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O Crash Do Indivíduo: Racismo E Vulnerabilidade Social No Capitalismo

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Por:   •  17/3/2014  •  4.050 Palavras (17 Páginas)  •  1.297 Visualizações

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O Crash do indivíduo: racismo e vulnerabilidade social no capitalismo

Julio César Lourenço

Resumo: Neste artigo, analisaremos o filme Crash – No limite (2004), uma obra que apresenta como racismo, xenofobia e segregacionismo são inscritos na sociedade capitalista contemporânea. Ele nos faz refletir sobre os preconceitos a partir da ação de indivíduos comuns e vulneráveis, revelando os limites, as contradições e as suas diferentes atitudes num determinado momento histórico da sociedade capitalista.

Crash – No Limite: preconceito, moral, ética, senso comum e generalização

Posted by Arthur Gandini on 22.8.12 in desgeneralização, educação, filmes,justiça, leis, opinião, resenhas, sociedade, Umesp

O filme “Crash – No Limite” mostra a sociedade estaduniense dominada pelo racismo, de modo que a sua moral determina que todos devem se respeitar. Porém, sua ética coletiva dita que nem sempre isso precisar ser seguido e é sujeito à punição. A ética individual mostra como cada um age em relação a esse contexto.

O filme mostra um país em que as leis não oferecem mais segregação social e determinam igualdade. Porém, passado esse momento histórico, suas consequências sociais se perpetuaram, seja no modo de agir, no preconceito, nas diferenças econômicas ou na cultura.

A classe média tem preconceito contra os negros, associando-os automaticamente ao crime por estes em geral serem mais pobres. Os negros reagem ao preconceito e ao senso comum muitas vezes com revolta e com o próprio crime, acabando em confirmar o que sua etnia é acusada por muitas vezes injustamente. O casal abordado pela polícia e o chefe policial, por sua vez, mostram a figura do negro que sobe de renda e se iguala ao branco, muitas vezes assimilando a cultura destes e esquecendo a sua de origem.

O policial que aborda o casal demonstra outra face apresentada no filme: a relação entre o preconceito e a ética individual. Se essa ética particular pregava intolerância aos negros, não foi preconceituosa o bastante para fazer com que o oficial não cumprisse seu papel – não só de policial, como de cidadão – e salvar a vida de alguém. Já o oficial que discorda do modo como seus companheiros trata os negros, entretanto, mostra como as circunstâncias de uma situação podem afetar a ética individual. Ao matar em legítima defesa o negro ao qual deu carona, livrou-se do corpo ao invés de assumir o crime, posicionamento moralmente condenável e discordante das atitudes corretas – do ponto de vista da ética coletiva – que teve ao decorrer do longa-metragem.

O filme gira em torno de uma grande generalização, em que os personagens atribuem a grupos diferentes características que não são correspondentes a todos esses grupos, mas apenas à parte destes. Um exemplo é quando o dono de loja tem seu estabelecimento destruído, sendo culpado pelo atentado de 11 de Setembro apenas por ser oriental. Uma saída para respeitar a moral e ética coletivas e evitar o preconceito é utilizar o senso crítico no lugar do senso comum. Afinal, todos têm o direito de terem suas diferenças toleradas e respeitadas.

Introdução

Minha intenção neste artigo constituir-se-á de uma exploração das problemáticas sociais levantadas no enredo do filmeCrash, que estão associadas aos ódios racial, cultural e xenófobo existentes na sociedade capitalista norte-americana. Em minha perspectiva, embora o diretor tenha se esforçado em dialogar com diferentes problemas do meio social de Los Angeles (uma sinédoque dos EUA), ele sacrificou um potencial aprofundamento de suas análises sociológicas às suas opções expressivas de configuração da narrativa cinematográfica.

De qualquer forma, Crash é um filme inteligente e corajoso que expõe todo um conjunto de preconceitos da sociedade norte-americana, que estão presentes na construção da individualidade e em ações do cotidiano, podendo se revelar a qualquer momento. Conforme a tese apresentada em Crash, apesar de as pessoas tentarem ocultá-los, com a velocidade da vida moderna, em algum momento, todos perdemos o controle e acabamos por reproduzi-los e perpetuá-los.

“Crash” entre denúncia e desengajamento

O filme Crash está imerso no contexto dos EUA pós-11 de Setembro, já então marcado pela perda de credibilidade do governo Bush quanto ao papel dos EUA na intervenção no Iraque. Daí, uma certa descrença nas instituições se combina com o aumento da sensação de insegurança e com a expressão do medo de aniquilação através de comportamentos desconfiados, agressivos e preventivos contra “negros” e “imigrantes”, assim como entre negros e imigrantes, que também definem distinções sociais entre si conforme a sua maior ou menor eficácia de aproximação em relação ao modelo “branco” de classe média próspera e letrada. Deste modo, em vez de demonstrar o maniqueísmo característico dos discursos oficiais do governo americano, o filme expõe uma fantástica “zona cinza” e não-linear, em que as díades Bem/Mal, Branco/Negro, Insider/Outsider e Vítima/Algoz são desconstruídas ao longo da trama, demonstrando que pensar responsabilidades envolve uma profunda auto-reflexão do próprio modelo civilizacional das relações sociais.

O cinema é um veículo privilegiado de expressão, criação e reflexão sobre valores e idéias de uma sociedade. Nos EUA, após o atentado ao World Trade Center, uma das atitudes da administração de George W. Bush foi a de aumentar o controle sobre os meios de comunicação. Conseqüentemente, as mídias, enquanto componentes da iniciativa privada, adequaram-se à forma e ao sentido dos discursos e ações políticas deste momento, reforçando as doutrinas defendidas por essa administração. Passados alguns anos, tal controle foi se reduzindo, permitindo paulatinamente o retorno de produções que fazem críticas ao meio social. É importante reconhecer que a indústria do cinema continua a ser um componente vital do conjunto da comunicação cultural e deve-se elucidar que a natureza de suas produções e suas influências ajudam a modelar o caráter e a direção da cultura norte-americana – e não somente ela.

De modo bastante interessante, o filme Crash trabalha a complexidade do ser humano, revelando seus limites, suas contradições e suas diferentes atitudes quando sujeito a um determinado momento ou situação histórica. O seu principal mérito é nos conduzir a pensar sobre os preconceitos[1] existentes no mundo moderno. O silêncio ao qual estamos habituados

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