização da pressão diastólica para avaliar risco pode ser inadequada na idade avançada. A avaliação da relação entre hipertensão sistólica isolada e outros fatores de risco com subtipos de AVE isquêmico e hemorrágico em idosos demonstrou associação de idade, fumo, diabetes, pressão sistólica elevada, baixo colesterol HDL e anormalidades eletrocardiográficas com incidência aumentada de AVE genérico, AIT, ou AVE isquêmico. Ambas pressões sanguíneas podem conferir risco significativo, mas a sistólica sobrepujou a diastólica.

A prevalência estimada de hipertensão no Brasil atualmente é de 35% da população acima de 40 anos. Isso representa em números absolutos um total de 17 milhões de portadores da doença, segundo estimativa de 2004 do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Cerca de 75% dessas pessoas recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) para receber atendimento na Atenção Básica (BRASIL, 2013).

5.3. DIABETES MELITO

Pacientes com diabetes têm um risco aumentado de apresentarem um AVE. Vários estudos demonstraram que diabéticos apresentam um risco maior de um AVE quando comparados a não diabéticos, independente da presença de outros fatores de risco. De uma maneira geral, o risco de doença cardiovascular (incluindo o AVE) é cerca de duas vezes e meia maior em diabéticos do que em pacientes sem diabetes.

O diabetes é um importante fator de risco para o desenvolvimento de doença cerebrovascular, especialmente infarto cerebral aterotromboembólico. Os mecanismos etiopatogênicos de AVE e AIT nos diabéticos se devem a alterações da hemodinâmica cerebral, à hiperglicemia e a outros fatores de risco associados. O diabetes constitui risco para AVE por mecanismos aterogênicos diretos e por interagir com outros fatores de risco, como hipertensão e hiperlipidemia. Diversos estudos de coorte identificaram hipertensão, doença cardíaca e sintomas e sinais de AVE mais frequente em diabéticos. Entre estes diabéticos, o AVE ocorreu mais em jovens do sexo masculino. Parece ser o segundo fator de risco mais importante para AVE, após a hipertensão arterial, havendo potencialização de risco pela combinação de diabetes, hipertensão e dislipidemia. Entre diabéticos, o risco relativo de AVE é em torno de 4 para homens e de 6 para mulheres. A mortalidade em relação à população geral é 4 vezes maior para homens e 5 vezes para mulheres, com risco atribuível na população de 18% para homens e 22% para mulheres.

5.4. FUMO

Estudos demonstram que o tabagismo é um importante fator de risco para AVE. A fumaça do cigarro pode produzir diversos efeitos nas artérias do cérebro levando a danos importantes. Além disso, o tabagismo é também um fator de risco para doenças do coração como o infarto do miocárdio. Fumar aumenta a pressão arterial, diminui a capacidade de realizar exercícios físicos e aumenta o risco de formação de coágulos sanguíneos. Mulheres que fumam e tomam anticoncepcionais têm um risco aumentado de AVE em muitas vezes.

O estudo de Framingham foi um dos primeiros a demonstrar a associação entre fumo e tipo de AVE, número de cigarros fumados e o efeito de parar de fumar. Parar de fumar reduz o risco de forma já significativa após 2 anos, atingindo o patamar de não-fumante em 5 anos. Fumantes leves retornam

a valores de não-fumantes, mas fumantes pesados permanecem com o dobro do risco. O fumo contribui independentemente para a incidência de AVE com maior risco para hemorragia subaracnóide, seguido por infarto cerebral. Os fumantes pesados mostram risco relativo de AVE 2 a 4 vezes maior que não fumantes. Trocar cigarro para cachimbo ou charuto confere pouco benefício, pois fumantes secundários ainda apresentam risco aumentado similar ao de fumantes leves.

A coexistência de fumo e hipertensão potencializa o risco de doença cerebrovascular. Assim, espera-se maior benefício de parar de fumar em fumantes pesados que são hipertensos.

5.5. FIBRILAÇÃO ATRIAL

A fibrilação atrial é uma arritmia cardíaca em que ocorre movimentação irregular dos átrios (câmaras superiores do coração), cujo músculo começa a agir sem coordenação e deixa de executar a contração muscular, que é responsável por levar sangue aos ventrículos (câmaras inferiores do coração), prejudicando seu funcionamento.

É uma doença que pode ou não ter sintomas, mas os mais comuns são: palpitação (aceleração do coração), fadiga, cansaço aos esforços, falta de ar, desmaios, tontura e dor no peito.

Em casos mais graves, a fibrilação atrial pode provocar a formação de coágulos no coração, que podem se desprender e provocar o entupimento de artérias (embolização) em diversas partes do corpo, principalmente no cérebro. Esse entupimento pode causar um acidente vascular encefálico ou trombose em outros locais (rim, intestino, braços, pernas e outros). A chance de um portador de fibrilação atrial ter um AVC é 5 a 7 vezes maior do que a população normal.

A fibrilação atrial (FA) é importante causa de morbidade e mortalidade na população. Sua prevalência dobra a cada década de idade, de 0,5% aos 50 a 59 anos a quase 9% aos 80 a 89 anos, sendo 1,5 vezes mais incidente em homens. Hipertensão e diabetes foram preditores independentes de FA, mas fumo o foi somente em homens. Cardiopatias, especialmente isquêmica recente e hipertensão, são fortemente associadas com maior risco de FA. Sem tratamento anticoagulante, pacientes com doença reumática valvular mostram risco anual de AVE de 4%. A presença de FA sem outros fatores de risco concomitantes ou doença cardíaca estrutural propicia menor risco. Uma metanálise demonstrou que anticoagulação oral reduz em 64% o risco de AVE. O valor dessa terapia em pacientes com mais de 75 anos de idade é menos clara porque existe maior risco de complicações hemorrágicas. A varfarina em baixas doses com aspirina não reproduz os efeitos da anticoagulação plena. A anticoagulação monitorizada com doses ajustadas pelo índice normalizado internacional (INR) tem se mostrado muito segura.

5.6. RAÇA E FATORES SOCIOECONÔMICOS

Taxas de incidência de primeiro AVE têm sido determinadas em diferentes populações caucasianas. Estudos em populações negras são difíceis de interpretar em função de inconsistências metodológicas. Nos EUA, a incidência de AVE entre negros foi duas vezes maior, assim como a mortalidade do AVE também foi maior nas pessoas negras tanto nos EUA como na Inglaterra. Na Inglaterra, a associação entre etnia e incidência de AVE em imigrantes caribenhos e nos residentes com menos de 75 anos também foram identificadas. A incidência de AVE, ajustada para idade-padrão da população europeia, foi de 1,25 por 1.000, sendo menor que a descrita 10 anos antes (1,6 por 1.000), encontrando-se dentro da variabilidade registrada na Europa e Nova Zelândia. A hemorragia intracerebral primária foi o subtipo cuja razão de incidência negro: branco é maior, mas negros mostraram mais relação com todos os subtipos. Diferença de classe social entre etnias poderia contribuir para esses achados, já que não se controlou para classe social na imensa maioria dos estudos sobre incidência de AVE em negros. Apesar de se ter tentado controlar no estudo de Londres, vários problemas metodológicos persistiram, mantendo-se a associação entre etnia e incidência de AVE. Embora o nível socioeconômico possa ter um papel na mortalidade por AVE entre os negros, maior parte ou todo excesso de risco pode dever-se a outros fatores. Influência de fatores genéticos, fisiológicos e comportamentais merece investigação. Maior prevalência de hipertensão e diabetes entre pessoas negras que entre brancas tem sido descrita, assim como diferente predisposição genética para hipertensão. Diferenças étnicas isoladas nesses fatores de risco, no entanto, não parecem contribuir para o risco elevado de AVE entre os negros. Apesar das taxas de caso-fatalidade ser comparáveis em estudos europeus, elas não sustenta o papel de diferenças étnicas para a sobrevida de AVE. Identificou-se maior prevalência de hipertensão, hipertrofia ventricular esquerda, obesidade, álcool e fumo entre negros e hispânicos que brancos nos Estados Unidos. O menor grau de controle de hipertensão nestes grupos étnicos poderia ser uma explicação, mas isto tem sido observado. Em todos os grupos socioeconômicos.

5.7. HISTÓRIA FAMILIAR

Embora história familiar de AVE seja geralmente percebida como marcador importante para risco de AVE, existe grande variabilidade de achados e poucos estudos epidemiológicos que avaliaram essa hipótese. História familiar de hemorragia subaracnóide foi identificada como fator de risco importante para essa hemorragia, mas não para hematoma intracraniano e infarto cerebral. Fatores genéticos apresentam papel importante na patogênese da hemorragia subaracnóide, sendo a história familiar o fator de risco independente mais forte. A prevalência de AVE foi de 5% nos indivíduos com história paterna de AVE e de 4% entre os com história materna, comparativamente a 2% naqueles sem qualquer tipo de história. O risco foi independente de inúmeros fatores de risco, tais como idade, etnia e gênero, colesterol, fumo, doença cardíaca coronariana, hipertensão e diabetes. A maior ocorrência de hipertensão e AVE foi observada nos pais de probandos hipertensos comparados com cônjuges, sugerindo que alguns dos fatores genéticos predisponentes a essas condições podem ser os mesmos e que exista um componente familiar de AVE independente de hipertensão. Apenas recentemente, o AVE passou a ser considerado como um traço complexo e não como uma mera consequência da hipertensão, sendo o resultado da interação entre diversos fatores genéticos e ambientais. Em modelos com ratos espontaneamente hipertensos e propensos ao AVE evidenciou-se ser o AVE geneticamente determinado e que fatores como pressão arterial e dieta têm apenas papel permissivo. Descreveu-se que o gene de codificação do peptídeo atrial natriurético, ligado à base genética do AVE em ratos, é um determinante de AVE em seres humanos.

5.8. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS

Os anticoncepcionais orais (ACOs) são fatores de risco independentes para AVE isquêmico e hemorrágico, nas mulheres que fumam, que têm mais de 35 anos de idade ou que tenham história de hipertensão, mas esse risco diminui nas que usam formulações de doses mais baixas (<50g estrógeno)63. Mulheres que usam ACO de baixa dose não mostram aumento do risco de AVE, mas estudos complementares ainda são cabíveis, com controle a outros fatores de risco e aferição do uso de ACO no passado65,66. Entre mulheres com migrânea, o risco para uso atual de ACO de baixa dose foi 2,1 (IC 95%, 1,2-3,6) para AVE isquêmico e 2,2 (IC 95%, 0,8-5,4) para hemorrágico. O risco de AVE hemorrágico associado a ACO ainda está menos definido que para AVE isquêmico. Em estudo da Organização Mundial da Saúde, o uso atual de ACO associou-se com risco de AVE hemorrágico aumentado para hipertensas e levemente aumentado para mulheres com menos de 35 anos, sendo mais significativo nos países desenvolvidos mas não na Europa. O uso passado de ACO não associou-se com risco. Estima-se que em torno de 13% de todos os AVEs nas mulheres com idade entre 20 e 44 anos na Europa e países desenvolvidos, são atribuídos ao uso de ACO. A terapia de reposição hormonal pós-menopausa associou-se com redução da incidência de doença cardíaca coronariana em estudos observacionais, mas em relação a AVE, a maioria dos resultados foram inconclusivos. Estudos recentes mostram, consistentemente, elevação de risco de tromboembolismo venoso, nas mulheres pós-menopáusicas usando estrógenos orais. Poucos estudos foram realizados para avaliar os verdadeiros efeitos do regime combinado sobre coagulação sanguínea e fibrinólise, assim como o impacto da rota de administração do estrógeno na hemostasia. A reposição hormonal com estrógenos e progestágenos orais pode resultar em ativação da coagulação e aumento de ação fibrinolítica. A adição de progestágeno não parece atenuar os efeitos cardioprotetivos da terapia estrogênica pós menopausa. Esse uso não foi associado com aumento ou diminuição no risco de AVE, o que parece ser consistente com a maioria da literatura69,70. A terapia de reposição hormonal mostrou efeito preventivo para AVE em mulheres mais velhas, mas os intervalos de confiança do estudo foram muito amplos, havendo necessidade de mais investigações. A via transdérmica não parece ter efeito substancial sobre a hemostasia. O papel para a rota de administração foi levantado, especialmente para mulheres com risco para doença trombótica, já que usuárias de reposição oral podem ter maior risco de tromboembolismo venoso.

5.9. MIGRÂNEA

A migrânea (enxaqueca) é um fator de risco para AVE isquêmico. Migrânea clássica (com aura) pode apresentar mais risco que a migrânea simples (sem aura). Parece ser um fator de risco de base para AVE, que também age como precipitante agudo, porque alguns pacientes têm AVE durante uma crise de migrânea (AVE migranoso). A ocorrência relativa desses dois tipos de AVE na migrânea não é bem conhecida. A interação entre ACO e predisposição de AVE foi proposta por Bickerstaff, pois observou-se aumento de risco de AVE isquêmico em mulheres com migrânea que usavam ACO74. Um dos pressupostos de Bickerstaff era de mudança de padrão de migrânea antecedendo AVE naquelas que iniciavam ACO. Recomendou-se que mulheres deveriam parar de tomar ACO se suas cefaléias mudassem de simples (sem aura) para clássica (com aura)69,79. A história pessoal de migrânea foi associada ao aumento da razão de chance ajustada para AVE isquêmico, mas não para hemorrágico. As chances para AVE isquêmico associado com migrânea clássica não foram maiores que com migrânea simples. Em relação à interação com ACO, alguns estudos mostram efeitos multiplicativos da chance de AVE isquêmico puramente associado à enxaqueca80, ou para AVE isquêmico associado com migrânea e ACO de alta dose ou fumo. Outros, ainda, não observam risco diferenciado para AVE isquêmico (trombótico) ou hemorrágico para a interação migrânea/ ACO. Quanto ao tipo de migrânea, uma avaliação de AVE indiferenciado em homens e mulheres com menos de 45 anos identificou apenas migrânea clássica como risco provável. Em uma coorte de homens médicos, enxaqueca, indiferente de tipo (simples ou clássica), associou-se com AVE indiferenciado e isquêmico. Apesar dos conceitos de Bickerstaff sobre a mudança do tipo de migrânea precedendo o evento vascular, nenhuma evidência imperiosa foi encontrada, e taxas de conversão de migrânea simples para clássica observadas em casos de AVE e seus controles foram as mesmas. Uma grande proporção de mulheres que usa ACO também fuma e a razão de chance de para AVE isquêmico entre mulheres migranosas que usam ACO e fumo é preocupação considerável80. Mulheres européias com migrânea apresentam risco 3 vezes maior para AVE isquêmico, nas quais até 40% dos AVEs parecem se desenvolver diretamente da crise de migrânea (AVE migranoso). Com base nesses dados, os autores sugerem que mulheres com migrânea devem ser fortemente aconselhadas a não fumar e a manter a pressão arterial controlada.

5.10. SEDENTARISMO

A hipótese de que o sedentarismo está associado ao risco aumentado de AVE em homens e mulheres foi avaliada em diferentes estudos. Uma investigação epidemiológica realizada nos EUA mostrou associação de baixa atividade física recreativa e não recreativa nas mulheres brancas com idade entre 65 e 74 anos com maior risco de AVE, ajustado para os demais fatores de risco. Outro estudo foi realizado em uma amostra de base populacional maior e a atividade física (esporte, lazer e trabalho), classificada por escores, mostrou correlação inversa com incidência de AVE. Ajustes adicionais para variáveis intermediárias reduziram a associação e maior atividade física mostrou apenas fraca associação com redução do risco de AVE isquêmico de forma independente.

6. CONCLUSÃO

O Acidente vascular encefálico é uma das doenças que mais matam no Brasil, e é uma das que exigem maior conhecimento por parte dos profissionais de saúde. Atualmente, a cada ano que passa cresce o número de casos de AVE. De acordo com o grau da doença, ele pode apagar parte da rede de neurônios, e gerar sérias sequelas motoras e de raciocínio entre outros, fazendo com que algumas pessoas fiquem totalmente ou parcialmente dependentes de cuidados de terceiros, sejam eles familiares ou profissionais de saúde.

O paciente após um AVE experimenta sentimentos de isolamento e impotência decorrente da situação de ameaça à sua integridade biológica, psicológica e social, dessa maneira preservar a qualidade de vida no evento pós AVE é imprescindível para que o paciente possa superar seu quadro clínico e emocional instaurados. São diversas e variadas as dificuldades, e perdas impostas pelo evento do AVE como a mobilidade, capacidade cognitiva e de comunicação.

Observamos que, dentre os fatores de risco encontrados, a hipertensão arterial é sem dúvidas o fator de risco mais frequente nos pacientes acometidos pelo AVE. Entretanto, ressalta-se que apesar da maioria dos pacientes hipertensos relatarem ter recebido orientações sobre os prejuízos da hipertensão arterial, poucos faziam uso de medicamentos para controlarem a pressão, isso em algumas vezes se deve ao pouco grau de escolaridade do paciente, com isto apresentam maior dificuldade em aderir ao tratamento aumentado assim o risco do desenvolvimento do AVE. Para que isso não ocorra, o profissional de saúde deve criar meios, que facilitem o entendimento do paciente, sobre os horários e quantidade de medicamento que ele deve tomar.

Portanto, controlar a pressão arterial, parar de fumar, realizar atividades físicas regularmente e controlar os níveis glicêmicos ajudam a evitar novos casos de AVE.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PORTAL DA SAÚDE. AVC: governo alerta para principal causa de mortes. Disponível em: < http://portalsaude.saude.gov.br>. Acesso em: 12 out. 2013, 14:46:37.

PACTO AVC. Estatísticas e fatos sobre AVC. Disponível em: < http://www.pactoavc.com.br/downloads/>. Acesso em: 12 out. 2013, 15:00:12.

REVISTA BRASILEIRA DE HIPERTENÇÃO. Rio de Janeiro: Ed. Segmento Forma, n.4 Dez. 2000.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DOENÇAS CÉREBROVASCULARES. Acidente vascular cerebral. Disponível em: < http://www.sbdcv.org.br/publica_avc.asp>. Acesso em: 14 out. 2013, 11:23:42.

SALES, Bruna Leite viana. Fatores de risco. In: Assistência de enfermagem ao paciente com acidente vascular encefálico: uma revisão crítica da literatura. Fortaleza, 2012. p 7-8.

NETTINA, Sandra M. Brunner prática de enfermagem. 9 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 2 v.

GUYTON, A.C; HALL, J.E Tratado de fisiologia médica. 11 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

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