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AGUA TERCEIRO MILENIO

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Por:   •  21/10/2014  •  3.880 Palavras (16 Páginas)  •  346 Visualizações

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Presente na pauta de todas as agendas de discussão, o tema água, por sua falta ou seu excesso, vem, a cada dia, ocupando mais e mais es­paços na mídia. Conforme a abordagem, é apresentado como causa ou conseqüência de graves problemas, e isso é fundamental no processo de compreensão e de convivência com a questão.

O fato é que o planeta Terra, apelidado pelo compositor Guilherme Arantes de planeta Água, tem dois terços de sua superfície cobertos pelas águas, correspondendo a 360 milhões de km2 de um total de 510 milhões.

São elas, tão imensas e intensas, que causam a morte de pessoas por sede, pelas enchentes ou por contaminação.

No entanto, 98% da água disponível na Terra são salgadas. Os 2% de água doce restantes não estão disponíveis facilmente, estando 68,9% dispostos nas calotas polares e geleiras. A cada ano, a quantidade de água doce vem sendo reduzida devido ao aumento da temperatura, que causa o degelo daquelas áreas e aumenta em 4 milímetros por ano o volume das águas salgadas dos oceanos. A previsão é de que haja aceleração desse processo. Em reservatórios subterrâneos profundos estão 29,9% da água doce, e apenas 1,20/o está nos rios, lagos e demais reservatórios, com um volume aproximado de 136.800 km3.

Outra grande questão é a concentração da disponibilidade, pois a água nem sempre está onde o povo está, parodiando outro artista brasileiro; na verdade, o povo nem sempre se instalou e se multiplicou conforme a disponibilidade hídrica. Questões políticas, culturais e econômicas estruturais levaram e levam a isso. Na China, por exemplo, cuja população é de 1,5 bilhão de pessoas - 25% da população mundial – estão menos de 10% da água potável do planeta. O rio Yane, desde 1985, está secando antes de chegar ao mar, levando à escassez as reservas subterrâneas chinesas, com mais de um terço dos poços já secos.

No oeste da Índia os poços hoje precisam ser escavados em profundidade dez vezes maior para encontrar água, encarecendo o custo ao usuário.

O Japão, com uma população de 126 milhões de pessoas - 2,5% da população total do mundo -, possui 1% da disponibilidade hídrica do planeta.

O Brasil, com 167 milhões de habitantes - 2,8% da população mundial -, ocupa o primeiro lugar, com 12% das reservas mundiais, sendo que três grandes bacias hidrográficas - Amazonas, Paraná e São Francisco, nesta ordem - respondem por 80% desse total.

A Bulgária troca um barril de água por dois de petróleo com o Iraque, e cada vez mais, no Oriente Médio, quando se perfura um poço, o desejo maior é encontrar água e não petróleo.

A Espanha, com seus projetos de barragens e de irrigação e devi­do a outros problemas ambientais, tem reduzido substancialmente o volume disponível para Portugal - estimado em 55% - nos últimos 20 anos, e em algumas áreas os rios chegam a secar.

A escassez e os altos custos têm provocado mudanças no setor industrial, com novas tecnologias que visam reduzir o consumo, reciclar e reutilizar a água. A Alemanha, nos últimos 20 anos, mesmo com crescimento próximo a 50% em sua produção industrial, tem mantido o mesmo consumo de água. Os Estados Unidos o reduziram em mais de um terço, e o Japão, como outros países altamente industrializados, vem criando leis ambientais com multas cada vez mais severas para os poluidores.

A dessalinização da água marinha vem crescendo, apesar dos al­tos custos dos processos existentes e dos resíduos deles provenientes, ainda sem solução ambientalmente adequada. Esse processo ocorre hoje em maior escala em vários países do Oriente Médio, entre eles a Arábia Saudita, que tem a maior reserva de petróleo do mundo e uma grande escassez de água doce.

Se não forem modificadas as atuais práticas de manejo, desperdício e degradação ambiental, que, aliadas ao crescimento populacional, têm reflexos diretos nos recursos hídricos, poderemos ter um colapso das reservas de superfície e das subterrâneas mais rasas, que não conseguirão atender a um incremento de mais 2 bilhões de pessoas até o ano 2025, que demandará aproximadamente 10.300 km3/ano para uma disponibilidade de 9 mil km3/ano de água distribuída de maneira muito diferenciada.

O déficit que se apresenta, sobretudo na Ásia, na África Setentrional e no Oriente Médio, aponta para uma previsão de que nos próximos 25 anos teremos dois terços da população mundial vivendo em condições de escassez de água.

Esse quadro não atingirá somente os países em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, os efeitos do uso indevido da água são sentidos sobretudo no processo de irrigação, que é responsável por mais de dois terços do consumo de água potável no mundo e por 400/o da produção mundial de alimentos. Esse país - que implantou e exportou a famosa Revolução Verde, uso intensivo de água e produtos químicos - vai de­morar a mudar os hábitos de produção, que comprometem a quantidade e a qualidade das águas, afetando, conseqüentemente, também o solo, fazendo-o perder fertilidade.

Outro ponto importante a ser ressaltado são as disparidades de consumo, já que os Estados Unidos têm um consumo médio residencial de 400 litros/hab por dia, enquanto em diversos países da África esse consumo é de 15 litros/hab por dia. O gerenciamento das demandas e ofertas de recursos hídricos nesse contexto pode aprofundar a crise ou promover a sustentabilidade do planeta, o que com certeza implicará um novo modelo de desenvolvimento e novos hábitos de consumo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização das Nações Unidas (ONU) e inúmeros outros organismos internacionais vêm promovendo estudos e encontros de forma a chamar a atenção para o problema, como foi o caso do II Fórum Mundial da Água, que ocorreu em 22 de março de 2000, em Haia, na Holanda.

As ONGs (organizações não-governamentais) e os movimentos sociais no mundo inteiro têm procurado mobilizar e organizar as populações sedentas de água e de justiça em favor de uma sociedade sustentável, fraterna e saudável, porque a crise, quando ocorre, mata de sede primeiro o mais pobre, o já excluído de outros bens, sem vez e voz. Por isso, essa rede de solidariedade que vem se formando é a alternativa à globalizacão econômica dominante, que mata tragicamente por falta de saneamento, nas enchentes, pela ocupação de áreas de risco, pela fome, pela falta de assistência à saúde, pela falta de emprego e de renda.

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