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UMA EXPRESSÃO DE RESISTENCIA EM MEIO AO CAPITALISMO DEPENDENTE

Por:   •  12/11/2021  •  Trabalho acadêmico  •  7.177 Palavras (29 Páginas)  •  129 Visualizações

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CONAMURI: UMA EXPRESSÃO DE RESISTENCIA EM MEIO AO CAPITALISMO DEPENDENTE

CONAMURI: UNA EXPRESIÓN DE RESISTENCIA EN MEDIO DEL CAPITALISMO DEPENDIENTE

Autor(es)

Marinalva de Lima[1]

Resumo

O artigo trata de um grupo protagonizado por mulheres campesinas, no interior do Paraguai, chamado A Coordenadora Nacional de Organizações de Trabalhadores, Mulheres Rurais e Indígenas (CONAMURI) que se organizam como movimento de resistência contra a expansão do agronegócio engendrado dentro dos marcos do desenvolvimento dependente da América Latina. A partir da revisão de literatura, análise de documentos e entrevistas, contextualiza-se a luta dessas mulheres e busca-se entender se estas organizações sociais de resistência são apenas encaixes dentro da ordem desigual engendrada dentro dos marcos do desenvolvimento dependente da América Latina, ou têm algo mais a nos dizer nos processos de reconstrução societária. Por fim, espera-se como resultado que difusão das atrocidades suscitadas pelo modelo de desenvolvimento forjado pelo capitalismo dependente promova a necessidade de uma discussão em torno de “o que fazer para mudar isso?” e concomitantemente rompa com o silencio e invisibilidade das lutas da classe trabalhadora e campesina paraguaia, bem como mostre a força que tem os gritos coletivos instituídos rumo a construção de outra perspectiva de desenvolvimento anti-imperialista e anticapitalista.

Palavras-chave: Teoria da Dependência; subimperiaslimo; organizações de resistencia; CONAMURI.

Resumen

El artículo trata de un grupo liderado por mujeres campesinas, en el interior de Paraguay, denominado Coordinadora Nacional de Organizaciones de Mujeres Trabajadoras, Campesinas e Indígenas (CONAMURI) que se organiza como un movimiento de resistencia contra la expansión de la agroindustria engendrada en el marco de la dependencia. desarrollo de América Latina. A partir de la revisión de la literatura, el análisis documental y las entrevistas, se contextualiza la lucha de estas mujeres y se busca comprender si estas organizaciones sociales de resistencia son solo encajes dentro del orden desigual engendrado en los marcos del desarrollo dependiente en América Latina, o si lo han hecho. algo más que decirnos en los procesos de reconstrucción social. Finalmente, se espera como resultado que la difusión de las atrocidades planteadas por el modelo de desarrollo forjado por el capitalismo dependiente promueva la necesidad de una discusión en torno a "¿qué hacer para cambiar esto?" y al mismo tiempo romper el silencio y la invisibilidad de las luchas de la clase obrera y campesina paraguaya, así como mostrar la fuerza de los gritos colectivos instituidos hacia la construcción de otra perspectiva de desarrollo antiimperialista y anticapitalista.

Palabras-clave: Teoría de la dependencia; subimperiaslimo; organizaciones de resistencia; CONAMURI.

1. Problematização

Para uma grande parte da humanidade, a oportunidade de produzir depende da sua capacidade de conseguir acesso à terra. Apesar das enormes dificuldade políticas e institucionais, a reforma agrária e a sua promessa de tornar seguro o acesso a um dos recursos de produção primários é ainda parte central de qualquer agenda política, tanto nos países de centro, quanto nos países da periferia. No caso da América Latina essa é uma meta urgente e imprescindível, já que é considerada a região com maior desigualdade na distribuição da terra no mundo, segundo dados apontados pelo Atlas do Agronegócio (2018), ela  lidera o ranking com 51,19% das terras agrícolas nas mãos de apenas 1% dos proprietários rurais.

Particularmente, nesta região a conformação da atual estrutura fundiária e desigualdade no acesso à terra geram uma séries de conflitos no campo, criminalização e judicialização de lutas. Ao ver Santos (1996), constata-se que essa formação sócio espacial tem grande relação com o modo de inserção da região na divisão internacional do trabalho que ocorreu de forma subordinada, fazendo com que alguns países acolhessem internamente uma divisão territorial do trabalho que se empenhasse num tipo de função, também divisão e repartição dos recursos (materiais e imateriais) mobilizados nas atividades produtivas, em grande parte, requerido e exigido de fora do país. Fazendo com que um grupo diminuto de agentes tirassem proveito das funções desempenhadas pelo país no sistema econômico-produtivo internacional, ao passo que no território nacional geraria uma série mazelas.

Um exemplo concreto disso é o Paraguai, pois conforme dados veiculados pelo relatório Oxfam Brasil (2019)[2] este país figura como um dos casos mais extremos em desigualdade na distribuição de terras no mundo.

Afim de aprofundarmos um pouco o que isso significa concretamente naquele território,  Bassi (2018) argumenta que o modelo de desenvolvimento paraguaio é  apoiado no agronegócio, e possui “um pacote tecnológico que inclui a venda de sementes transgênicas, pesticidas, fertilizantes e maquinários sofisticados para a depredação de florestas, preparo do solo, fumigação extensiva incluindo fumigação aérea nas mãos de empresas transnacionais como Monsanto, Cargill e outros[3], que geram uma infinidade de conflitos como ataque a povos indígenas isolados, envenenamento por agrotóxicos, desmatamento no Chaco[4] ao tráfico de drogas,  grilagem à repressão contra movimentos de luta pela terra. O modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio tem como característica a produção ter como base a monocultura[5], cujo os valores são ditados pelas regras do mercado internacional, pela uniformização e padronização dos sistemas produtivos, inserção de pacotes tecnológicos, intensa utilização de defensivos agrícolas, insumos químicos e maquinário e pela consolidação de grades empresas agroindustriais. (NASCIMENTO et. al, 2017)

Sobre as causas desse cenário, uma estudiosa da sociedade paraguaia, Cecilia Vuyk (2012), afirma que isso se deve a trajetória histórica dos processos de desenvolvimento econômico e social do país ao longo do tempo que foram conformados por moldes subimperialistas decorrente de relações de dependência que fomentam a produção por meio do agronegócio[6] que promove quadros de profunda exploração dos seres humanos e dos bens daquele território.

 Em contrapartida, atualmente, muito tem se falado sobre o dinamismo econômico alcançado pelo Paraguai, graças à receita da geração de energia elétrica e exportações de soja e carne, sua economia cresceu a um ritmo de 3% a 4% ao ano em média durante os últimos anos, mesmo em período pandêmico (CADEP, 2020). No entanto, apesar dos bons indicadores macroeconômicos quatro em cada dez pessoas vivem na pobreza e duas de cada dez em extrema pobreza, com taxas muito mais altas nas áreas rurais do que nas urbanas[7]. Tais fatos levantam a seguinte reflexão, o atual modelo de desenvolvimento econômico, com todas os seus males citados previamente, que invisibilizam profundamente os corpos femininos e que geram uma série de conflitos sociais, tornando-se o causador de uma ampla gama de desigualdades tem sido benéfico para quem?

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