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Mercúrio

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Por:   •  23/2/2014  •  Seminário  •  6.008 Palavras (25 Páginas)  •  379 Visualizações

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Mercúrio

Os compostos químicos contendo mercúrio são classificados, do ponto de vista toxicológico, em dois grupos principais: compostos orgânicos e compostos inorgânicos, onde se inclui também o mercúrio atômico ou elementar.

O mercúrio inorgânico pode apresentar-se sob três formas diferentes e com características toxicológicas bastante diversas entre si, conforme seu estado de oxidação:

1) forma metálica ou elementar (Hgo);

2) forma mercurosa ou catiônica monovalente (Hg+);

3) forma mercúrica ou catiônica bivalente (Hg2+).

Os compostos orgânicos, por sua vez, provêm da ligação covalente entre o íon mercúrio (Hg2+) e pelo menos um átomo de carbono, formando sais como o monometil mercúrio (CH3Hg+) e o cloreto de etilmercúrio (C2H5ClHg)

Sintomas e sinais clássicos, relacionados à ação tóxica no sistema nervoso central, estão normalmente associados à exposição a mercúrio elementar e compostos de orgânicos de mercúrio, enquanto o rim é o órgão crítico para as formas inorgânicas monovalente e bivalente. Os mecanismos de ação tóxica nos sistema nervoso central e periférico têm sido estudados de maneira diferenciada, dependendo da forma de mercúrio em questão. Nesse sentido, existem muito mais trabalhos informando sobre a toxicodinâmica no sistema nervoso central e sistema nervoso periférico dos compostos de mercúrio orgânico (metil e etilmercúrio, por exemplo) do que das formas de mercúrio inorgânico. Isto se deve aos desastres ambientais ocorridos em Minamata e Niiagata, no Japão (nas décadas de 50 e 60), e à contaminação de sementes no Iraque (no início dos anos setenta), episódios nos quais centenas de pessoas foram contaminadas por metilmercúrio, no Japão, e etilmercúrio, metilmercúrio e fenilmercúrio no Iraque, apresentando quadros de intoxicação bastante graves e produzindo uma geração de crianças com deficiências ao nível de sistema nervoso central e sistema nervoso periférico.

O Quadro 1 resume os possíveis achados clínicos úteis para o diagnóstico dos variados tipos de exposição a compostos de mercúrio.

Quadro 1 – Resumo dos achados clínicos nos quadros de intoxicação por mercúrio, de acordo com o tipo de composto envolvido.

Indicativos Hgo (metálico, elementar) Sais orgânicos Compostos orgânicos

Vias de exposição preferências Inalação (via oral eventualmente) Digestiva digestiva

dérmica

Distribuição tecidual preferencial SNC

Rins Rins SNC

rins

SNP

Excreção predominante Renal Renal •fecal

• < renal

Sinais e Sintomas

• SNC tremor + eretismo - tremor, ataxia, disartria, parestesias

• Olhos mercurialentis - visão tunelar

• Aparelho respiratório pneumonite química irritação, corrosão, sangramento -

• Trato gastrintestinal - irritação, corrosão, sangramento -

• Rins insuficiência renal crônica insuficiência renal aguda (necrose tubular) lesão tubular crônica

• Terapêutica BAL; DMPS; DMSA BAL; DMPS; DMSA DMSA; resinas tióis

Mercúrio Metálico ou Elementar

O mercúrio metálico encontra-se, basicamente, só no ambiente ocupacional, onde os trabalhadores se expõem à intoxicação crônica por via inalatória e, eventualmente, aguda, quando de vazamentos acidentais de vasos com alta pressão.

Pode ser ingerido, principalmente por crianças, a partir de contato manual com o conteúdo de instrumentos de medida quebrados, como termômetros ou barômetros. Injeções acidentais, terapêuticas, ou em tentativas de homicídio ou suicídio, podem ocorrer, envolvendo as vias subcutânea, intramuscular, endovenosa e intrarterial, esta última forma estando relacionada a acidentes com barômetros utilizados, até pouco tempo atrás, para medida de pressão arterial central durante cirurgias cardíacas e neurocirurgias.

A. Intoxicação Aguda

A intoxicação aguda por exposição inalatória se dá, geralmente, em altas concentrações, após vazamentos em processos industriais, e/ou durante jornadas de trabalho prolongadas, em ambientes fechados e moderadamente contaminados.

O mercúrio elementar quando inalado é quase completamente absorvido através da membrana alvéolo-capilar, sendo que um pequeno percentual é retido nos próprios pulmões para ser devolvido ao espaço alveolar.

Em altas concentrações, no entanto, antes que ocorra a absorção, ele pode causar um quadro clínico de pneumonite química, com insuficiência respiratória aguda, dor pleurítica, ocorrência de pneumotórax e pneumomediastino, bronquite erosiva e bronquiolite. A bronquiolite é mais comum em crianças jovens e pode causar dilatação alveolar e formação de pneumatoceles. Alguns casos de evolução para a fibrose pulmonar já foram descritos, apesar de serem raros.

Mesmo em altas concentrações ambientais (níveis de 1000µg/m3, por exemplo), o paciente pode apresentar quadro respiratório passível de ser confundido com uma infecção das vias aéreas de curta duração, com tosse, dispnéia leve e chiadeira durando dois a três dias, e resolução espontânea. Em alguns casos, alterações funcionais, como restrição e decréscimo na difusão pulmonar, persistem, mesmo na ausência de alterações radiológicas. Todos esses sinais e sintomas respiratórios podem ser acompanhados por náusea, vômitos, dor abdominal, diarréia, cefaléia, assim como de gosto metálico na boca. O quadro clínico de febre dos fumos metálicos, de resolução fugaz, também tem ocorrido.

Já por via gastrintestinal, o mercúrio metálico não apresenta o mesmo risco de absorção, recomendando-se tratamento conservador e conduta expectante, esperando sua eliminação completa pelas fezes, apesar do risco de absorção em alguns raros casos descritos na literatura.

B. Intoxicação Crônica

Nas exposições crônicas, os efeitos estão relacionados com o órgão-alvo principal, que é o sistema nervoso central. Três quadros clínicos diferentes podem ser

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