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Existe uma cura para a doença brasileira?

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Por:   •  5/5/2014  •  Tese  •  568 Palavras (3 Páginas)  •  206 Visualizações

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Existe uma cura para a doença brasileira?

Por Edmar Bacha 11/03/2013

Há tempos o Brasil é conhecido como a terra dos contrastes. Hoje em dia, o contraste maior é entre uma economia que exibe pleno emprego e rápida ampliação da classe média, o que gera sensação de bem-estar na população e explica a popularidade do governo e uma outra economia, que padece de baixo crescimento e inflação elevada, o que sugere descontinuidade e crise num futuro não distante. Como romper com esse contraste e colocar o país na rota do desenvolvimento pleno?

No fim da década passada o Brasil parecia haver entrado numa fase de crescimento sustentado com inflação sob controle. Era o que sugeria tanto a trajetória favorável da economia desde 2004 como sua rápida superação da crise mundial de 2008-09. Entretanto, os "pibinhos" e a alta inflação a partir de 2011 nos indicam que a euforia econômica do período 2004-2010 teve caráter temporário, sendo explicada por fatores de natureza cíclica que se teriam esgotado em 2011.

De fato, entre 2004 e 2011, o país foi beneficiado por uma bonança externa de dimensões talvez únicas em nossa experiência histórica. Essa bonança, de quase 10% do Produto Interno Bruto (PIB), foi gerada por uma explosão dos preços das commodities que exportamos e por um extraordinário influxo de capitais estrangeiros. Ela não somente gestou mas também financiou um enorme aumento da demanda interna, que se materializou num maior crescimento do investimento e do PIB. Esse crescimento pôde se manifestar sem pressões inflacionárias devido à apreciação do câmbio e à maciça incorporação de mão de obra ao processo produtivo.

Desde 2011, houve um arrefecimento do impulso externo: os preços das commodities pararam de crescer e em alguns casos se reduziram; o influxo de capital externo reduziu-se em função do maior risco do cenário internacional e também das barreiras à entrada criadas pelo governo brasileiro. A disponibilidade de mão de obra diminuiu e o câmbio se depreciou. Voltamos então aos "pibinhos" e à inflação elevada do período anterior a 2004.

Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira de elevada inflação e baixo crescimento enfatizam corretamente o baixo investimento e a alta carga tributária. Menor presença no debate tem tido um terceiro fator tão ou mais importante que esses: a reduzidíssima participação do comércio exterior na atividade econômica do país. Trata-se de uma questão de natureza estatística, pois o Brasil destoa dos demais países do mundo mais nesse quesito do que na taxa de investimento ou na carga tributária. É também uma questão de economia política: uma maior integração do país no comércio internacional induziria uma redução da carga tributária e uma maior taxa de investimento. Consideremos os argumentos a respeito.

De acordo com o World FactBook da CIA, o PIB brasileiro em 2012 foi o 8º maior do mundo. Entretanto, o valor de nossas exportações de mercadorias ocupou apenas a 24ª posição. Essa discrepância entre PIB e exportações é uma anomalia brasileira, pois a Comunidade Europeia ocupou o 1º lugar tanto em termos de PIB como de exportações. Os EUA ocuparam o 2º lugar em termos de PIB e o 3º em exportações. A China ocupou o 3º lugar em termos de PIB e o 2º em exportações.

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