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A Moeda e a Inflaçäo

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Por:   •  22/5/2013  •  Tese  •  4.856 Palavras (20 Páginas)  •  656 Visualizações

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5. A Moeda e a Inflaçäo

5.1. A Inflação

5.2. A Evidência Empírica

5.3. Os Déficits Governamentais e a Inflação

5.4. O Imposto Inflacionário e a Seigniorage

5.5. A Hiperinflaçäo

5. A Moeda e a Inflação

Neste texto focalizaremos o efeito do crescimento monetário sobre a inflaçäo e as taxas de juros. Consideraremos quatro tópicos.

Primeiro, examinaremos a proposta monetarista de que a inflaçäo é um fenômeno monetário, o que significa que a inflaçäo é inteiramente ou, no mínimo primordialmente, devida ao crescimento monetário excessivo. Segundo, estudaremos as ligaçöes entre as taxas de juros, a inflaçäo e o crescimento monetário. A questäo é se o crescimento monetário maior aumenta ou diminui as taxas de juros. Terceiro, veremos as ligaçöes entre os déficits orçamentários e o crescimento monetário, perguntando se ou sob quais circunstâncias os déficits orçamentários geram crescimento monetário. Finalmente, descreveremos as hiperinflaçöes e o papel do crescimento monetário nelas. (Dornbusch)

5.1. A Inflação

A inflação é definida como a alteração percentual do nível de preços. Portanto, (…), precisamos identificar adequadamente o nível de preços. No modelo que desenvolvemos até agora, o nível de preços P é usado no único produto da economia. (…) Na prática, a inflação normalmente é medida pela variação do índice de preços ao consumidor (IPC), que é o preço médio da cesta de bens e serviços consumidos por uma família representativa. (Sachs & Larrain, p.365)

Nosso objetivo é apresentar a visäo monetarista de que a inflaçäo é, sempre e em qualquer lugar, um fenômeno monetário. Para uma compreensäo firme, duas distinçöes devem ser mantidas em mente: a primeira é entre o curto e o longo prazo; a segunda é a distinçäo entre os distúrbios monetários e outros distúrbios (fiscais, por exemplo, ou choques do petróleo) relativos à economia.

Os monetaristas tendem a se concentrar no longo prazo e nas economias onde as variaçöes no crescimento monetário säo distúrbios primários. No curto prazo outros distúrbios, além das variaçöes no estoque monetário, afetam a inflaçäo e, por outro lado, variaçöes no estoque monetário têm efeitos reais.

Um ponto chave na distinçäo entre o curto prazo e o longo prazo e na determinaçäo da dinâmica da inflaçäo é o papel das expectativas. O crescimento monetário maior terá efeitos reais enquanto as expectativas inflacionárias näo tenham sido totalmente adaptadas. Milton Friedman colocou seu ponto de vista como se segue:

"A análise monetarista vem para dizer que quaisquer variaçöes na quantidade nominal de moeda que sejam antecipadas seräo totalmente incorporadas nas expectativas inflacionárias e em outras, mas que as variaçöes näo-antecipadas na quantidade de moeda näo seräo. Um aumento ou decréscimo näo-antecipado na quantidade de moeda tende a afetar o gasto nominal total de 6 a 9 meses depois, em países como os Estados Unidos, o Japäo e a Grä-Bretanha. O efeito inicial é primordialmente sobre a produçäo, em vez de sobre os preços. Os preços tendem a ser afetados somente 18 meses ou dois anos mais tarde. (Friedman, "Monetarism in Rhetoric and Practice", Bank of Japan, Monetary and Economic Studies, 1983).

Existem quatro características do processo de ajustamento e do novo equilíbrio de longo prazo que säo importantes para se manter em mente:

• Um aumento sustentado na taxa de crescimento da moeda irá, no longo prazo, quando todos os ajustamentos tiverem ocorrido, levar a um igual aumento na taxa de inflaçäo. Se o crescimento monetário aumentar 5%, entäo, também assim aumentará, em última instância, a taxa de inflaçäo.

• Uma variaçäo sustentada no crescimento monetário näo terá efeitos de longo prazo sobre o nível da produçäo. (…)

• No curto prazo, durante o processo de ajustamento, o crescimento monetário maior afetará a taxa de juros real, a demanda agregada e a produçäo. Especificamente, nos estágios iniciais haverá uma expansäo na produçäo enquanto a inflaçäo aumentará.

• No curto prazo, o crescimento monetário maior reduzirá a taxa de juros real. Porém, no longo prazo, a taxa de juros real retornará ao seu nível inicial. (Dornbusch)

Desde o começo, precisamos distinguir o aumento de preços de uma vez só do aumento persistente de preços. O primeiro é conseqüência de determinados choques, tal como aumento do preço internacional do petróleo, e o segundo, geralmente, é conseqüência de algum problema econômico crônico, como, por exemplo, um déficit orçamentário grave e persistente. Também precisamos diferenciar a inflação de acordo com a sua severidade. Em certas nações, como a Alemanha e a Suiça, a inflação tem estado abaixo dos 10% a décadas. Em outras, os aumentos de preços ultrapassam os 20% anuais há muitos anos. Num terceiro grupo de nações, entre as quais estão Argentina, Brasil e Peru, a inflação ultrapassou os 100% ao ano na maior parte da década de 1980. (Sachs & Larrain, p.366)

Estabeleceremos alguns resultados básicos neste texto. O mais importante é que realmente a inflaçäo alta é, sem dúvida, primordialmente um fenômeno monetário, no sentido de que a inflaçäo näo poderia continuar sem que houvesse crescimento monetário. Porém, normalmente, em condiçöes de inflaçäo alta, existem também grandes déficits orçamentários, que determinam o rápido crescimento monetário.

Entretanto, quando as taxas de inflaçäo säo mais baixas, na média de um único dígito ou dois dígitos baixos, os distúrbios reais, como choques de oferta, podem muito bem estar desempenhando um papel relativamente maior e o papel da moeda torna-se menos dominante. (Dornbusch)

Em certos casos extremos, a inflação atingiu mais de 50% ao mês (uma taxa anual de cerca de 13.000% ao ano) e, neste caso, é denominada hiperinflação. Entre os casos recentes de hiperinflação, temos o da Bolívia, entre 1984-1985, e o do Peru, Argentina, Brasil, Nicarágua, Polônia e Iugoslávia, em 1989. (…) Na América Latina, podemos atribuir a alta inflação aos grandes e persistentes déficits orçamentários monetizados pelo banco central - ou seja, são pagos com a emissão de moeda. (Sachs & Larrain, p.367)

5.2. A Evidência Empírica

Focalizaremos

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