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A Teoria da Contabilidade

Por:   •  15/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  3.385 Palavras (14 Páginas)  •  740 Visualizações

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Roberto Rodrigues Prado Adaptada/Revisada por Luís Carlos Gruenfeld (setembro/2012) É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Teoria da Contabilidade, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidisciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suplemento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital APRESENTAÇÃO SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................................................7 1 ATUAÇÃO PROFISSIONAL................................................................................................................9 1.1 A Evolução da Contabilidade......................................................................................................................................9 1.2 Contabilidade na Bíblia ..............................................................................................................................................12 1.3 Contabilidade Despertando como Ciência ........................................................................................................12 1.4 Teorias Descritivas e Prescritivas.............................................................................................................................14 1.5 Doutrinas e Escolas de Contabilidade..................................................................................................................14 1.6 O Cenário Atual da Contabilidade .........................................................................................................................16 1.7 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................17 1.8 Atividades Propostas...................................................................................................................................................18 2 CONTABILIDADE E CONTADOR................................................................................................. 19 2.1 A Tomada de Decisão..................................................................................................................................................19 2.2 A Função do Contador................................................................................................................................................20 2.3 A Contabilidade como Profissão.............................................................................................................................20 2.4 Visão Geral da Profissão Contábil ...........................................................................................................................22 2.5 A Contabilidade em outros Cursos........................................................................................................................23 2.6 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................24 2.7 Atividades Propostas...................................................................................................................................................24 3 OBJETIVOS DA CONTABILIDADE E UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL..................................................................................................................................................25 3.1 Utilização da Informação Contábil e Campo de Atuação da Contabilidade .........................................26 3.2 Patrimônio da Entidade .............................................................................................................................................26 3.3 Finalidade Social do Contador ................................................................................................................................27 3.4 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................27 3.5 Atividades Propostas...................................................................................................................................................28 4 QUALIDADE E CARACTERÍSTICA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL: O PRODUTO FINAL DA CONTABILIDADE................................................................................29 4.1 Informação Econômica...............................................................................................................................................29 4.2 Custos versus Benefícios.............................................................................................................................................30 4.3 Compreensibilidade....................................................................................................................................................30 4.4 Relevância .......................................................................................................................................................................30 4.5 Confiabilidade................................................................................................................................................................31 4.6 Comparabilidade..........................................................................................................................................................32 4.7 A Importância da Comparação ...............................................................................................................................32 4.8 Políticas Contábeis.......................................................................................................................................................32 4.9 Tempestividade ............................................................................................................................................................33 4.10 Intempestividade ....................................................................................................................................................33 4.11 Tomada de Decisões.................................................................................................................................................34 4.12 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................34 4.13 Atividades Propostas................................................................................................................................................35 5 RELATÓRIOS CONTÁBEIS............................................................................................................... 37 5.1 Demonstrações Financeiras.....................................................................................................................................37 5.2 Relatórios Contábeis Obrigatórios.........................................................................................................................37 5.3 Complementação às Demonstrações Financeiras...........................................................................................39 5.4 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................45 5.5 Atividades Propostas...................................................................................................................................................45 6 OS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE – A ENTIDADE E A CONTINUIDADE............ 47 6.1 Aplicação da Contabilidade......................................................................................................................................47 6.2 Usuários da Contabilidade........................................................................................................................................47 6.3 Para quem é Mantida a Contabilidade.................................................................................................................48 6.4 Pilares da Contabilidade ............................................................................................................................................48 6.5 Princípios da Contabilidade......................................................................................................................................50 6.6 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................54 6.7 Atividades Propostas...................................................................................................................................................54 7 PATRIMÔNIO E RESULTADO......................................................................................................... 55 7.1 O Ativo e sua Mensuração (Avaliação) .................................................................................................................55 7.2 Algumas Definições de Ativo...................................................................................................................................55 7.3 Ativo Circulante.............................................................................................................................................................56 7.4 Ativo Realizável em Longo Prazo............................................................................................................................58 7.5 Ativo Permanente.........................................................................................................................................................58 7.6 Contas Retificadoras do Ativo..................................................................................................................................59 7.7 Dedução do Ativo Permanente...............................................................................................................................60 7.8 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................60 7.9 Atividades Propostas...................................................................................................................................................61 8 O PASSIVO E SUA MENSURAÇÃO (AVALIAÇÃO)........................................................... 63 8.1 Generalidades................................................................................................................................................................63 8.2 Definições de Passivo..................................................................................................................................................63 8.3 Passivo Circulante.........................................................................................................................................................64 8.4 Passivo Exigível em Longo Prazo............................................................................................................................64 8.5 Resultado de Exercício Futuros...............................................................................................................................64 8.6 Patrimônio Líquido......................................................................................................................................................65 8.7 Contas Retificadoras do Passivo..............................................................................................................................65 8.8 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................66 8.9 Atividades Propostas...................................................................................................................................................66 9 TERMINOLOGIA CONTÁBIL BÁSICA USADA EM CONTABILIDADE.................. 67 9.1 Receitas e Ganhos........................................................................................................................................................67 9.2 Despesas e Perdas........................................................................................................................................................68 9.3 Outras Terminologias Usadas...................................................................................................................................69 9.4 Resumo do Capítulo....................................................................................................................................................69 9.5 Atividades Propostas...................................................................................................................................................70 10 PATRIMÔNIO E RESULTADO...................................................................................................... 71 10.1 Relatórios Contábeis.................................................................................................................................................71 10.2 O Balanço Patrimonial..............................................................................................................................................71 10.3 Poder Preditivo do Balanço Patrimonial............................................................................................................72 10.4 Uma Estrutura de Balanços não Usada entre Nós.........................................................................................73 10.5 As Normas Brasileiras de Contabilidade e o Balanço Patrimonial...........................................................74 10.6 Cfc e Lei das S.A.........................................................................................................................................................74 10.7 Passivo Descoberto...................................................................................................................................................74 10.8 Algumas Diferenças..................................................................................................................................................74 10.9 Resultado de Exercícios Futuros...........................................................................................................................75 10.10 Resultados de Exercícios Futuros versus Exigível.........................................................................................75 10.11 As Normas Brasileiras de Contabilidade (as Nbcs) ....................................................................................75 10.12 Resumo do Capítulo...............................................................................................................................................78 10.13 Atividades Propostas..............................................................................................................................................78 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 79 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 83 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 INTRODUÇÃO Você está iniciando o estudo da disciplina Teoria da Contabilidade, a qual tem como objetivo principal solidificar os estudos teóricos relacionados à origem da contabilidade, sua história, doutrinas e escolas e o surgimento do período pré-científico. Será possível compreender a evolução da Contabilidade com o progresso das sociedades e o desenvolvimento da contabilidade como uma Ciência Social Aplicada. Ainda, você conhecerá a necessidade e a criação de organismos de regulamentação, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Por meio desta disciplina, você aprofundará sua compreensão do surgimento dos Postulados, Convenções e o significado dos Princípios de Contabilidade. Você terá o entendimento sobre as demonstrações contábeis, seus diversos grupos e Critérios de Mensuração do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas, e Princípios Fundamentais da Contabilidade. O presente material foi especialmente desenvolvido para os alunos do Ensino a Distância (EaD) e seu uso será de grande valia no decorrer das aulas do curso, devendo ser usado como bibliografia básica. Ao final de cada capítulo, leia com atenção os enunciados e responda às questões propostas. Essas questões objetivam auxiliá-lo(la) na aprendizagem. Primeiramente, responda a todas as questões e somente ao final verifique as suas respostas, relacionando-as com as respostas e comentários do professor, ao final desta apostila. Bons estudos e sucesso! Prof. Roberto Rodrigues Prado Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 1 ATUAÇÃO PROFISSIONAL Caro(a) aluno(a), neste capítulo você tem um rápido comentário da estabilidade da profissão contábil e da evolução da contabilidade. A profissão contábil tem hoje uma posição bem definida na economia global, um campo de trabalho bastante amplo e diversificado e objetivos bem claros de onde pretende chegar. Essa estabilidade profissional, esses horizontes bem definidos têm uma longa história! Assim, você conhecerá a História da Contabilidade e poderá associar a sua origem à necessidade de controle da riqueza e dos estoques na produção de alimentos e animais em antigas civilizações. Entenderá, ainda, os acontecimentos que contribuíram para surgir o Método das Partidas Dobradas, que é origem das palavras “débito” e “crédito”, de Frei Luca Pacioli. 1.1 A Evolução da Contabilidade Pense na contabilidade em uma época na qual não existia moeda, escrita e números! Imagine um homem, na Antiguidade, sem conhecer números e, muito menos, a escrita, exercendo a atividade de pastoreio. O inverno está chegando. O homem prepara toda a provisão para o sustento do seu rebanho de ovelhas, olhando para um período longo de muito frio que está se aproximando. Ainda que ele nunca tenha aprendido sobre os meses do ano, ele sabe que a neve está se aproximando, pois as folhas das árvores ficaram amarelas e caíram e assim ocorreu no passado, por inúmeras vezes. Ele não sabia o que eram as estações do ano, mas tinha experiência: árvores secando, frio chegando. Pense a respeito! O home tem natureza materialista, pois desde seu surgimento é ligado aos bens materiais. A Contabilidade no Início de Tudo Antes que caísse a 1ª neve, ele recolhia seu rebanho num aprisco (curral), para protegê-lo do frio que matava. Era um período de monotonia, de ociosidade. Depois de tosquiar (cortar rente) as ovelhas, não se tinha nada para fazer a não ser olhar pelas frestas a neve caindo. O que fazer nesse período? De repente, o homem se questiona: “Quanto será que o meu rebanho cresceu desde o último frio até hoje? Será que o meu cresceu mais que do Floreto?” (Floreto era o pastor de ovelhas vizinho desse homem na Antiguidade). Esse homem, assim como qualquer um, era ambicioso, tinha desafios e queria ver sua riqueza aumentando. Atenção Aqui entra a função da Contabilidade, já no início da civilização: avaliar a riqueza do homem; avaliar os acréscimos ou decréscimos dessa riqueza. Como o homem naturalmente é ambicioso, a Contabilidade existe desde o início da civilização. Alguns teóricos preferem dizer que ela existe, pelos menos, desde 4.000 antes de Cristo. Roberto Rodrigues Prado Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 Mas como contar o rebanho e avaliar seu crescimento se não existiam números (da forma que sabemos hoje), nem escrita e, muito menos, moeda? Na monotonia do inverno, entre os balidos (voz de ovelha ou cordeiro) ininterruptos das ovelhas, o homem tem uma ideia. Havendo um pequeno monte de pedrinhas ao seu lado, o homem separa uma pedrinha para cada cabeça de ovelha, executando assim o que o contabilista chamaria hoje de inventário. Após o término dessa missão, o homem separa o conjunto de pedrinhas, guardando-o com muito cuidado, pois o conjunto representava a sua riqueza num determinado momento. Finalmente, a neve derretia e o sol voltava a aquecer a montanha do homem do pastoreio. A superfície da montanha voltava a ficar verde e lá ia ele dirigindo o seu rebanho, protegendo contra os predadores, administrando assim a sua riqueza. Passado algum tempo, novas ovelhinhas surgiram e já se percebia que o nascimento era maior que a mortalidade e o descarte (escapató- ria). A lã era tirada e parte dela negociada em troca de alguns equipamentos rudimentares de caça e pesca. O tempo passava. Novamente as folhas das árvores voltavam a ficar amarelas e começavam a cair. Para nós, chamamos, hoje, esse fenômeno de outono. Para aquele homem, era o momento de fazer a provisão para sustentar sua riqueza no período da seca do inverno. Novamente a neve caía. No aprisco (uma grande caverna no alto da montanha), estavam de volta o pastor e seu rebanho. Nada mais natural que fazer uma pedrinha por cabeça de ovelha: Figura 1 – Contagem abstrata. Resultado da contagem Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha: Primeiro Inverno Segundo Inverno Comparação entre 2 invernos O+O+O+O+O O+O+O+O+O O+O+O+O+O P+P+P+P+P+P+P P+P+P+P+P+P+P P+P+P+P+P+P O+O+O+O+O PP O+O+O+O+O PP O+O+O+O+O P 1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO ACRÉSCIMO DE CABEÇAS DE OVELHAS Fonte: Iudícibus (2010, p. 5). Resultado Positivo é Igual ao Lucro? Ao comparar o atual conjunto de pedrinhas com o anterior, feito no inverno passado, o pastor constata que houve um excedente de pedrinhas (para nós, cinco pedrinhas) e isso representava que ele tinha sido bem-sucedido naquele período, ou seja, houve um acréscimo real no seu rebanho (um resultado positivo). Todavia, o pastor não estava satisfeito pelo fato de apenas avaliar o crescimento do plantel. Ele sabia que seu rebanho havia produzido lã naquele período. A lã proporcionara não só agasalho para proteger sua família, como também fora utilizada como meio de troca na aquisição de instrumentos de caça e pesca. Além disso, havia uma quantidade de lã recém- -obtida no processo de tosquiamento nesse inverno. Um Inventário Completo O homem estima que, se fosse trocar ovelhas por agasalho, precisaria de pelo menos duas cabeças para suprir sua família nesse inverno. Teoria da Contabilidade Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Como seu próprio rebanho havia produzido, ele separa duas novas pedrinhas correspondentes a duas ovelhas, representando aquele adicional de riqueza da sua família. Os instrumentos de caça e pesca obtidos equivalem a três ovelhas. Toda a lã estocada corresponderia a, pelo menos, quatro ovelhas, ou seja, ele conseguiria trocar seu depó- sito de lã por quatro cabeças. Assim, ele teria um novo conjunto de nove pedrinhas para acrescentar à contagem realizada nesse segundo inverno. Observe, caro(a) aluno(a), a situação a seguir: ACRÉSCIMO DO PERÍODO 1º Inverno 2º Inverno Agasalhos Instrumentos Caça/Pesca Estoque de Lã OOOOO PP A C/P X OOOOO PP A C/P X OOOOO P C/P X 1º INVENTÁRIO 2º INVENTÁRIO Corresponde a 2 ovelhas Corresponde a 3 ovelhas Corresponde a 4 ovelhas Total do Rebanho Resultado da Produção do Período Total da Riqueza à Disposição do Pastor Imagine se houvessem números e escrita, poderíamos apresentar um relatório da riqueza do pastor! Relatório Contábil O acréscimo do primeiro para o segundo inverno foi correspondente a 14 ovelhas, que, num sentido econômico, podemos chamar de lucro. O pastor da Antiguidade certamente iria vibrar, pois sua riqueza praticamente dobrou no período analisado. Se nós tivéssemos moeda, o denominador comum não seria ovelhas, mas sim o valor em dinheiro. Todavia, o que fica bem claro é que, mesmo sem moeda, escrita e número, a Contabilidade, como inventário, já existia, ficando evidenciado que ela é tão antiga quanto a existência do homem em atividade econômica, ou melhor, quem sabe, do homem sapiente. Esta pode ser chamada de fase empírica da Contabilidade, em que se utilizavam desenhos, figuras, imagens para identificar o patrimônio existente. Com o passar do tempo, o homem começa a fazer marcas em árvores e pedras, podendo, assim, conferir seu rebanho em termos de crescimento, de extravio (perdas) de ovelhas, mortes etc. Roberto Rodrigues Prado Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 Assim, conclui-se que, desde os povos mais primitivos, a Contabilidade já existia em função da necessidade de controlar, medir e preservar o patrimônio familiar e, até mesmo, em função de trocar bens para maior satisfação das pessoas. O livro de Jó, ainda que não seja o primeiro da Bíblia, é considerado o mais antigo. Jó era um homem muito rico e justo, da terra de Uz, no Oriente, que certamente tinha um bom contador, pois, na descrição de sua riqueza, no versículo três do primeiro capítulo, observa-se: “E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas.” Curiosidade A relação de bens de Jó demonstra um cuidado no controle do seu patrimônio pessoal. Por questões espirituais, um dia, Jó perde toda a sua fortuna, tornando-se um homem pobre, sem nenhum bem. Mas no final do livro de Jó, algo surpreendente acontece. Também por motivos espirituais, ele recupera a sua fortuna e não deixa de reencontrar um contador que, num certo momento, apresenta um relatório surpreendente: sua riqueza estava duplicada em relação ao primeiro inventário: “E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; porque teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois e mil jumentas.” (descrito no capítulo 42, versículo 12, do Livro de Jó). Esse e diversos exemplos mostram que a Contabilidade já existia com o primitivismo dos povos, ainda que os conhecimentos da matemá- tica, das letras, dos negócios e até mesmo de patrimônio fossem limitados. Símbolos na Argila Talvez, na época de Jó, já se introduzisse o período Mnemônico da Contabilidade, através de cuneiforme. Outras evoluções foram observadas, principalmente nas escritas em papiro, descoberto pelos egípcios. 1.2 Contabilidade na Bíblia 1.3 Contabilidade Despertando como Ciência Dicionário Cuneiforme: símbolos gravados em barro ou placa de argila, dando-se os primeiros passos para os registros. As próprias placas de argila serviam como relatórios. Você sabia que a Contabilidade vai iniciar a sua fase adulta, fase racional, exatamente no aperfeiçoamento da Imprensa por Gutenberg, na Alemanha, no século XV d.C.? Pense a respeito! Ainda que a Contabilidade, como já vimos, existisse desde o princípio da civilização, nota-se um desenvolvimento muito lento ao longo dos séculos. Somente em torno do século XV (com presença relevante no século XIII), isto é, praticamente após 5.500 anos (partindo-se da hipótese de Teoria da Contabilidade Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 que ela existe desde 4.000 a.C.), é que a Contabilidade atinge um nível de desenvolvimento notó- rio, sendo chamada de fase lógico-racional ou, até mesmo, fase pré-científica da Contabilidade. Do Renascimento para a Ciência O que toda a história tem mostrado é que a Contabilidade torna-se importante à medida que há desenvolvimento econômico. Hoje, por exemplo, a profissão é muito valorizada nos países do primeiro mundo. No Brasil, até a década de 1960, esse profissional era chamado de “guarda-livros”, a nosso ver, título pejorativo (desagradável) e pouco indicador. Todavia, com o milagre econômico na década de 1970, essa expressão desapareceu e observou-se um excelente e valorizado mercado de trabalho para os contabilistas. Na Idade Moderna, em torno dos séculos XIV a XVI, principalmente no Renascimento, diversos acontecimentos no mundo das artes, na economia, nas nações, proporcionaram um impulso espetacular das Ciências Contábeis, sobretudo na Itália. Em torno desse período, tivemos, sem a preocupação de ordem cronológica, Copérnico, Galileu e Newton, revolucionando a visão da humanidade, o aperfeiçoamento da Imprensa por Gutenberg (já referido), Colombo iniciando as grandes descobertas, o mercantilismo, o surgimento da burguesia, o protestantismo, a descoberta de diversos campos de conhecimento etc. O Frade Franciscano Todavia, o marco, nesse período, foi a primeira literatura contábil relevante pelo Frei Luca Pacioli, em 1494, consolidando o método das partidas dobradas, expressando a causa e o efeito do fenômeno patrimonial com os termos “débito” e “crédito” (esse método já era conhecido antes de Pacioli: era praticado no século XIII). A obra de Pacioli pode muito bem ser vista como início do pensamento científico da Contabilidade. Pense a respeito! Doutrinadores contábeis, sucessores de Pacioli, na Europa (principalmente na Itália), nos sé- culos seguintes, vão dar um cunho científico para a Contabilidade e origem à (denominada posteriormente) Escola Contábil Europeia ou, mais especificamente, Escola Contábil Italiana. A Itália pode ser chamada de Berço da Contabilidade. Origem das Palavras ‘Débito’ e ‘Crédito’ As palavras utilizadas para a escrituração por partidas dobradas têm sua origem no latim, em que a palavra ‘débito’ significa: dívidas, devedores, debêntures, que são palavras que resultam da base debere, ou deber. E a palavra ‘crédito’ vem da raiz da palavra credo, ou seja, algo em que se acredita e também pode referir-se a pessoas nas quais se acreditam credores. É possível compreender que, como um Frei da Igreja, Luca Pacioli associou o significado dessas palavras com os direitos e obrigações de uma pessoa. Veja, caro(a) aluno(a), como tudo começou! A Contabilidade não é uma ciência exata. Ela é uma ciência social, pois é a ação humana que gera e modifica o fenômeno patrimonial. Todavia, a Contabilidade utiliza os métodos quantitativos (matemática e estatística) como sua principal ferramenta. Aliás, em tudo o que fazemos na vida, precisamos dos métodos quantitativos, dos números. Desde o momento em que levantamos, submetemo-nos aos números: identificamos no relógio que horas são; o nosso café está sujeito a uma quantidade de colheres de açúcar ou gotas de adoçante; a velocidade do carro; o nosso salário, recebimentos e pagamentos; o canal de televisão; as vantagens e desvantagens, em tudo se envolvem números. Roberto Rodrigues Prado Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Caro(a) aluno(a), a seguir, faça uma pausa para a seguinte reflexão! Este é o grande impulso que a Contabilidade precisava. Já imaginou a Contabilidade sem os números arábicos, sem o zero, só com letras? Praticamente, no século XIII, é que os números indo-arábicos (0, 1, 2, 3, ...) vieram substituir o sistema greco-romano (I, II, III, IV, ...) e hebraico, que usavam letras para contar e calcular (desconheciam o zero). A história dos números, no Ocidente, come- ça com o livro Liber Abaci (Livro do Ábaco), escrito, em 1202, por Leonardo Pisano, conhecido como Fibonacci (“cabeça dura”). Esse livro, entre inúmeras contribuições, inclui Contabilidade (cálculo de margem de lucro, moedas, câmbio...) e juros. Curiosidade A classificação consiste em questionar se os argumentos advêm de generalizações e observa- ções específicas. Tanto as teorias indutivas quanto as teorias dedutivas podem ser descritivas (positivas) ou prescritivas (normativas). ƒ Descritivas (positivas): visam a mostrar e explicar quais informações financeiras são apresentadas e comunicadas aos usuários de dados contábeis, ou seja, o que é; ƒ Prescritivas (normativas): visam a recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados, ou seja, o que deve ser. 1.4 Teorias Descritivas e Prescritivas 1.5 Doutrinas e Escolas de Contabilidade Até o século XVIII, pode-se afirmar que não houve evolução do pensamento científico da Contabilidade sob influência da obra de Luca Pacioli, cuja preocupação era o aprimoramento da técnica contábil, que criou regras e princípios voltados para o funcionamento das contas para o registro dos direitos e das obrigações. Escola Contista Surgiu com o comerciante Benedetto Cotrugli, em 1458, considerado por alguns autores o primeiro a descrever o sistema de registro das partidas dobradas. As regras estabelecidas eram de que o comerciante deveria possuir três livros de contas para registrar suas transações comerciais: o livro de Gastos, o livro Diário e o livro-razão. A teoria das cinco contas de Edmundo Degranges, em 1975, sustentava que o comércio tinha cinco objetos principais, que, sucessivamente, poderiam ser negociados: (1) mercadorias; (2) dinheiro; (3) Contas a Receber; (4) Contas a Pagar; (5) Lucros e Perdas. Escola Materialista Orientou o início do período científico da Contabilidade e seu precursor foi o italiano Francesco Villa, em 1840, com a publicação de La contabilità applicata alle amminist

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