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Agroecologia

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Por:   •  14/9/2014  •  Trabalho acadêmico  •  8.071 Palavras (33 Páginas)  •  410 Visualizações

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Introdução

Altieri (1977), em seu primeiro manual sistemático, a agroecologia foi

definida como sendo “as bases científicas para uma agricultura ecológica”.

Seu conhecimento haveria de ser gerado mediante a orquestração das

visões de diferentes disciplinas para, mediante a análise de todo tipo de

processos da atividade agrária, em seu sentido mais amplo, compreender o

funcionamento dos ciclos minerais, das transformações de energia, dos

processos biológicos e das relações socioeconômicas, como um todo.

Provavelmente, até agora, na caracterização mais acabada de agroecologia,

se desvela, em grande medida, o funcionamento ecológico necessário para

se praticar uma agricultura sustentável (GLIESSMAN, citado por GUZMÁN

CASADO et al., 2000). Isso sem esquecer da eqüidade, ou seja, da busca da

agroecologia a um acesso igualitário aos meios de vida. A integralidade do

enfoque da agroecologia requer, pois, a articulação de suas dimensões técnica

e social (SEVILLA GUZMÁN e GONZÁLEZ DE MOLINA, citado por GUZMÁN

CASADO et al., 2000).

Nos últimos anos, a agroecologia está virando moda, ao ser utilizada

como mera técnica ou instrumento metodológico para compreender melhor

o funcionamento e a dinâmica dos sistemas agrários e resolver a grande

quantidade de problemas técnico-agronômicos que as ciências agrárias

convencionais não conseguem esclarecer. Contudo, essa dimensão restrita –

que está conseguindo bastante espaço no mundo da pesquisa e do ensino

como um saber essencialmente acadêmico – carece totalmente de

compromissos socioambientais. Nessa maneira de entender a agroecologia,

as variáveis sociais funcionam para compreender a dimensão entrópica da

deterioração dos recursos naturais nos sistemas agrários.

Assim, assume-se a importância, mas não se buscam soluções globais

que ultrapassem o âmbito da propriedade ou da técnica concreta que se

encontra em questão. Na realidade, essa adulteração da agroecologia ou

agroecologia fraca não se diferencia demais da agronomia convencional e

não prevê nada, além de uma ruptura parcial das visões tradicionais.

Num sentido amplo, a agroecologia possui uma dimensão integral, na

qual as variáveis sociais ocupam um papel relevante, mesmo porque, partindo

da dimensão técnica anteriormente assinalada e tendo seu primeiro nível de

análise na propriedade agrária, é a partir daí que se pretende compreender

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Agroecologia: Princípios e Técnicas para uma Agricultura Orgânica Sustentável

as múltiplas formas de dependência que o funcionamento atual da política e

da economia provoca nos agricultores. Os outros níveis de análise da

agroecologia (GUZMÁN CASADO et al., 2000) consideram como central a

matriz comunitária em que se insere o agricultor, isto é, a matriz sociocultural

que proporciona uma praxis intelectual e política à sua identidade local e à

sua rede de relações sociais.

A agroecologia pretende, pois, que os processos de transição da

agricultura convencional para a agricultura ecológica, na unidade de produção

agrícola, se desenvolvam nesse contexto sociocultural e político e suponham

propostas coletivas que transformem as relações de dependência anteriormente

assinaladas. Para tanto, a agroecologia – que por sua natureza ecológica se

propõe a evitar a deterioração dos recursos naturais – deve ir além do nível

da produção, para introduzir-se nos processos de circulação, transformando

os mecanismos de exploração social (evitando assim a deterioração causada

à sociedade nas transações mediadas pelo valor de troca).

A agroecologia aparece assim como desenvolvimento sustentável, ou

seja, a utilização de experiências produtivas em agricultura ecológica na

elaboração de propostas para ações sociais coletivas que demonstrem a lógica

predatória do modelo produtivo agroindustrial hegemônico, permitindo sua

substituição por outro que aponte para uma agricultura socialmente mais

justa, economicamente viável e ecologicamente apropriada (GUZMÁN

CASADO et al., 2000).

Isso acarreta importantes implicações. O papel destacado que a análise

dos agroecossistemas permite às variáveis sociais, envolve o pesquisador na

realidade estudada, na medida em que este aceita colocar em pé de igualdade

com seu conhecimento, o conhecimento local gerado pelos produtores. Além

disso, as novas propostas produtivas, em sua dimensão de desenvolvimento

social, requerem uma pesquisa/ação participativa que destrua a natureza de

objeto estudado normalmente atribuída aos produtores.

Essa

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