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BREVE HISTÓRIA DA TEORIA DA CONSERVAÇÃO E DO RESTAURO

Por:   •  17/11/2015  •  Resenha  •  1.772 Palavras (8 Páginas)  •  535 Visualizações

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FIAM FAAM - CENTRO UNIVERSITÁRIO

RESENHA CRÍTICA BREVE HISTÓRIA DA TEORIA DA CONSERVAÇÃO E DO RESTAURO

 SÃO PAULO

2015

Restaurar significa colocar em bom estado aquilo que perdeu as qualidades originais. Como houve evolução e alterações nos estilos usados o restauro sofreu mutações a partir do século XIX. Hoje a noção de patrimônio engloba pequenos edifícios espaços envoltório, construções rurais e centros urbanos históricos. A prioridade da restauração era reparar alguma coisa que perdeu sua função e alterando o necessário. Um edifício não era considerado um valor histórico e cultural e sim um bem útil e por isso a necessidade de faze- lo perdurar por mais tempo.

A atividade de restauro tem inicio nos séculos XVIII E XIX. Como a história da arquitetura teve mudanças, os edifícios também levaram novas fachadas e ornamentações.

Com a revolução francesa vem também o vandalismo, a degradação e o desaparecimento de alguns monumentos que promovem o interesse publico e a intervenção do Estado. Então, inicia-se a discussão sobre a metodologia de conservação e restauro. Dos edifícios históricos era retirado tudo que não fizesse parte do projeto original. Os monumentos eram estudados e analisados para saber como eram na época de sua construção e recompor utilizando partes originais. Por exemplo, o anfiteatro de Arles na França, o Arco de Constantino e o Coliseu. Trata- se de um “Restauro Moderno” com respeito ao valor histórico e estético colocando em primeiro lugar o monumento arqueológico.

Ludovic Vitet defende que o arquiteto além de ter conhecimento de história da arte deve ter também o estudo arqueológico do edifício para dar importância à racionalidade e funcionalidade construtivas. Prosper Merimée acrescenta que quando não é possível conhecer seu estado original que seja copiado traços de outros monumentos das proximidades ou que pertencem à outra época. O estudo arqueológico era prescrito pelos dois para determinar a data da construção para preservar o original ou reconstruí- lo.

 Os restauros estilísticos de Viollet le Duc influenciou as ideias acidentais e era admirador do gótico. Defendia a destruição de todos os acréscimos de épocas anteriores e a fim de restituir cientificamente original. No entanto realizou restauros fantasiosos e com invenções e decorações muito criativos. Para ele “restaurar não é conservar, reparar ou refazer é restabelecer um estado de plenitude que não pode ter existido em nenhum momento”.

John Ruskin e William Morris tem a tendência mais fataliste e com ideias opostas. Chamava de mentiras arquitetônicas os acréscimos de novas eras e afirmava que o restauro pode ser uma necessidade de novas eras e afirmava que o restauro pode ser uma necessidade estrutural sem a preocupação nos meios usados.

Foi fundada a Sociedade de Proteção de Edificios antigos, apoiavam aconservação dos monumentos defendendo a manutenção para evitar futuros restauros. Foi o Movimento Anti- Restauro.

Por volta do século XX, existe uma série de arquitetos que se preocupam com o conceito de restauro e em defesa da conservação e reparação baseado nos princípios de Camillo Boito. Boito se opõe às integrações de modo a acabar a obra inacabada, propondo, pelo contrário, respeitar todas as partes do monumento. O valor histórico que possuem é o máximo valor a preservar e as intervenções de restauro só devem ser executadas quando necessário. Boito tem semelhança com Ruskin, onde defende a manutenção do edifício ao longo do tempo de modo a evitar o restauro, porém sem deixar cair em ruínas passivamente. Boito era contra falsificação dos elementos, quando fosse intervir deverá ser diferenciada a obra antiga e moderna. Seguindo as normas e conselhos de Boito, o governo italiano estabelece lei para a conservação dos monumentos e objetos de antiguidade e arte, sendo: Limitação das intervenções ao mínimo, deve- se ser visível a diferença entre as partes antigas e as novas e a diferença entre os materiais modernos e os originais aplicados nas diversas obras, partes que foram eliminadas, deverão ser expostas num lugar próximo ao monumento restaurado; deverá ser feito o registo da intervenção acompanhada de fotografias e deverá conter a data de execução das intervenções no edifício numa epígrafe.  Na Espanha seguiu lhe o exemplo Leopoldo Torres, na França segue-o Paul Léon e na Itália os conhecidos Luca Beltrami e Gustavo Giovannoni. Gustavo Giovannoni marcou o restauro da primeira metade do século XX, baseado nos postulados de Boito e foi considerado um dos mais importantes intervenientes da Conferência de Atenas de 1931, quando surge a Carta de Atenas. Giovannoni é contra os acréscimos a que chama de restauro de inovação. Caso os acréscimos sejam absolutamente necessários, estes deverão ser identificados e datados, através da utilização de novos materiais que se adaptem harmoniosamente aos originais. Porém, os complementos que colocarem no edifício devem ser respeitados e identificados, podendo ser removidas as partes sem valor que com isso não afetem o edifício. Giovannoni se preocupa com as estruturas, com os materiais utilizados na construção e com as técnicas construtivas, talvez pela formação em Engenharia, defende por isso o recurso a técnicas modernas, inclusive a utilização de concreto armado, em intervenções de consolidação, reparação e reforço do edifício, de modo a aumentar a resistência da construção.

Percebe-se uma necessidade em estabelecer regras internacionais. Em 1921, no Congresso Internacional de História e de Arte em Paris, manifesta-se essa necessidade e no ano de 1931, em Atenas é realizada uma conferencia onde é elaborado um documento, sendo a Carta de Atenas, que expõe ideias como: manutenção e conservação regular das obras de arte e monumentos, sendo aconselhável respeitar todas as obras históricas e artísticas do passado sem excluir estilos de qualquer época; a reutilização do edifício, mantendo o seu uso original ou o uso funcionalmente mais adequado, respeitando o carácter histórico e artístico, garantindo a sua continuidade futura; a valorização do aspecto envolvente do edifício, é aceitável utilizar os recursos da técnica moderna, inclusive o concreto armado; o monumento antes da intervenção deve ser alvo de estudo e análise de toda a documentação; preocupação especial na educação dos povos, transmitindo a importância da proteção de obras de arte.

A conferência de Atenas representou um importante ponto de referência para a atividade de restauro e constituiu um estímulo para outras nações seguirem o exemplo, surgindo assim a Carta de Restauro Italiana, transcrita por Giovannoni, tendo os princípios baseados na Carta de Atenas, porem a noção de patrimônio era não só as obras de arte, mas também as da ciência e tecnologia. A II Guerra Mundial afetou a Europa no século XX, deixando arrasadas muitas cidades e consequentemente grande parte das construções existentes, provocadas pelos incêndios e pelos efeitos bélicos. Com isso, surge a necessidade de inovar em relação à conservação com intervenção mínima dos princípios da Carta de Atenas.

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