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O Ganho de Peso Gestacional no Primeiro Trimestre

Por:   •  25/4/2018  •  Projeto de pesquisa  •  2.840 Palavras (12 Páginas)  •  340 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

INSTITUTO DE NUTRIÇÃO JOSUÉ DE CASTRO

Associação entre o ganho de peso ponderal no primeiro trimestre e desfechos materno-infantis adversos

RIO DE JANEIRO

2018

Resumo

Introdução: O ganho de peso gestacional (GPG) está associado à ocorrência de desfechos maternos e infantis adversos. Estudos têm avaliado a relação entre o GPG no 1º trimestre e a ocorrência destes desfechos, entretanto, são escassos estudos brasileiros que avaliem se o GPG no 1º trimestre está associado ao peso ao nascer e à retenção de peso pós-parto (RPP). Objetivo: Avaliar a associação entre o ganho de peso gestacional no primeiro trimestre com desfechos materno-infantis. Métodos: Será feita a junção e análise de coortes brasileiras de gestantes a fim de formar um banco de dados unificado. O GPG será calculado a partir da diferença entre o peso aferido no 1° trimestre e o peso pré-gestacional (PPG) relatado, e analisado de forma contínua e categórica, de acordo com a recomendação do IOM e os percentis da curva proposta pelo Intergrowth-21st para gestantes com eutrofia pré-gestacional. A RPP será calculada a partir do peso aferido no pós-parto (em até 6 meses, preferencialmente) menos o PPG. As crianças com peso ao nascer ≥ percentil 90 da curva padrão do Intergrowth-21st serão definidas como grandes para idade gestacional (GIG). Modelos de regressão linear e logística ajustados por variáveis de confusão (idade materna, paridade, tabagismo, consumo de álcool, prática de atividade física, escolaridade materna, cor/raça autodeclarada) serão utilizados.

Apresentação

Este subprojeto faz parte de um projeto maior intitulado “Proposição de novas recomendações de ganho de peso gestacional para utilização no SUS”, aprovado para financiamento no edital CNPq/MS/SCTIE/DECIT/SAS/DAB/CGAN Nº 13/2017. O projeto maior objetiva testar a aplicabilidade dos padrões de ganho de peso gestacional (GPG) desenvolvidos pelo International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21st Century (Intergrowth-21st) em gestantes brasileiras e propor novas recomendações de GPG para utilização no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

1. Introdução

O ganho de peso gestacional (GPG) é definido como a quantidade de peso que uma mulher ganha entre a concepção e o parto (VISWANATHAN et al., 2008) e é uma adaptação fisiológica necessária ao crescimento fetal apropriado. O GPG excessivo ou insuficiente está associado a desfechos adversos durante a gestação, parto e pós-parto, tais como a ocorrência de bebês pequenos para idade gestacional (PIG), grandes para idade gestacional (GIG), baixo peso ao nascer, macrossomia, parto cesárea de emergência, diabetes mellitus gestacional (DMG), síndromes hipertensivas, retenção de peso pós-parto e obesidade na criança (GOLDSTEIN et al., 2017). Prevenir a ocorrência destes desfechos é importante, pois em longo prazo, podem levar ao desenvolvimento de doenças crônicas, tanto para a mãe quanto para seus filhos.

O Ministério da Saúde (MS) adota, para o acompanhamento pré-natal, a recomendação de GPG proposta pelo Instituto de Medicina Americano – IOM (IOM, 2009), que considera diferentes faixas de GPG de acordo com o Índice de Massa corporal (IMC) pré-gestacional. Em relação ao ganho de peso (GP) no primeiro trimestre especificamente, determinado pela diferença entre o peso relatado ou aferido na 14ª semana de gestação e o peso pré-gestacional, a recomendação do IOM (2009) é de GPG entre 0,5 e 2 Kg, independente do IMC pré-gestacional.

As modificações no organismo materno que ocorrem no início da gestação, tais como o aumento do volume uterino, a constituição da placenta e dos demais anexos embrionários, proporcionam condições para que haja o desenvolvimento infantil e compõem o GPG do 1º trimestre. No entanto, apesar do possível ganho de peso no período, os sintomas característicos desta fase (náuseas, enjôos) podem resultar em perda de peso (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2002)

O GP excessivo no início da gestação pode influenciar a transferência de nutrientes placentários de maneira diferenciada, quando comparado ao GP no final da gestação (RIFAS-SHIMAN et al., 2017). Alguns autores mencionam que o GPG excessivo no primeiro trimestre levaria à maior deposição de gordura materna e, possivelmente, a uma alteração no metabolismo materno, que poderia interagir com fatores placentários, levando ao aumento do suprimento de nutrientes para o feto, ocasionando a chamada “supernutrição fetal” (NELSON, 2010; ALFARADHI, 2011).

Neste cenário de supernutrição, o excesso de glicose circulante materna atravessaria a placenta, resultando em aumento da secreção fetal de insulina. A hiperinsulinemia fetal, por sua vez, poderia promover adipogênese ou hipertrofia de células adiposas (DESOYE et al, 2016). Um aumento da quantidade de ácidos graxos livres (AGL) e triglicerídeos circulantes, associados à obesidade materna e GPG excessivo, também poderiam causar aumento da transferência de AGL e triglicerídeos para o feto, promovendo o desenvolvimento de adipócitos maiores ou mais numerosos (STARLING et al, 2015).

Ganho de peso excessivo no primeiro trimestre também está associado a alterações nos hormônios do cordão umbilical, relacionados à regulação da glicose e insulina do neonato (insulina e peptídeo C) e baixa adiponectina (RIFAS-SHIMAN et al.,2017). Estas alterações poderiam explicar a maior probabilidade de ocorrência de sobrepeso e obesidade na infância (KARACHALIOU et al., 2015) e o aumento do risco cardiometabólico e indicadores de adiposidade em adolescentes (GAILLARD et al., 2016). O aumento da oferta de nutrientes para o concepto, também pode estar relacionada com aumento dos indicadores de adiposidade infantil (DRAKE, 2010).

Existem poucos estudos que avaliam a relação entre o GP no primeiro trimestre com desfechos materno-infantis adversos (FRASER et al., 2010; GAILLARD et al., 2016; KARACHALIOU et al., 2015; MARGERISON-ZILKO et al., 2012). Considerando o possível impacto de variações de GPG neste período não somente na composição corporal do neonato como da mãe no período pós-parto, o presente estudo visa estudar a associação entre o GPG no 1º trimestre e desfechos materno-infantis adversos.

2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

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