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Ameaças Ao Rio Potengi. Venceremos?

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As ameaças ao Rio Potengi. Venceremos?

Matéria extraída do Jornal Tribuna do Norte

Publicação: 20 de Setembro de 2009 às 00:00

Por: Priscilla Castro - Repórter

Imagine morar em um dos mais belos cenários do mundo e não saber aproveitá-lo. No Rio Grande do Norte, essa é uma realidade cada vez mais presente. Em um lugar onde não se vê políticas de educação e conscientização ambiental, nem o encanto da

Emanuel Amaral Francisco das Chagas, pescador, mostra a situação do Potengi e o despejo de esgoto

paisagem, nem os prazeres que ela proporciona ficam livres de perigo. Atualmente, o maior e mais importante rio do Estado sofre as consequências de uma poluição que parece não ter fim. As ameaças ao rio Potengi vêm de todos os lados: empresários, indústrias, comércio e da própria população.

O crescimento urbano é um dos fatores preocupantes, pois o aumento sem planejamento das cidades "espreme" o rio, que acaba transbordando na época das cheias. O rio percorre 176 km desde a nascente, no município de Cerro Corá, até desaguar no mar, em Natal. O charme desse encontro, entretanto, não é contemplado porque na maior parte desta trajetória, a voz predominante é o grito do rio por socorro.

O risco está em ações comumente realizadas, como a retirada de areia e argila sem recuperação do dano, destruição das matas ciliares sem reflorestamento, presença dos viveiros ilegais de carcinicultura que destroem os manguezais e até a falta de consciência ambiental com o lixo urbano, principalmente doméstico. Para se ter uma ideia, o último mutirão feito no rio para retirada do lixo coletou 13,5 toneladas em apenas quatro horas. Mas de todos os especialistas entrevistados, a resposta foi a mesma: a falta de um saneamento básico adequado em Natal e Região Metropolitana é o principal problema para esse estuário.

Como qualquer outro estuário (área de encontro do rio com o mar), o rio Potengi também se encontra com outros rios menores durante seu trajeto. No município de Macaíba, o afluente é o rio Jundiaí, predominante no município, e onde a equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE constatou maior foco de sujeira. Esgotos domésticos, industriais e lixo de praticamente todos os tipos.

Em alguns pontos, a vegetação estava misturada a carcaças de animais mortos jogados, em sua maioria, por matadouros clandestinos. Além disso, a população ribeirinha do rio Jundiaí-Potengi não é pequena. Os focos de lixo domésticos encontrados vinham principalmente deses moradores. Em frente a uma das casas, várias sacolas plásticas com lixo doméstico estavam jogadas no mangue. Além disso, o hábito de jogar o lixo dos automóveis na rua e também dos pedestres contribui para a poluição. Quando a maré enche e o rio segue seu percurso normal para o mar, todo esse lixo é distribuído pelo estuário.

Nas palavras do pescador Francisco das Chagas, as plantas dos mangues entre São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal mais parecem "árvores de natal". Com garrafas, embalagens plásticas e sacolas presas aos galhos das árvores, essa é a impressão que se tem. Pneus velhos, restos de colchão, copo descartável, tênis, latinhas e uma infinidade de resíduos domésticos também 'enfeitam' o mangue.

Especialistas temem pela morte do rio

Em termos numéricos, a preocupação em relação ao rio Potengi fica ainda maior. A bióloga e pesquisadora da OnG Navima, Rosimary Dantas, contou que, em análise realizada este ano nas águas do rio Potengi, foi detectada uma quantidade de 20 mil coliformes fecais para 100 mililitros de amostra, valor muito superior ao limite máximo permitido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). A mesma análise foi realizada nas ostras, maior filtradora existente na água, e foram encontrados dois mil coliformes para a mesma quantidade de água coletada.

Diante de todos os problemas característicos ao rio Potengi, o poder público troca acusações e tenta se desviar da responsabilidade que lhe é devida. Quando não falta fiscalização eficiente, falta saneamento básico, ou políticas de educação e conscientização ambiental, ou recolhimento adequado do lixo, ou vontade da população. As ações continuam caminhando a passos lentos, enquanto o rio permanece ameaçado.

O fato é que, apesar de não querer acreditar nessa hipótese, os especialistas já admitem a possibilidade de o estuário do Potengi se transformar em um rio morto antes do que se espera. Afinal, a natureza pode até ter um processo de regeneração surpreendente, mas não vai aguentar ser mal tratada para sempre.

Pescadores

Com uma fauna muito diversificada, o rio Potengi, além de vasta beleza, é fonte de alimentos e incentivo à economia pesqueira. O estuário do Potengi é considerado um dos ecossistemas mais produtivos do mundo pela Word Wildlife Fund (WWF). Portanto, as ações que prejudicam o rio estão diretamente relacionadas à fauna aquática. Com isso, os peixes, caranguejos, ostras, camarões e outras delícias inseparáveis do cardápio potiguar também estão correndo risco.

Emanuel Amaral Francisco das Chagas, pescador, lamenta a atual situação do Potengi e das famílias de pescadores

Quem não se lembra da última grande sequela da poluição do rio Potengi? Em julho de 2007, o Rio Grande do Norte presenciava o maior desastre ambiental da história do Potengi. Na manhã do dia 28, foram encontradas cerca de 40 toneladas de peixe morto. Além dos pescados, morreram aves, cachorros e galinhas.

O processo ainda corre na Justiça e não se sabe ao certo quais as causas da mortandade em massa. De acordo com o coordenador de fiscalização do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema), Hermínio Brito, a primeira análise laboratorial feita pela UFRN identificou que o principal motivo para a morte dos peixes tenha sido uma descarga orgânica concentrada que retirou o oxigênio de forma muito rápida, matando os peixes por asfixia. O coordenador aponta como quase nula a possibilidade de um desastre como esse se repetir.

O comentário, entretanto, não explica a morte de aves, cachorros e outros animais que se alimentavam dos peixes. Os pescadores acreditam que tenha sido morte por envenenamento provocado pela substância química proveniente das indústrias. A empresa Veríssimo e Filhos está impedida de atuar desde o acontecimento,

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