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Fundação da Universidade do Distrito Federal em 1935

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Por:   •  24/5/2014  •  Tese  •  2.108 Palavras (9 Páginas)  •  284 Visualizações

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3. A Fundação da Universidade do Distrito Federal, em 1935

Embora a Reforma Francisco Campos recomendasse, desde 1931, a criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras, e sua inserção na Universidade do Rio de Janeiro, nenhuma medida efetiva fora tomada para isso, nos primeiros anos da década de 30.

A esse respeito, o governo de São Paulo adiantou-se : em 25 de janeiro de 1934, instituiu a Universidade de São Paulo (USP), incorporando alguams escolas superiores já existentes, bem como diversos institutos técnico-científicos mantidos pelo Estado, adicionando-lhes, outrossim, a recém-fundada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL).

Os paulistas tinham atribuído as derrotas de 1930 e 1932 à carência de quadros especializados para o trabalho político e cultural. Em razão desse diagnóstico, procuraram resolver o problema criando a Escola Livre de Sociologia e Política, em 1933, e organizando a USP no ano seguinte. Nesta, a grande novidade – a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – deveria ser o seu órgão central.

A Escola Livre de Sociologia Política, impulsionada por grupo de empresários, professores e jornalistas, adotou um modelo de ensino e de pesquisa de inspiração norte-americana, na linha empírica. Recebeu da Fundação Rockefeller uma coleção de livros que veio, depois, a se constituir o núcleo da melhor biblioteca especializada do gênero, no país.

Já a Universidade de São Paulo, apoiada pelo grupo Mesquita, dono do prestigioso jornal O Estado de São Paulo, deu preferência ao modelo francês que, aliás, se encaixava razoavelmente bem nas normas da Reforma Francisco Campos.

Ambas as instituições contrataram professores estrangeiros e deixaram claro, nos documentos de suas respectivas fundações, que um de seus mais destacados objetivos era o de formar "personalidades capazes de colaborar eficaz e conscientemente na direção da vida social" (Estatutos da ELSP, in: Fávero, 1980, p. 175).

Desejavam os paulistas recuperar pela cultura, pela ciência e pela competência técnica de suas elites a posição de hegemonia política no âmbito nacional que haviam perdido na luta armada. Por isso colocaram a centralidade da educação superior no campo político e concederam importância primordial às ciências sociais: sociologia, economia, história, ciências políticas, etc.

Na cidade do Rio de Janeiro, em 1931, foi o médico Pedro Ernesto do Rego Batista nomeado interventor do Distrito Federal. Tinha ele participado dos levantes de 1922 e 1924 e apoiado Vargas na Revolução de 1930.

Pedro Ernesto fez uma administração dirigida principalmente para melhoria dos serviços de saúde e educação. Reequipou e ampliou as instalações hospitalares, criando, entre outras obras; os hospitais Miguel Couto, Getúlio Vargas e Carlos Chagas. E convidou o baiano Anísio Teixeira – que representava a corrente mais democrática da Escola Nova – para a Diretoria Geral da Instrução do Rio de Janeiro.

A indicação de Anísio Teixeira fora feita pelo jurista Temístocles Cavalcanti, que o conhecia como defensor da adoção de um sistema escolar público, gratuito, obrigatório e leigo. De fato, ao longo de sua gestão no Rio de Janeiro, foram construídas cerca de 30 escola, localizadas em sua maior parte nas áreas pobres da cidade.

Relata Hermes Lima (1978) que, no plano educativo, a nova administração recebera um meritório acervo de medidas tomadas anteriormente por Carneiro Leão e Fernando de Azevedo. Delas partiu Anísio Teixeira para uma campanha de expansão e modernização do sistema escolar no nível primário e também no médio, aproveitando a brecha da Reforma Francisco Campos, estabelecida no Decreto nº 21.241 de 4 de abril de 1932, que permitia a inclusão de disciplinas diferentes das previstas no currículo secundário, em termos facultativos. Desse modo, tratou ele de diminuir as distinções curriculares que separavam as escolas pós-primárias, destinadas aos futuros operários, das escolas secundárias, que encaminhavam os alunos para os cursos superiores: elevou todo o ensino técnico-profissional ao nível do secundário, passando várias cadeiras a serem conjuntamente estudadas por alunos de cursos diversificados e permitindo, assim, que todos pudessem pleitear o ingresso em graus superiores de ensino (Cunha, 1980, Hermes Lima, 1978).

Considerando a formação de professores um dos pilares da melhoria do ensino, buscou Anísio transformar a antiga Escola Normal numa escola superior para professores. Fundou, então, o Instituto de Educação como entidade modelar, onde todos os níveis de ensino – desde jardins de infância, passando pela escola primária experimental, pelo curso ginasial, o curso profissional para professor primário e os níveis superiores – ficaram reunidos para funcionar dentro dos princípios da escola progressiva, que dava grande relevo aos trabalhos de laboratório, ao canto, à recreação, aos jogos e à educação física. Tomou, igualmente, uma série de medidas que se reputavam avançadas para a época, como a instalação de bibliotecas no maior número possível de escolas, a fundação da Escola-Rádio e do Instituto de Pesquisas Educacionais, que possuía, entre outros órgãos especializados, o serviço de estatística, o de freqüência escolar, o de obrigatoriedade etc. (Hermes Lima, 1978).

Durante sua administração, Anísio Teixeira foi duramente atacado pela Igreja Católica, que o acusava de ser materialista, comunista e querer levar a mocidade à degradação espiritual. Mantê-lo na direção da instrução pública foi um verdadeiro ato de coragem de Pedro Ernesto, que, no entanto, assim o fez respaldado no entusiasmo dos professores e no expressivo apoio popular que lhe garantiu a vitória nas eleições de 1934, na Câmara Municipal, através da qual se tornou ele o primeiro prefeito eleito do Distrito Federal.

A posição da Igreja Católica em relação a Anísio Teixeira teve influência relevante no decorrer dos acontecimentos e poderá, talvez, ser melhor compreendida relembrando-se a atmosfera ideológica da época, assim como alguns traços de sua biografia.

Fizera Anísio Teixeira seus estudos primários e secundários entre os jesuítas, que colimavam para seu brilhante aluno a carreira sacerdotal. Contra esses desígnios interferiu, no entanto, seu pai – médico, senhor de terras e líder político da região de Caetité, no sertão baiano. Em vez de lhe permitir que tomasse ordens religiosas, enviou-o ao Rio de Janeiro para Padre Luiz Gonzaga Cabral, a insistir com o pai para ingressar nas hostes de Santo Inácio, mas a oposição

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