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Vida E Obra De Anita Malfatti

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Por:   •  25/8/2013  •  2.818 Palavras (12 Páginas)  •  821 Visualizações

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Anita Malfatti, pintora brasileira, nasceu em São Paulo em 2 de dezembro 1889. Não tinha um berço de ouro, mas também não passava por dificuldades. Nasceu com um defeito congênito que lhe limitava o movimento do braço e da mão direitos. Ao procurar os médicos, sua mãe descobriu que o problema era irreversível e então ensinou Anita, que era destra, a fazer tudo com a mão esquerda. Essa limitação foi marcante para sua personalidade e características emocionais. Seu pai, o italiano católico Samuel Malfatti, era engenheiro e trabalhou em estradas de ferro e na construção civil. Sua mãe, dona Elisabete Eleonora, de nacionalidade americana, de ascendência alemã protestante, era pintora, desenhista, falava vários idiomas e tinha uma sólida cultura, cuidando pessoalmente da educação da filha. Um defeito congênito a tornou uma falsa canhota; trazia sempre um lenço colorido cobrindo a mão direita deformada. Quando criança, uma vez se deitou numa vala por onde passou um trem só para perder o medo; de olhos fechados, tudo o que vê é cores. Acontece a revelação de seu destino: quer ser pintora.

Bem estruturada, Anita não encontrou maiores dificuldades em passar pelo exame de seleção do Mackenzie College, onde fez a Escola Normal e se formou professora, aos 19 anos. Foi então que o destino lhe armou mais uma tragédia. Nem bem se formara e morre-lhe o pai, a quem tinha forte apego, e que era o arrimo da família. A partir de então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, enquanto que, para complementar o orçamento doméstico, Anita começou também a trabalhar como professora. Com a ajuda de um tio e padrinho, Anita pôde viajar para a Europa e Estados Unidos, desenvolvendo sua técnica pictórica de acordo com as tendências contemporâneas, principalmente cubistas e expressionistas. No ano de 1909, pinta algumas obras, entre elas a chamada Primeira tela de Anita Malfatti. Reside na Alemanha entre 1910 e 1914, onde tem contato com a arte dos museus, nesse período também se dedica ao estudo da gravura.

Em setembro de 1910, Anita chegou a Berlim, com o período escolar em andamento, o que impossibilitava inscrever-se numa escola regular, pelo que, passou a tomar aulas particulares no ateliê de Fritz Burger. Teve aulas particulares e tomou contato com o expressionismo alemão. De volta ao Brasil em 1916, fez uma pequena exposição Já no início do ano seguinte, pôde matricular-se na Academia Real de Belas-Artes. O mundo para ela era aquilo, até que, visitando uma exposição da Sounderbund (grupo de pesquisa), tomou contato com a arte dos rebeldes, abandona o academicismo ensinado nas escolas. Fascinada, aproximou-se do grupo e passou a ter aulas, primeiro com Lovis Corinth e depois com Bischoff-Culm, aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal. Regressou ao Brasil em 1914 para, logo em seguida, viajar para os Estados Unidos, terra natal de sua mãe. Matriculou-se na Art Students League, uma associação desvinculada das academias, e, sob a orientação de Homer Boss, teve a liberdade de pintar o que desejasse, com toda a força própria de criação, sem quaisquer limitações estéticas. Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação, no qual Anita pintou O homem amarelo, Mulher de Cabelos Verdes, O Japonês, e vários outros quadros. Foi à consagração de sua arte, no meio de célebres mestres e diante de um público capaz de interpretar a beleza e as emoções contidas em suas obras. Anita estava preparada para voltar ao Brasil. Em 1916, com 27 anos, a pintora estava de volta ao Brasil, adulta e madura, sentindo-se suficientemente segura para expor sua nova concepção de arte, voltada para o Expressionismo. Fiando-se nos comentários favoráveis de amigos e, particularmente, do crítico Nestor Rangel Pestana, assim como nas palavras de incentivo de modernistas como Di Cavalcanti e outros, Anita não hesitou em alocar um espaço nas dependências do Mappin Stores, na Rua Líbero Badaró, onde, em 12 de dezembro de 1917, realizaria uma única apresentação de seus trabalhos. No ano de 1917, foi tomar aulas de natureza-morta com o mestre Pedro Alexandrino Borges, grande paisagista formado pela Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro. Nesta ocasião, conheceu Tarsila do Amaral, tornando-se sua grande amiga. Tarsila foi para a Europa e Anita passou a estudar com outro mestre conservador, Jorge Fischer Elpons (1865-1939), também especialista em naturezas-mortas.

Em dezembro de 1917 realizou em São Paulo polêmica exposição, considerada a primeira mostra de arte moderna no Brasil, apresentando 53 trabalhos. Ninguém, nem mesmo o mais experiente freqüentador do mercado de arte, poderia prever o tiroteio que seria disparado contra a jovem pintora, vindo, não das hostes inimigas, mas das trincheiras amigas, justamente das mãos de um renovador, o escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Em contraposição às fortes críticas de Monteiro Lobato, recebeu o apoio de Oswald de Andrade, Mario de Andrade e Menotti Del Picchia, que saíram em sua defesa, bem como dos princípios da arte moderna. Em torno de seu nome formou-se o grupo de intelectuais e artistas que iria organizar a Semana de Arte Moderna de 1922. Lobato fora, desde o início de sua carreira, um pré-modernista. Irritado com os padrões oficiais de educação e cultura, desvinculou-se das normas padronizadas da literatura, criando um estilo livre, avançado, valorizando a cultura nacional e discutindo temas voltados internamente para os problemas brasileiros. Ao contrário do que se imaginam Monteiro Lobato sequer foi à exposição de Anita Malfatti. Não viu nada e não gostou do que não viu. Mas, em artigo virulento, publicado no jornal «O Estado de São Paulo», depois de criticar as extravagâncias de “Picasso & Cia.”, o escritor apontou as baterias contra Anita, esperando que as balas ricocheteassem, atingindo seu alvo principal, os que eram modernistas companheiros da pintora. Foi uma reação inesperada, que espantou até os que conheciam o destempero do escritor, e inexplicável, pois sua editora havia pouco tempo, publicara um livro do modernista Oswald de Andrade, cuja capa fora desenhada justamente por Anita Malfatti. Usando como título: “Paranóia ou mistificação – A propósito da exposição Malfatti”, Lobato ataca as “escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos de cultura excessiva... produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência” e, depois, explica o título de sua catilinária: Embora se dêm como novos, como precursores de uma arte a vir, nada é mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu como paranóia e mistificação. De há muito que a estudam os psiquiatras, em seus tratados,

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