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A Integração bilateral Brasil-Argentina: tecnologia nuclear

Por:   •  1/7/2018  •  Seminário  •  1.254 Palavras (6 Páginas)  •  241 Visualizações

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A integração bilateral Brasil-Argentina: tecnologia nuclear

A questão nuclear sempre atuou como um divisor de águas entre os dois países. Ter ou não ter a bomba era o grande entrave da integração nuclear entre Brasil e Argentina.

Brasil: contexto nuclear

O início dos estudos na área nuclear pelo Brasil e também pela Argentina ocorreu devido à importância dessa tecnologia, observada por ambos na corrida armamentista em outros países.

Na década de 50, o Brasil cria então institutos de pesquisas, organismos de planejamento e administração, com o objetivo de promover o setor e mobilizar cientistas, para buscar uma independência do país na questão da tecnologia nuclear.

O Brasil assina então, acordos bilaterais com os EUA, mas que desfavorecem o país uma vez que comprometem seu potencial estratégico. Em 1975, Brasil firma um acordo com um novo parceiro, a Alemanha. O resultado foi negativo para o país visto que situação da dependência nuclear não se modificou e a dívida externa do país agravou-se.

O presidente Ernesto Geisel, em seu governo, opta por instaurar um parque nuclear no país, através de um enorme projeto que deveria ser concluído por etapas. Com exceção de Angra, a decisão de Geisel não obtém andamento.

Angra I foi a primeira usina nuclear brasileira e a segunda da América Latina (a primeira foi na Argentina). Instalada na Praia de Itaorna, no município de Angra dos Reis, no sul do estado do Rio de Janeiro, Angra I integra a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Em 1972 foi iniciada sua construção, mas só recebeu sua licença para operar em 1984. Fabricada pela Westinghouse, empresa americana e operada pela Eletronuclear, a usina atua com um núcleo refrigerado por água leve e desmineralizada. Foi considerada negativa por conta dos diversos problemas que apresentou. Apesar disso, informações do ano de 2017 obtidas em entrevista com o diretor de operação e comercialização da Eletronuclear, João Carlos da Cunha Bastos, apontam bons resultados em Angra I no ano de 2016.

Apesar de o Brasil ser o quinto maior detentor de urânio no mundo, o país teve dificuldades em dominar a tecnologia nuclear, uma vez que não obteve sucesso em fazer todo o sistema funcionar, consolidando o processo.

Em 1979 surgiu o Programa Nuclear Militar, um programa autônomo e secreto das Forças Armadas, que desenvolveu uma tecnologia nacional pelo método da ultracentrifugação. Inicialmente, o objetivo era desenvolver a tecnologia nuclear no país, entretanto, havia um interesse bélico por parte dos governos militares.

Argentina: contexto nuclear

A Argentina, através do PLAN (Plano Nuclear Argentino) buscou um modelo independente visando dominar o ciclo do urânio para assim, conseguir a hegemonia do país, regional e continental.

Após inaugurar sua segunda usina central, em 3 de maio de 1983, o país tornou-se a segunda potência nuclear do chamado Terceiro Mundo- expressão que surgiu no contexto da Guerra Fria e denominava os países não alinhados, que não estavam nem do lado dos EUA nem do lado da URSS- , perdendo apenas para a Índia.

Um fator curioso sobre a tecnologia nuclear é que os países ainda não sabem o que fazer com seus dejetos e muitos deles, o mais avançados principalmente, continuam procurando uma alternativa de armazenamento.

A Argentina criou em 1950 a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEA).

Assim, é possível concluir que ambos os países dispõem do material necessário, mas não possuem de fato a intenção de construir.

O problema surge quanto ao uso da tecnologia nuclear como material bélico. Ambos concordam com o compromisso de não utilizar a tecnologia nuclear para fins bélicos em um processo bilateral iniciado em 1980.

O processo de conflito e integração

Durante longos anos, houve entre os dois países uma necessidade de fortalecer os exércitos e disputar armas, que fazia parte de uma disputa político-militar entre Brasil e Argentina. O conflito entre ambos aumentou com a chegada da era atômica e um perigo de corrida armamentista.

O campo político sempre se mostrou como o maior obstáculo para a integração entre os dois países. A integração nuclear ocorreu de forma lenta, através de ciclos gradativos e de certa forma, paralelo a integração do mercado comum do Sul.

Essa integração se iniciou de forma informal, com um intercâmbio de cientistas entre os dois países. Sem nenhum envolvimento do governo, cientistas do Brasil e da Argentina através de trocas de documentos, visitas as instalações do outro país e discussões acadêmicas concretizaram essa negociação.

A partir disso, a integração ia se consolidando, influenciadas por uma vontade mútua de desenvolvimento e de promover uma relação pacífica entre os programas das nações. Os cientistas brasileiros e argentinos buscavam uma interação de projetos e instalações.

A nível político e diplomático, alguns fatores foram de grande contribuição para integração Brasil-Argentina. Foi proposta por um general argentino, nos anos 70, uma unificação dos dois programas atômicos, visando evitar a corrida armamentista na América Latina, mas a proposta não foi aceita pelas Forças Armadas de ambos os países. Nos anos 80, a abertura começa a se iniciar, a medida que as ideias foram sendo consideradas.

Foi durante a Guerra de Malvinas que os elos de aproximação foram marcados, modificando o funcionamento das relações internacionais entre ambos e mostrando a importância da cooperação entre Brasil e Argentina.

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