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Historia da Igreja velha de Inhambane

Por:   •  23/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  11.511 Palavras (47 Páginas)  •  898 Visualizações

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DIOCESE DE INHAMBANE

Principais etapas do percurso de evangelização

Palavras que deram a vida:

Bula “Supremi Muneris” do Papa João XXIII que cria a Diocese de Inhambane (3 de Agosto de 1962)

Atendendo aos tempos que decorrem e a todos os acontecimentos que os acompanham, julgamos ser do nosso poder e dever supremo, dispor que o ensino da verdade evangélica atinja mais facilmente os homens e a todos proporcione os maiores bens. Tendo-nos sido pedido pelo nosso venerável irmão Maximiano de Furstenberg, arcebispo e núncio apostólico em Portugal e segundo a Concordata entre a Santa Sé e o Governo; atendendo ainda a todos aqueles que de qualquer modo neste poder possam interferir com nossa Suprema Autoridade discernimos e mandamos: Da Arquidiocese de Lourenço Marques (Maputo) retiramos o território de Inhambane e formamos a nova Diocese de Inhambane, abrangendo toda a região chamada de Inhambane. Inhambane será a sede, gozando de todos os direitos que em todo o mundo gozam os seus Pastores e obrigações a eles atinentes entre os quais uma nova Igreja e um novo Bispo subordinados ao Metropolita e Arcebispo de Lourenço Marques (Maputo).

 

Iº Capítulo:

As primeiras tentativas de evangelização  

(séc. XVI-XVIII)

1. Primeiros contactos na zona litoral

Em 11 de Março de 1498, o navegador português Vasco da Gama, na sua primeira viagem marítima para a Índia, aportou na ilha de São Jorge, junto à ilha de Moçambique. Da expedição faziam parte alguns frades que celebraram a primeira Missa em terras de Moçambique. A evangelização propriamente dita não se verificou imediatamente. De facto, durante muitos anos, Moçambique era apenas visitado pelos missionários que passavam rumo ao oriente. Passaram-se alguns anos, sem haver qualquer iniciativa de evangelização.

Nesta primeira fase a actividade missionária em Moçambique dependia da Arquidiocese de Goa (Índia). Em seguida, devido à longa distância que separava Moçambique de Goa e com o objectivo de relançar a evangelização, o Papa Paulo V, pela bula In supereminenti Militantis Ecclesiae de 21 de Janeiro de 1612, desligou de Goa a província de Moçambique erigindo-a em vigararia ou administração eclesiástica.

2. A acção evangelizadora dos missionários Jesuítas

Os primeiros evangelizadores de Moçambique foram os missionários Jesuítas. Chegaram em 1560 e logo se dirigem para Inhambane. O P.e Gonçalo da Silveira e o P.e André Fernandes, acompanhados pelo Ir. André da Costa desembarcaram na baía de Inhambane e em seguida marcharam para Tongue, capital do reino de Gamba (actual Mocumbi), foram bem recebidos e sucedidos. O rei e cerca de 400 súbditos converteram-se e foram baptizados.

Em Junho de 1560 o P.e. Gonçalo da Silveira partiu para o reino do Monomotapa seguindo o percurso do rio Zambeze e passando por Sena e Tete. Chegou à corte de Monomotapa no dia 1 de Janeiro de 1561. Afirmou-lhe que só queria a sua salvação, convertendo-o ao cristianismo. Depois de breve preparação, baptizou-o, com o nome de D. Sebastião, e, com ele, sua mãe e cerca de 300 vassalos. Mas por intrigas surgidas na corte, o P.e Gonçalo foi mandado assassinar pelo rei e morre na noite de 15 para 16 Fevereiro de 1561. Em seguida os Jesuítas retiraram-se para a Índia.

No início do século XVII os Jesuítas fazem uma nova tentativa de evangelizar o reino do Monomotapa e outros reinos. Em 1609 chegaram de Goa um grupo de padres para trabalhar na região de Tete e Quelimane e na Ilha de Moçambique. Em 1612 o jesuíta P.e Diogo Rodrigues foi enviado ao reino de Inhambane.

Nos finais do século XVII, a missão dos jesuítas teve um declínio progressivo. Os frutos não correspondiam a tantos esforços: a falta de perseverança cristã, as consequências económicas provocadas pelo aparecimento do ouro, a tolerância da escravatura, e outros factores concorreram para o declínio da actividade missionária[1].

3. A acção evangelizadora dos missionários Dominicanos

Além dos jesuítas, neste período também os Dominicanos se empenharam na evangelização de Moçambique. Em 1563 assumiram a Paróquia de S. Tiago de Tete. Apesar das dificuldades, a obra de evangelização deu alguns resultados. Em 1631 os Dominicanos tinham 13 estações missionárias em funcionamento com 25 missionários.

Foram eles que assumiram a pastoral na região de Inhambane.

3. A decadência da actividade missionária e a fraqueza da presença cristã (1700-1875)

A evangelização em Moçambique estava bastante ligada à presença portuguesa e à acção dos missionários Jesuítas e dos Dominicanos. Todos estes suportes foram enfraquecendo durante o século XVIII. Em primeiro lugar, a presença portuguesa no interior, sobretudo no vale do rio Zambeze. Por outro lado, a expulsão dos Jesuítas de Moçambique em 1759, e a extinção das ordens religiosas em 1834 deram um golpe mortal à actividade missionária. Mas estes factores externos não foram os únicos que contribuíram para o declínio da evangelização. Factores internos, sobretudo a decadência religiosa, fizeram enfraquecer o dinamismo missionário: muitos cristãos eram-no apenas de nome; os portugueses, militares e comerciantes, em geral, não tinham um comportamento exemplar; os próprios missionários nem sempre estavam à altura da sua missão.

        A acção missionária extinguira-se quase por completo na região ficou concentrada na zona de Tete e Inhambane. Finalmente em 1759, surgiu o decreto do Marquês de Pombal suprimindo as missões dos Jesuítas em Moçambique. O cumprimento desta ordem, primeiro, no litoral, e, depois, no interior, arrancou os missionários dos seus postos de evangelização. As missões ficaram entregues aos cuidados de outras ordens e sobretudo dos Padres diocesanos de Goa[2].

Em 1834, com a supressão das ordens religiosas, por Joaquim António de Aguiar, a actividade missionária em Moçambique viu-se reduzida a bem pouco. Em 1855, apenas dez missionários permaneciam na Prelazia de Moçambique. Vinte anos depois não permanecia nenhum missionário no interior. A sobrevivência da presença cristã dependia do serviço prestado pelo clero diocesano de Goa. Em 1875, Moçambique dispunha apenas de 8 padres seculares, 7 dos quais eram goeses[3].

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