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A Conferência das Nações Unidas para o Ambiente

Por:   •  15/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.533 Palavras (7 Páginas)  •  159 Visualizações

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Educação Ambiental

A partir de 1972, na Conferência das Nações Unidas para o Ambiente

Humano (Estocolmo), a educação ambiental passa a ser vista como interdisciplinar perpassando por todos os níveis da educação, possibilitando ao cidadão gerir e controlar seu ambiente. Esta visão se torna mais evidente nos encontros internacionais subseqüentes, incluindo o relatório do Clube de Roma (1974), a Conferência sobre Educação Ambiental em Tibilisi (1977), e o Relatório Brundtland (Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1987).

O chamado para a participação social nos debates ambientais se tornou mais

evidente durante a Conferencia das Nações Unidas para o Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992, onde se teve a constatação da

necessidade de participação social bem como de programas educacionais que

propiciem esta participação. Neste encontro, o Documento Agenda 21 reconhece o valor da educação na conscientização e instrumentalização dos cidadãos para a busca de um modo de vida ambientalmente equilibrado, sendo a educação um processo crítico para a efetivação da participação social nas áreas de decisão. A humanidade tem o papel de buscar o desenvolvimento sustentável e a participação social, nos níveis mais relevantes das questões ambientais, o ponto central para alcançar este desenvolvimento (Junior, 2000).

Diante do exposto e de acordo com Hawthorne & Alabaster (1999), as definições de educação ambiental e educação para a sustentabilidade implicam em um processo que atente para criar uma responsabilidade ambiental nas

comunidades, onde a participação dos atores sociais no processo de educação e instrumentalização é fundamental para se alcançar as práticas ambientais,

precisando para tal, trabalhar o conhecimento concreto da realidade local

concomitantemente com estratégias de ação em detrimento do abstrato. Isto pode levar à estruturação de uma cidadania ambiental através da informação,

conscientização, interesse, atitude, instrumentalização, conhecimento, habilidades e práticas, capacidade de compreensão literária e de mundo e práticas (ações) responsáveis.

A educação ambiental pode possibilitar mudanças positivas no

comportamento e atitudes das pessoas, individual e coletivamente, com benefícios para as águas, seja pelo seu uso racional, seja pelo respeito aos recursos naturais decorrentes desta transformação cultural. Outro aspecto desta interface está na capacitação de cidadãos para participação ativa e crítica nas instâncias de decisões, como constatado por Vari & Kisgyorgy (1998) na Hungria, após trabalhos de capacitação e alfabetização técnica, enfocando o envolvimento comunitário como o cerne para formulação e implantação de políticas de gestão ambiental.

Estes programas, atendendo simultaneamente ao componente investigativo e

ao ativo, devem buscar permanentemente integrar a educação formal e a não

formal. Não se pode desconsiderar a educação formal do processo, uma vez que ela é parte integrante do fortalecimento da sociedade (Saito, 2002; Velasco, 2002).

A integração da realidade sócio-ambiental dos alunos com o conteúdo curricular fortalece o processo de formação da habilidade de transferência de conhecimento, que é um dos maiores objetivos da educação (Basile, 2000). Deste modo, a educação escolar passa a fazer parte do movimento emancipatório de caráter popular, articulado com as lutas da comunidade organizada, assumindo nas gerações futuras o caráter de intervenção sobre a realidade e não permanecendo na simples constatação de fatos (Saito, 1999).

As idéias expostas até aqui corroboram com os quatro desafios propostos por

Saito (2002) para a implementação efetiva da Política Nacional de Educação

Ambiental, principalmente no que diz respeito a seu caráter emancipatório: busca de uma sociedade democrática e socialmente justa, desvelamento das condições de opressão social, prática de uma ação intencional transformadora e necessidade de uma busca contínua do conhecimento.

Também é preciso mudar concomitantemente os modos de vida, elevando-os social e economicamente, além de cultural e educacionalmente, para que a comunidade problematize sua realidade, se distancie dela e se instrumentalize tecnicamente (Saito et al., 2000; Saito, 2001a; Saito 2001b).

O compromisso com a transformação acarreta a organização da atividade

pedagógica a partir das aspirações do povo (investigação temática), o que antecede a realização do próprio ato pedagógico. Nesta condição, a busca dessas aspirações deve se dar no contato estreito com a comunidade, identificando seus problemas para então extrair o que Paulo Freire chama de "temas geradores". Chamam-se geradores porque, envolvendo situações-limites existenciais que exigem atos-limites de compreensão e intervenção social, seja qual for a sua natureza e a ação por eles provocada, contém em si a possibilidade de desdobrar-se em outros tantos temas que, por sua vez, explicitam novas situações-limites que novamente exigem ação (Freire, 1988; Aguirre et al., 2001).

É neste contexto que a educação ambiental é vista enquanto educação

política e prática da cidadania, pois prepara os cidadãos para exigir justiça social, cidadania, autogestão e ética nas relações sociais e com o ambiente, onde o componente reflexivo é tão importante quanto o comportamental, enfatizando antes a questão “por quê” fazer do que “como” fazer (Zitzke, 2002).

O conhecimento do ambiente em sua totalidade (biológico, político, social,

cultural, econômico, educacional, paisagístico, sanitário, religioso, etc) e dos

problemas que estão a ele associados, assim como a presença humana, é

fundamental para que os indivíduos e grupos sociais obtenham uma

responsabilidade crítica. Isto leva a uma análise do próprio comportamento, a uma mudança de atitude, de procedimentos individuais ou coletivos, ou seja, uma ação, e não se restringir a um “conformismo social”, substituindo a ação pelo comportamento, como vêm fazendo a sociedade contemporânea (Zitzke, 2002). A educação ambiental, aqui assumida, parte do pressuposto de que a

sociedade é desigual, repleta de conflitos e confrontos entre as suas diversas

esferas de ação. Neste sentido, o desafio que se coloca para a educação ambiental é o de criar as condições necessárias para a participação dos diferentes segmentos sociais, tanto na formulação de políticas públicas, quanto na concepção e aplicação das decisões que afetem a qualidade do ambiente em geral.

A educação ambiental atua como tradutora e problematizadora do

conhecimento técnico-científico para facilitar a compreensão por parte de todos os envolvidos nas questões ambientais, o que pode induzir ao pensamento crítico, caminhando para o desvelamento das condições de opressão, levando o cidadão a não aceitar, sem análise, a implantação de qualquer projeto que ofereça riscos sociais ou ambientais. Esta postura auxilia aos indivíduos e aos grupos sociais a avaliarem as medidas e os programas relacionados ao ambiente, em função dos fatores ecológicos, políticos, econômicos e sociais.

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