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A Introdução às Relações Internacionais: teorias e abordagens

Por:   •  26/3/2023  •  Trabalho acadêmico  •  1.632 Palavras (7 Páginas)  •  68 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

Curso de Relações Internacionais – RI

Introdução às Relações Internacionais (CRI 1002)

 RESUMO CRÍTICO 1

Texto: JACKSON, Robert; SORESEN, Georg. Introdução às relações internacionais: teorias e abordagens. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007, pp. 1-58 (Capítulo 1).

Mateus Cruvinel Rodrigues e Tiffany Rigo Mognon

     As Relações Internacionais (RI) consistem em um campo de estudo muito amplo, representado, na hodiernidade, pelas interações entre Estados e pela forma que permeiam nas mais diversas esferas das relações estabelecidas pela humanidade. Segundo Jackson e Sorensen (2007), quase todos os indivíduos estão ligados a um Estado específico e, logo, a um sistema internacional que influencia toda a sua vida. Assim, os autores buscam mostrar a importância de tal campo de estudo para a compreensão desse sistema, seus antecedentes e suas consequências para as instituições, entidades e indivíduos envolvidos; além disso, trazem uma introdução esclarecida sobre o assunto, visando ampliar o interesse do leitor na temática abordada e tomando como argumento central o fato de o sistema estatal ser mutável e apresentar vantagens e desvantagens para os envolvidos.

       Os autores observam que, ao longo da história, já existiram sistemas estatais e semi-estatais de diferentes formas. Contudo, o tema das RI só começou a ser discutido a partir do início da Era Moderna, com o fim da Guerra dos Trinta Anos e a consequente Paz de Vestfália.

     Jackson e Sorensen (2007) fazem uma análise consistente dos valores básicos de Estado, associando-os às teorias que se baseiam em cada um desses pontos. Ao menos em tese, os Estados têm pelo menos cinco valores básicos que deveriam defender, quais sejam segurança, liberdade, ordem, justiça e bem-estar (JACKSON E SORESEN, 2007). Quanto ao primeiro ponto, a própria existência de Estados armados e independentes já interfere em tal valor, tendo em vista que, quando um território busca se defender, aumentando sua força militar, ele ameaça a segurança de outros, que, para se protegerem, aumentam a sua também, o que gera um paradoxo conhecido como “dilema de segurança”. Essa abordagem, focada nas relações de poder, nos conflitos e na segurança nacional, são típicas de uma análise mais voltada às teorias realistas das RI (Morgenthau 1960).

     Já quanto ao segundo, em uma visão mais voltada às teorias liberais (Claude 1971), é importante citar que não é possível que os cidadãos de um Estado sejam considerados livres, se o Estado em si não o for. Todavia, mesmo em um país livre, sua população pode não ser, por exemplo, quando este se envolve em guerras e conflitos.

     Ademais, para os valores de ordem e justiça, Jackson e Sorensen (2007) ressaltam que é fundamental que os Estados mantenham compromissos com tratados e hábitos de ordem legal internacional, além de exercerem a prática diplomática, apoiarem organizações internacionais e defenderem os direitos humanos. Esta perspectiva em relação à política mundial, voltada a interesses compartilhados, regras e instituições, é mais característica das teorias da Sociedade Internacional da RI (Bull 1995).

      Por fim, para que o último valor seja garantido, os autores citam que os governos devem implementar políticas que busquem manter a estabilidade financeira da população ao mesmo tempo que promovam uma ascensão econômica do país. Contudo, a interdependência econômica existente nesse sistema nem sempre permite que tais planos sejam postos efetivamente em prática. Assim, se, por um lado, essa dependência possibilita uma expansão do comércio global, por outro, pode acabar acentuando as desigualdades entre os países, tendo em vista que aqueles mais favorecidos em questão de recursos financeiros e tecnológicos acabam, de certa forma, dominando os mais desfavorecidos. As teorias que focam na riqueza e bem-estar como valores fundamentais das relações internacionais são as de economia política internacional (EPI) (Gilpin 1987).

      Considerando tudo isso, Jackson e Sorensen lembram que nem sempre a população mundial viveu sob a organização de Estados e, talvez, também não mais viverá em algum ponto futuro. A política mundial está mudando constantemente e cabe ao sistema vigente se adaptar ou não a essas mudanças que determinam cada período histórico. O sistema estatal, por exemplo, está historicamente ligado à modernidade e caminha junto a ela, influenciando em suas características centrais.

     Segundo Jackson e Sorensen (2007), a primeira demonstração de um sistema estatal claro é a Grécia Antiga, conhecida como Hélade (Wight 1977; Watson 1992), onde as cidades-estado tinham amplas relações umas com as outras. Todavia, os antigos agrupamentos políticos não eram Estados soberanos e nem contavam com uma diplomacia estabelecida ou o direito internacional e as organizações internacionais como esses termos são conhecidos hoje.

     Na Era Medieval, apesar de que os Estados existissem, eles não eram independentes e soberanos no sentido moderno. A cristandade medieval funcionava mais como um império do que como um sistema estatal de fato. O poder era organizado de forma difusa, dividido entre papa e imperador e outras autoridades subordinadas a eles. (JACKSON E SORESEN, 2007)

     Com o início da Era Moderna, o rei passou a assumir toda a autoridade governamental sobre o povo e cuidar de um território com fronteiras mais bem definidas. Assim, buscando expandir suas terras, muitos monarcas passaram a promover invasões e conflitos, fato que acendeu as rivalidades internacionais. Além disso, outras desavenças entre povos passaram a ter a guerra como instituição internacional de peso para suas resoluções. (JACKSON E SORESEN, 2007)

     Dessa forma, como relembram Jackson e Sorensen (2007), todas as organizações e instituições nacionais passaram a ser subordinadas à autoridade estatal, e o mundo constitui o atual formato de colcha de retalhos, onde cada área está sob custódia de um Estado particular, obedecendo as suas leis e regras, mas, mais do que isso, sujeitas ao direito internacional e às práticas diplomáticas.  

    É importante lembrar, outrossim, que a história da Europa pós-Vestfália é marcada por diversas disputas nas quais os Estados tentaram estabelecer uma relação hegemônica uns sobre os outros. Diante disso, os europeus passaram a estabelecer colônias ou fortes relações com povos não-europeus através do planeta, dominando a maior parte da Ásia, África, Oceania e América. Assim, eles acabaram exportando o sistema de organização internacional europeu para o resto do planeta através de imposição, como evidenciam os atores.

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