Notas sobre o Urbanismo no Brasil: Construção e crise de um campo disciplinar.

Notas sobre o Urbanismo no Brasil: Construção e crise de um campo disciplinar.

A autora Margareth da Silva no artigo “Notas sobre o Urbanismo no Brasil” analisa o início da estruturação do Urbanismo como um campo multidisciplinar, de reflexão e ação técnica, artística e administrativa. A disciplina de Urbanismo começa a surgir no século XVIII, buscando entender e explicar as mudanças na sociedade feudal e camponesa em meio ao surgimento dos burgos.

Com a segunda revolução industrial e a consolidação do novo modelo de cidade, o urbanismo também se consolida, obedecendo a algumas características principais. Segundo a autora, os países mais desenvolvidos industrialmente eram também os mais influentes, visto que possuíam maior visibilidade internacional. São destacadas as diferenças no modo de interpretar acontecimentos e mudanças nas cidades entre países e culturas diferentes, e que países que atravessam períodos de instabilidade e crise urbana tendem a acelerar o processo de mudança e reestruturação social. A autora afirma ainda que a expansão dos veículos de comunicação e transporte nas cidades evidenciou a disciplina, e acelerou sua aceitação.

O urbanismo evolui e passa a priorizar a circulação, higienização e a beleza, tendo parte também na luta contra a desigualdade e injustiça social. No Brasil, os pontos principais do processo de urbanização foram o embelezamento urbano, preservação do patrimônio físico e da cultura do país. Este processo no Brasil se mostra distinto em relação a outros países, e ocorre em um ritmo diferente, visto que o Brasil já possuía a tradição de projetar suas cidades, herdada dos portugueses. Portanto, os efeitos do desenvolvimento de metrópoles e grandes cidades no país são sentidos tardiamente, na década de 1930.

O urbanismo é posto em debate no Brasil quando as diferenças sociais e econômicas se tornam objeto de discussão, evidenciando os problemas urbanos e gerando respostas para o crescimento demográfico. Neste ponto, a disciplina entra em sintonia com vários países, buscando reformular aspectos morais e sociais, organizar o sistema de circulação e tecnológico, e ainda reverter o processo de desnaturalização das cidades, aproximando-as da natureza e corrigindo as distorções provocadas pelo desenvolvimento urbano.