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A AGROECOLOGIA E O SISTEMA ALIMENTAR DO FUTURO

Por:   •  6/9/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.289 Palavras (6 Páginas)  •  233 Visualizações

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ATIVIDADE DE TRADUÇÃO

Texto 2: Item “Agroecology and the food system of the future”

Disciplina: PDS515 - LINGUA ESTRANGEIRA

Docente: LUIS CLAUDIO PATERNO SILVEIRA

Discente: RAFAEL RODRIGUES PEDEMONTE

A AGROECOLOGIA E O SISTEMA ALIMENTAR DO FUTURO

Os defensores da agricultura industrial argumentam que a única forma de satisfazer as necessidades alimentares da população mundial em expansão é continuar a desenvolver novas tecnologias agrícolas - particularmente variedades de culturas geneticamente modificadas - que aumentarão os rendimentos, reduzirão os danos causados pelos insetos e eliminarão a concorrência das ervas daninhas. Desprezam sistemas alternativos, tradicionais, sustentáveis e de base ecológica como inadequados para a tarefa de cultivar a quantidade necessária de alimentos. esta visão está errada em pelo menos dois aspectos.

Primeiro, este ponto de vista exagera a necessidade de aumentar os rendimentos. Globalmente, o sistema alimentar produz atualmente calorias alimentares mais do que suficientes para alimentar adequadamente cada ser humano vivo e mais (cassidy et al.., 2013; FAO, 2013b). um problema é que 9% destas calorias são desviadas para produzir biocombustíveis ou outros produtos industriais e outros 36% são utilizados para alimentação animal (menos de 10% dos quais são recuperados sob a forma de calorias alimentares de origem animal), deixando apenas 55% para serem consumidos diretamente pelos seres humanos. Outro problema é que se estima que um terço dos alimentos produzidos globalmente se perde por deterioração, derramamento e outros problemas ao longo da cadeia de abastecimento, ou simplesmente desperdiçados a nível doméstico (FAO, 2013a). Além disso, as calorias que são consumidas diretamente pelos seres humanos e não perdidas como resíduos são distribuídas de forma muito desigual, com muitas delas a expandirem a cintura das populações abastadas. Assim, a necessidade de mais alimentos é impulsionada não tanto pelo aumento da população como pelo desperdício de padrões de utilização alimentar e por uma mudança para dietas mais ricas - ambas as quais são escolhas sociais. Se as pessoas comessem menos alimentos à base de animais em média e os alimentos fossem utilizados e distribuídos de forma mais equitativa e eficiente, como já foi referido, seria libertada uma capacidade extra de produção alimentar mais do que suficiente para alimentar adequadamente todos, deixando um tampão para alimentar uma população em expansão.

Em segundo lugar, esta visão ignora um corpo crescente de investigações que mostram que os sistemas camponeses de pequena escala, ecológicos, orgânicos e mesmo tradicionais podem aproximar-se, igualar, e mesmo exceder a produtividade dos sistemas industriais quando medidos pelo número de pessoas alimentadas por unidade de terra ou pela biomassa alimentar produzida por unidade de área (ver por exemplo Ponisio et al., 2014). Estes agro-ecossistemas são geralmente os tipos de sistemas diversificados, multicamadas e integrados que são mais comuns nos sistemas agrícolas tradicionais de pequenos agricultores do mundo em desenvolvimento, com enfoque na satisfação das necessidades locais, fornecendo alimentos às comunidades maiores em que participam e mantendo a capacidade produtiva do solo a longo prazo. A ênfase destes sistemas não está definitivamente na maximização do rendimento das monoculturas, nem no mercado. Um relatório abrangente de 2011, apresentado perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU e baseado numa extensa revisão da literatura científica recente, mostrou que a reestruturação agro-ecológica dos agro-ecossistemas tem a capacidade de duplicar a produção de alimentos em regiões inteiras dentro de dez anos, ao mesmo tempo que atenua as alterações climáticas e alivia a pobreza rural (De Schutter, 2011).

Muitos cientistas, investigadores e educadores no campo da agroecologia, e os seus colegas em disciplinas como a agronomia, há muito que acreditam que o seu papel é o de criar métodos e sistemas agrícolas mais sustentáveis, mais amigos do ambiente, menos dependentes de fatores de produção e menos intensivos em tecnologia do que os da agricultura industrial. O pressuposto é que estes métodos e sistemas serão então adoptados porque são superiores quando julgados por qualquer um dos vários conjuntos de critérios. Infelizmente, a experiência das últimas duas décadas tem exposto as limitações deste ponto de vista. Embora tenhamos acumulado muito conhecimento sobre as relações ecológicas subjacentes à produção alimentar sustentável, esse conhecimento tem tido relativamente pouca aplicação, e a agricultura industrial tem, entretanto, reforçado o seu domínio do sistema alimentar mundial.

Transformar a agricultura de uma forma fundamental - colocando-a num caminho sustentável - vai ser um desafio tremendo. Um pressuposto básico deste capítulo é que os agroecologistas só podem esperar enfrentar este desafio se nos aproximarmos dele em três frentes diferentes em simultâneo.

Primeiro, precisamos de mais e melhor conhecimento das relações ecológicas entre espécies agrícolas domesticadas, entre estas espécies e o ambiente físico, e entre estas espécies e as dos sistemas naturais. Esta necessidade é satisfeita pelo aspecto científico da agroecologia, que se baseia em conhecimentos e métodos ecológicos modernos para derivar os princípios que podem ser utilizados para conceber e gerir agro-ecossistemas sustentáveis.

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