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Problemas de industrialização da Europa Oriental e Sul Oriental

Por:   •  24/9/2020  •  Resenha  •  1.399 Palavras (6 Páginas)  •  447 Visualizações

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Paul Narcyz Rosenstein-Rodan (1902–1985), foi um economista instruído na tradição austríaca em Viena. Suas primeiras contribuições para o campo da Economia foram em teoria econômica pura. Rodan foi editor de um jornal, até se tornar professor, quando lecionou em universidades como UCL, MIT e Boston University. Ragnar Nurske foi um economista nascido na Estônia em 1907, tendo as suas maiores contribuições nos campos das finanças internacionais e no desenvolvimento econômico. Ambos autores abordam a questão do desenvolvimento equilibrado, e aqui serão abordados dois artigos desses autores, discorrendo sobre a discrepância entre retorno social e retorno privado do investimento, discutindo sua aplicação no exemplo da construção de uma ferrovia e ampliando essa discussão para as dificuldades na implementação de ferrovias no Brasil. 

No texto Problemas de industrialização da Europa Oriental e Sul Oriental, Rodan inicia seu trabalho estabelecendo uma relação do atraso de um país com o excesso de população agrária, segundo ele 25% da população estaria total ou parcialmente desocupada. Esse excesso de população agrária seria prejudicial ao funcionamento da divisão internacional do trabalho, existindo então duas soluções possíveis para sanar o problema: emigração  ou industrialização. Se a mão de obra vai até o capital, lida-se com uma situação de emigração, mas se o capital vai até a mão de obra, trata-se de industrialização. Dessa forma, um investimento em fábricas e indústrias faz com que seja possível empregar a mão de obra excedente. 

          O autor apresenta dois modelos para se realizar a industrialização. O primeiro é chamado “modelo russo”, que ocorreria com uma economia fechada. Já o segundo modelo trata-se de um modelo aberto, de ajustamento à economia mundial. Rodan apresenta vantagens e desvantagens no que diz respeito ao primeiro modelo, dentro das desvantagens estão o crescimento lento, a redução da divisão internacional do trabalho e o desperdício de recursos. No segundo modelo, modelo aberto, a primeira vantagem a ser observada é a possibilidade de progresso mais rápido, bem como o fato de que a inserção da economia na economia mundial ajudaria na divisão internacional do trabalho e a possibilidade de aproveitamento de grandes indústrias já estabelecidas em países mais ricos. 

         Segundo Rodan, o primeiro passo para a industrialização seria transformar a população agrária em operários para a indústria, gerando mão de obra. E o treinamento desses operários poderia ser oferecido por um Truste Industrial da Europa Oriental que deveria ser criado, uma vez que o autor não considera lucrativo para o empresário oferecer esse treinamento, uma vez que ele enfrenta grandes riscos de perder esse investimento, como a chance do operário trocar de empresa. Porém, ainda que não seja uma interessante aplicação de capital para a empresa privada, é o melhor tipo de investimento para o Estado (p.254). Rosenstein-Rodan entende que, em uma economia subdesenvolvida, as decisões de investimento por parte da empresa privada não podem ser tomadas com base nas experiências do passado, visto que as informações são limitadas, e isso faria com que a empresa incorresse em altos riscos.  O que, para ele, é mais um motivo para a criação do truste de empresas. Aqui se apresenta a diferença entre o retorno social e o retorno privado do investimento, visto que os investidores não se beneficiam das economias externas geradas pelo investimento realizado, ocasionando em investimentos dispersos. O Truste, como unidade de investimento planejado em larga escala, disporia de informações suficientes para determinar os investimentos, reduzindo custos associados ao risco. 

No exemplo das ferrovias, ele propõe que as economias externas devam ser incluídas no cálculo do lucro, e que a criação desse tipo de indústria básica deva ser promovido por gerar novas oportunidades de investimento, sugerindo essa como a melhor opção economias como a chinesas e da américa latina, por direcionarem onde os demais investimentos devam ocorrer, em qual proporção e para qual finalidade. Para esses economias, propõe que o objetivo é de ocupar produtivamente o excedente populacional proveniente da atividade agrária, e a escassez de capital vai determinar que a concentração seja em indústrias trabalho intensivas, e que mesmo assim, a população não será integralmente empregada.           

Nurske, em seu artigo  “Alguns aspectos internacionais do desenvolvimento econômico”, fala sobre como o nível de mercado se dá pelo nível da produtividade, associando o nível de compra ao de produção, e que para a expansão da produção é necessário o investimento, que sofre limitações pelo tamanho do mercado. 

Para isso, ele propõe que a expansão do investimento deva ocorrer em várias indústrias simultaneamente, dada a necessidade de aumento da produtividade, e consequentemente da renda, e que isso não seria promovido caso somente uma indústria fosse instalada. Ele utiliza o exemplo da instalação de uma indústria de sapato, justificando que devida a inelasticidade da renda dos trabalhadores, que a criação dessa indústria não cria a demanda por sapatos que justifique sua implementação, e que a criação de várias empresas complementares para o consumo em massa seria capaz de promover a sua própria demanda. 

Na sua proposição de como isso possa ocorrer, ele discorre que independentemente da escolha ser pautada pelo investimento governamental ou pela iniciativa privada, que a maior questão está no investimento internacional, que se concentra nas áreas de exportação produzidas por esses países o que se justifica pelo baixo nível de renda das populações desses países e demanda por esses produtos pelos países desenvolvidos. Ele propõe que para que o movimento do capital ocorra das áreas com maior concentração para as com escassez é necessário que o investimento seja realizado simultaneamente em várias indústrias complementares, demonstrando, aqui a discrepância entre a produtividade marginal social e do capital. Aqui, aponta a dificuldade do investidor romper com as limitações originadas pela baixa produtividade, pelos estímulos ao investimento e pelo baixo poder aquisitivo, argumentando que esse investimento é pautado pela demanda, enquanto o investimento público não teria necessariamente essa questão para direcionamento de recursos.

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