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O Preconceito Linguístico

Por:   •  11/1/2023  •  Pesquisas Acadêmicas  •  491 Palavras (2 Páginas)  •  58 Visualizações

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Preconceito Linguístico

Recentemente durante o reality show Big Brother Brasil, vimos nas redes sociais discussões de pautas sociais aparentemente despretensiosas, mas com bastante relevância social.

Alguns diálogos chamaram a atenção sobretudo dos nordestinos, já que logo na primeira semana alguns participantes imitavam de forma discriminatória o sotaque da paraibana Juliette, que se sentiu excluída e ridicularizada ao ponto de cogitar mudar a forma de falar.

Em outra ocasião, outro participante também debochou de um dos confinados com sotaque sertanejo, nascido no interior de Goiás.

No nosso dia a dia, situações como estas são muito comuns ou até muito piores, pois assim como esses confinados, diariamente inúmeras pessoas são vítimas de discriminação por conta da forma como se expressam.

A doutora e professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Siane Gois, explica que preconceito linguístico é o julgamento de valor que se faz em relação a determinada maneira de falar, a determinada variante linguística de uma comunidade. “Pessoas que residem nas regiões mais ricas do país acham que as falas delas são mais belas e organizadas do que as falas das regiões pobres. Quem está na capital acha que os moradores do interior têm uma fala feia, engraçada, errada. E se você vai para o interior, provavelmente, o falante da cidade acha que moradores da zona rural têm uma fala diferente, estranha, inferior. Isso mostra que o preconceito linguístico é, na verdade, social. O grupo que está em uma situação mais favorecida vai se posicionar de uma maneira preconceituosa em relação ao mais desfavorecido”, fala a professora.

Ainda de acordo com Siane Gois, há inúmeros exemplos para mostrar que se trata de uma questão social. Um dos que ela cita diz respeito ao som das letras “T” e “D”. “O grande problema de todo preconceito é achar que os grupos precisam ser homogêneos e que há um melhor e mais correto do que outro. A gente não vê zombaria de ninguém ao escutar um ‘tchia’, mas há zombaria muito grande se você escuta o mesmo som da letra “T” em palavras como "oito" e "muito". E quem fala assim? As pessoas que tiveram pouco ou nenhum acesso à escola, esquecidas pelas políticas públicas”, complementa Gois.

O preconceito linguístico por muitas vezes passa de forma despretensiosa, disfarçado de brincadeiras, mas pode trazer consequências psicológicas como problemas de aprendizagem, dificuldade de sociabilização, ainda mais se as vítimas forem crianças e adolescentes.

Vemos historicamente a fala do nordestino sendo alvo de preconceito, sobretudo por parte das pessoas que moram no sul e sudeste do país. É exigido muito mais deles a neutralidade do sotaque do que das pessoas do sul do país por exemplo.

Por isso, discussões sociais como a que vivemos em mesmo que seja a partir de um reality show são bem importantes, pois dá uma perspectiva para que as pessoas sejam mais conscientes e não perpetuem essa tentativa de opressão e discriminação por parte de qualquer diferença social, seja ela qual for.

Referência: Folha de Pernambuco

https://www.folhape.com.br/noticias/sotaques-revelam-as-multiplas-facetas-da-lingua/175210

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