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Agroecologia

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Por:   •  1/3/2015  •  4.109 Palavras (17 Páginas)  •  467 Visualizações

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1. Contextos do Pensamento

1.1 BASES TEÓRICAS

Uma noçao teórica simples, mas importante e que fundamenta a estrutura de um texto cientifico, é a separação entre dois contextos do pensamento: o contexto da criação e o contexto da justificação.

No contexto da criação estão os elementos que gerarão idéias. Esses elementos, esse ambiente, não garantem adequação das idéias geradas. O contexto seguinte, o da justificação, é onde testaremos as idéias geradas possibilitando concluir sobre sua validade. O termo justificação é de uso freqüente na Filosofia para se referir a este segundo contexto. No entanto, a justificação de idéias não garante a verdade delas, de forma que prefiro chamar essa etapa de contexto do teste. O contexto de geração de idéias pode envolver qualquer coisa: um sonho, uma analise critica de conhecimentos, uma observação particular, uma analogia, uma intuição... Enfim, qualquer coisa que lhe permita criar algo novo. Essa idéia deve ser original, oferecer novidade. O contexto da criação ocorre em várias áreas da atividade humana, na Filosofia, na Ciência, na Arte e na Religião. É no segundo contexto, o do teste, que ocorrem as diferenças fundamentais entre essas áreas. O filósofo analisará a argumentação lógica que sustenta a idéia, o artista priorizará os aspectos estéticos, o religioso a confrontará com os dogmas de sua doutrina. O cientista irá contrapor a idéia a coisas observadas, concretas, testando assim suas conseqüências lógicas. Fará testes empíricos na tentativa de derrubar essa idéia e deverá aceitá-la caso não consiga negá-la.

Os motivos que levaram Kekulé ao insight sobre a estrutura do benzeno são ilustrativos. O benzeno é um composto formado exclusivamente por átomos de carbono e hidrogênio (C6H6), líquido incolor extremamente inflamável e extraído da destilação do pixe de carvão vegetal. Foi isolado pela primeira vez em 1825 por Michael Faraday. Mas sua estrutura foi estabelecida por Kekulé em 1865. O próprio Kekulé revelou que seu insight sobre a estrutura do benzeno veio de um devaneio enquanto estava em estágio sonolento à frente de uma lareira. Visualizou longas estruturas de átomos, de diferentes conformações, todas girando e se enrolando como cobras. Foi aí que viu uma das cobras morderem seu próprio rabo, assumindo a forma geométrica fechada usada na estrutura do benzeno. Outras propostas surgiram, mas a de Kekulé resistiu e foi à base mais consistente às poucas modificações incluídas posteriormente. Certamente não foi o ambiente da descoberta que garantiu a adequação e aceitação da proposta de Kekulé, mas sem esse insight não se seguiriam os testes cruciais que validaram a idéia.

1.2. Implicações para a Redação Científica

A estrutura de um texto científico segue exatamente essa divisão do contexto do pensamento. Há razões que levam o autor a propor determinado objetivo, o qual é então testado. O contexto da criação é apresentado no item Introdução, enquanto que o contexto do teste envolve da Metodologia até as Conclusões. Não importa o que originou a idéia, sua aceitação na Ciência só ocorrerá se resistir ao teste empírico, o confronto com a realidade sensível. Apesar desse perfil dos dois contextos do pensamento humano, na Introdução dos artigos. Muitos trabalhos são negados porque os assessores esperam uma melhor "rationale'' para o trabalho, ou seja, melhores justificativas para o objetivo. Isso é incoerente com a base filosófica do processo de geração e teste de idéias. Nenhuma justificativa no contexto da criação garantirá a adequação da idéia gerada. Mais importante do que fundamentar porque nosso Objetivo é plausível, é a justificação da relevancia do tema abordado. Mesmo considerando a irrelevância das justificativas do contexto da criação na validação e aceitação dos objetivos da pesquisa, na prática não funciona assim. A prática da publicação reforça muito a importância de se demonstrar logicamente a adequação da proposta do objetivo. Assim, a redação cientifica exige uma fundamentação forte do objetivo e, portanto, trataremos a estrutura da Introdução segundo esse referencial pratico, mesmo admitindo sua incoerência lógica. Trata- se de um deslize ético sério, pois não se conta a história real para o leitor é uma história mentirosa. O ponto importante num trabalho cientifico não é o que quisemos fazer, mas sim o que conseguimos chegar. A falta do teste realizado não dá outra escolha senão olharmos um pouco mais de perto para o contexto da criação. Mas a análise mais profunda continua recaindo sobre o contexto do teste. Embora incompleto, pois só contém as propostas de teste, e não os resultados, esse contexto é crucial para sabermos se a idéia proposta será adequadamente avaliada.

2. Paradigmas

2.1. Bases Teóricas

A influência marcante do conceito de paradigma na Ciência vem do filósofo Thomas S. Kuhnl. Esse termo era anteriormente mais restrito à gramática e lingüística. É originário de dois termos gregos significando padrão e demonstrar. O que Khun se refere a paradigma é algo mais complexo ele emprega esse termo em 21 sentidos diferentes. Nesse contexto, paradigma será usado como os grandes conceitos, crenças e idéias gerais que guiam nosso pensamento no direcionamento de idéias e práticas específicas. Assim, precisamos entender a estrutura de um paradigma para analisarmos o impacto de idéias mais específicas consolidadas na Ciência sobre a prática científica. Uma das grandes contribuições de Khun foi mostrar a importância da mudança de paradigmas no desenvolvimento da Ciência. Segundo ele, enquanto um paradigma não é derrubado, as idéias se desenvolvem sempre corroborando esse paradigma, período esse que Khun denominou de Ciência Normal. É a Ciência resultante de pesquisas que não questionam os paradigmas. Em oposição, Khun nos fala da Ciência Revolucionária, que é mais pontual, mais rara, responsável pela substituição de paradigmas. Nesse tipo de Ciência o crescimento é incomparavelmente maior, pois fatos antigos começam a ser interpretados sob nova ótica.

Os paradigmas estão intimamente ligados aos nossos conceitos. A forma como lidamos com eles depende de nosso perfil pessoal. Nesse sentido, podemos classificar dois tipos de pessoas de acordo com suas posturas frente aos paradigmas: os pioneiros e os colonos. Inicialmente, vamos definir o que são pioneiros e colonos. Os pioneiros são pessoas com espírito desbravador, que se aventuram nas novidades. Na história, os pioneiros conquistaram territórios, construíram caminhos e descobriram

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