Os intocáveis

Os Intocáveis

OS INTOCÁVEIS, Eric Toledano e Olivier Nakache, California Filmes, 2012, 112 minutos

O filme retrata a vida de Philippe, que é tetraplégico e procura por um cuidador que o ajude no dia a dia e atenda a suas necessidades básicas em tarefas que são impossíveis para um tetraplégico. Depois de realizada várias entrevistas, ele contrata Driss, um ex-presidiário com dificuldades financeiras e problemas familiares. A partir dessa relação de cuidado entre os dois, nasce um grande processo de aprendizado e uma linda amizade, com isso percebe-se uma relação nos temas: deficiência, amizade, cuidado e humanização.

Ao longo da história é mostrado como os personagens de mundos sociais totalmente opostos se complementam, sendo um com deficiência física e o outro com a deficiência social. Ao longo da comédia, são exploradas diversas piadas de origem política, sexual, religiosa, acarretando muitas vezes críticas de preconceito. No entanto, tais piadas não possuem intenção de ofender, por isso, o foco no filme deve ser centrado nos conceitos morais, éticos, humanitários e na reflexão passada pelos personagens extremamente opostos, porém próximos. Podendo ser recomendado para adultos e jovens, de qualquer etnia e religião.

Apesar de inicialmente Driss não demonstrar interesse pelo trabalho e não ser nada indicado para cuidar de alguém com condições vulneráveis, a sua indiferença com relação à deficiência de Philippe faz com que esse o contrate para ser seu cuidador, uma vez que o cadeirante buscava alguém que não tivesse pena de sua condição e o tratasse normalmente, já que a sociedade o considerava incapaz e inválido. Durante o filme, ambos compartilham seus conhecimentos, Philippe ensina noções de música e arte, e Driss mostra a Philippe como enfrentar suas dificuldades e medos, além de sempre respeitar suas atitudes e vontades. Nesse compartilhamento nasce uma amizade com sentimentos de admiração, afeto e companheirismo.

A partir da convivência de Driss e Philippe, foi possível notar que a verdadeira aprendizagem da vida ocorre através do bom relacionamento social, e não por meio dos estudos e da intelectualidade. Só se relacionando que o indivíduo tem a oportunidade de ser humano. Sendo a história baseada em fatos reais, apenas reafirma os valores ensinados pelo filme e a transformação pessoal que cada um dos personagens sofreu ao longo da história.

A história emocionante do filme pode ser relacionada com a fisioterapia, uma vez que Philippe estava cansado de ser tratado de forma tão “cuidadosa”, logo os pacientes devem ser tratados normalmente para que se sintam mais vivos e normais. A humanização se insere nesse quesito, pois é necessário tratar o paciente com respeito, explicar os procedimentos, saber ouvi-lo. Essa conscientização melhora a relação terapeuta-paciente e só tende a contribuir para a evolução do tratamento.

A sociedade tratando Philippe como frágil e dependente fez com que ele se auto intitulasse como alguém que não conseguisse mais viver sem os cuidados de outra pessoa. Sendo Driss responsável por fazê-lo repensar seus conceitos e encarar suas dificuldades. Nesse caso, o fisioterapeuta tem essa função de erguer o paciente, reabilita-lo e prepará-lo para voltar ao meio social sem pensamentos negativos.

Nesse sentido, os autores Cordeiro e Minayo afirmam “a visão tecnicista continua influenciando a formação dos profissionais de saúde, com o cliente sendo visto como objeto e não como um sujeito da ação dos profissionais de saúde; as ações são centradas no seu corpo, órgão afetado. Na área de saúde, é necessário integrar, na formação de seus profissionais, uma formação humanística”.

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