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HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: BREVE ANÁLISE DO SÉCULO XX

Por:   •  10/9/2018  •  Artigo  •  3.858 Palavras (16 Páginas)  •  238 Visualizações

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MARCUS GABRIEL DA SILVA

HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:

BREVE ANÁLISE DO SÉCULO XX

Trabalho apresentado à disciplina de História das Relações Internacionais como requisito para a obtenção de menção parcial.

Docente: Prof. Dr. Martin Adamec.


HISTÓRIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

BREVE ANÁLISE DO SÉCULO XX

        A globalização é objeto de estudo de diversas áreas do conhecimento e um fenômeno próprio do século XX. Os autores Viola e Leis a definem como “um aumento dramático da extensão e intensidade da interdependência entre as sociedades nacionais” (2007, p. 3). Afirmam ainda, em seguida, que essa interdependência possui cinco dimensões: militar, econômica, política, sociocultural e ecológica. Embora o desenvolvimento dessas dimensões seja observado com clareza em períodos após a Segunda Guerra Mundial, o aumento gradual da interdependência e sua posterior intensificação entre os Estado, especificamente os europeus, advém de períodos anteriores à Primeira Guerra Mundial (Por exemplo, a obra A Grande Ilusão de Norman Angell aborda a temática em 1910), os quais são imprescindíveis para elucidação do contexto histórico e análise do século XX. Igualmente, pode-se compreender o próprio surgimento, bem como o desenvolvimento da disciplina de Relações Internacionais em instituições acadêmicas como um esforço científico de produzir conhecimentos quanto às causas e efeitos diante dos principais fatos do século XX em um ambiente no qual o citado aumento da interdependência, em algum nível ou dimensão, rege o sistema internacional e as relações entre os Estados.

        Todavia, por ser um campo do conhecimento em ascensão e de base multidisciplinar, a área de Relações Internacionais vale-se de contribuições da longeva ciência da História na análise de seus objetos de estudos. Por exemplo, o início da Primeira Guerra Mundial é comumente mencionado com a morte do Fraz Ferdinand em um atentado na cidade de Sarajevo no dia 28 de julho de 1914 e suas consequências. Então, surge a indagação cuja resposta pode afirmar: a sobrevivência de Franz Ferdinand ao atentado poderia evitar a Primeira Guerra Mundial. Esse questionamento aborda de forma simples problematizações de maior relevância da História das Relações Internacionais: causas da guerra e da paz e relevância de homens de Estado no devir histórico, se estes são criadores da história ou reflexos do sistema no qual estão inseridos. Uma importante contribuição realizada pela Escola Francesa encontra-se no conceito de Renouvin de forças profundas, que José Flávio Sombra Saraiva descreve como “o conjunto de casualidades sobre os quais atuavam os homens de Estado, em seus desígnios e cálculos estratégicos” (2008, p. 12). Deste modo, qualquer consideração sobre a inevitabilidade da Primeira Guerra Mundial ou a possiblidade de qualquer mudança no devir histórico deve considerar todo o contexto que tenha influenciado os anos inicias do século XX.

        Pode-se dividir o período anterior a Primeira Guerra Mundial em dois momentos importantes para discursão acima aludida. Para o primeiro, a construção do mundo liberal, Amado Luiz Cervo (2008, p. 41-75) oferece uma descrição concisa. O Congresso de Viena apresenta em 1815, após a queda de Napoleão, a configuração de uma nova ordem internacional fundada num sistema de regras e condutas, e controlada pelas grandes potências europeias – Grã-Bretanha, Rússia, Áustria, Prússia e, posteriormente, a França – diferentemente da anterior imposição unilateral de uma potência singular ou da prevalência de múltiplas independências.  Através da negociação de interesses em comum fora formada uma sociedade internacional europeia, sendo suas relações estendias por todo o mundo, em um período marcado pela expansão da revolução industrial e o impulso econômico e político das potências europeias.  Então, as questões econômicas, políticas e sociais comuns conduziram ao beneficiou mútuo e ao desenvolvimento de um sistema de hegemonia coletiva denominado Concerto Europeu que manteve a paz sistêmica. Embora a liberdade de cada Estado fosse limitada, todos mantinham sua independência em um ambiente de hegemonia descrita como móvel e flexível, pois cada Estado mantinha seus próprios interesses e os buscava alcançar. De tal modo, configurava-se uma delicada, porém funcional balança de poder.

        No entanto, como descrito por Cervo (2018, p 46) a “luta entre hegemonia e anti-hegemonia” move “o pêndulo das relações internacionais” entre o “triunfo absoluto da independência e o triunfo da hegemonia absoluta.” Assim sendo, o segundo momento anterior à Primeira Guerra Mundial refere-se ao apogeu e colapso do sistema internacional europeu, descrito com precisão por Wolfgang Döpcke (2008, p 77 – 127). A fundação do Império Alemão, após três guerras de unificação, foi seguida de um processo de industrialização acelerado e transformou o país no centro da Europa em uma potência continental. O ano de 1871 marcou, depois da derrota da França na guerra franco-prussiana, o fim do sistema de Viena e a restruturação do sistema europeu de Estados. O período é caraterizado pelo aumento da concorrência internacional, gradual retorno ao protecionismo e por uma nova corrida colonial: considerada o novo imperialismo, incentivada principalmente pelo Império Alemão, evidenciada principalmente na patilha da África em 1876 e a realização plena do apogeu da dominação europeia no mundo. Entretanto, o sistema de equilíbrio de poder anti-hegemônico do Concerto Europeu baseado no consenso mostrou-se pouco a pouco desconstituído. A Alemanha influenciou as relações internacionais com mais evidência do que qualquer outro grande país e passou a exercer um potencial hegemônico no continente europeu. Na última década do século XIX, o poder europeu em escala mundial chegava ao ápice de seus limites. Assim, desde 1890 ocorreu a polarização das principais potências em dois blocos antagônicos quando a obtenção de algum interesse de um Estado passou a configurar um jogo de soma zero entre potências.

        A Tríplice Entente forma-se pela aliança franco-russa e o fim do distanciamento da Grã-Bretanha da política continental e sua aproximação da aliança entre Rússia e França. A superação das diferenças para formação da Tríplice Entende é motivada por uma causa comum: o temor da política externa alemã, que agia “como potência mundial não satisfeita” (Döpcke, 2008, p. 77) e era considerada “imprevisível, agressiva e ameaçadora” (idem, p. 112). Os tratados entre a Grã-Bretanha, França e Rússia era de natureza defensiva contra o domínio alemão na Europa e das ambições alemãs em escala mundial. Contrariamente, a Alemanha, reunida desde 1882 na Tríplice Aliança com a Aústria-Hungria e a Itália, sentia-se em um cerco que considerava um elo de ferro de potências inimigas. Portanto, no andamento da história, desde a hegemonia singular da França de Napoleão, através do Concerto Europeu de hegemonia móvel e flexível, até bipolaridade em fins do século XIX em diante, o aumento da tensão entre os interesses de supremacia de cada Estado associado a falta de interesse em manter a paz levou o sistema de Estados europeu de seu apogeu ao colapso com o início da Primeira Guerra Mundial.

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