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Determinação de doenças crônicas

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Por:   •  9/5/2014  •  Tese  •  5.183 Palavras (21 Páginas)  •  444 Visualizações

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Definição de Crônica

A crônica é uma forma textual no estilo de narração que tem por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por este motivo, é uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.

Estão presentes em jornais, revistas e livros. Além do mais, é uma leitura que nos envolve, uma vez que utiliza a primeira pessoa e aproxima o autor de quem lê. Como se estivessem em uma conversa informal, o cronista tende a dialogar sobre fatos até mesmo íntimos com o leitor.

O texto é curto e de linguagem simples, o que o torna ainda mais próximo de todo tipo de leitor e de praticamente todas as faixas etárias. A sátira, a ironia, o uso da linguagem coloquial demonstrada na fala das personagens, a exposição dos sentimentos e a reflexão sobre o que se passa estão presentes nas crônicas.

Como exposto acima, há vários motivos que levam os leitores a gostar das crônicas, mas e se você fosse escrever uma, o que seria necessário? Vejamos de forma esquematizada as características da crônica:

• Narração curta;

• Descreve fatos da vida cotidiana;

• Pode ter caráter humorístico, crítico, satírico e/ou irônico;

• Possui personagens comuns;

• Segue um tempo cronológico determinado;

• Uso da oralidade na escrita e do coloquialismo na fala das personagens;

• Linguagem simples.

Alguns cronistas (veteranos e mais recentes) são: Fernando Sabino, Rubem Braga, Luis Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony, Carlos Drummond de Andrade, Fernando Ernesto Baggio, Lygia Fagundes Telles, Machado de Assis, Max Gehringer, Moacyr Scliar, Pedro Bial, Arnaldo Jabor, dentre outros.

TIPOS DE CRÔNICA

A crônica literária começou a despertar interesse no Brasil na época do Romantismo, quando se referia à vida urbana de nossos maiores centros ou tratava de matéria política. Mas a renovação de seu conceito se fez sentir mais modernamente. Além de ser artigo de jornal, registra os fatos, as novidades ou até seus comentários, pela penetração em problemas psicológicos e pelo abandono dos assuntos da vida mundana de camadas mais elevadas.

Crônica narrativa

O ponto principal de uma crônica narrativa é uma história, que se aproxima de um conto, porém um pouco menor. Conta um episódio inusitado cuja trama é leve e que pode ser compreendida facilmente. Envolve muita ação, poucas personagens, e um desfecho inusitado. A narração pode ocorrer em 1ª ou 3ª pessoa.

Exemplo de crônica narrativa:

Eu e bebu na hora neutra da madrugada

Muitos homens, e até senhoras, já receberam a visita do Diabo,e conversaram com ele de um modo elegante e paradoxal. Centenas de escritores sem assunto inventaram uma palestra com o Diabo. Quanto a mim, o caso é diferente. Ele não entrou subitamente em meu meu quarto, não apareceu pelo buraco da fechadura, nem sob a luz vermelha do abajur. Passou um dia inteiro comigo. Descemos juntos pelo elevador, andamos pelas ruas, trabalhamos comemos juntos.

A princípio confesso que estava um pouco inquieto. Quando fui comprar cigarros, receei que ele dirigisse algum galanteio baixo à moça da tabacaria. É uma senhorinha de olhos de garapa e cabelos castanhos muito simples, que eu conheço e me cenhece, embora a gente não se cumprimente. Mas o Diabo se portou honestamente. O dia todo - era um sábado - correu sem novidade. Ele esteve ao meu lado na mesa de trabalho, no restaurante, no engraxate, no barbeiro. Eu lhe paguei o cafezinho; ele me pagou o bonde.

À tarde eu já não o chamava de Belzebu, mas apenas de Bebu, e ele me chamava de Rubem. Nossa intimidade caminhava rapidamente, mesmo sem a gente esperar. Quando um cego nos pediu esmola, dei duzentos réis. É meu hábito, sempre dou duzentos réis. Ele deu uma prata de dois mil-réis, não sei se por veneta ou porque não tinha mais miúdo. Conversamos pouco, não havia assunto.

À noite, depois do jantar fomos ao cinema... Outra vez me voltou a inquietude, que sentira pela manhã. Por coincidência, ele ficou sentado junto a duas mocinhas que eu conhecia vagamente, por serem amigas de uma prima que tenho no subúrbio. Temi que ele fosse inconveniente; eu ficaria constrangido. Vigiei-o durante a metade da fita, mas ele estava sossegado em sua cadeira; tranquilizei-me. Foi então que eu reperei que ao meu lado esquerdo sentara-se uma rapariga que me pareceu bonita. Observei-a na penumbra. A sua pele era morena, e os cabelos quase crespos. Sentia a tepidez de seu corpo. Ela acompanhava a fita com muita atenção. Lentamente, toquei o seu braço com o meu; era fácil e natural; isto sempre acontece com as pessoas que estão sentadas juntas no cinema. Mas aquela carícia banal me encheu as veias de desejo. Suavemente, deslizei a minha mão para a esquerda. Achei -a linda e tive a impressão de que ela sentia como eu estava emocionado, e que isto lhe dava prazer.

Mas neste momento, ouço um pequeno riso e reviro-me. Bebu está me olhando. Na verdade não está rindo, está sério. Mas em seus olhos há uma qualquer malícia. Envergonhei-me como uma criança. A fita acabou e não falamos do incidente. Eu fui para o jornal fazer o plantão da noite.

Só conversamos à vontade pela madrugada. A madrugada tem uma hora neutra que há muito tempo observo. É quando passo a tarde toda trabalhando, e depois ainda trabalho até a meia-noite na redação. Estou fatigado, mas não me agrada dormir. É aí que vem, não sei como, a hora neutra. Eu e Bebu ficamos diante de uma garrafa de cerveja num bar qualquer. Bebemos lentamente sem prazer e sem aborrecimento. Na minha cabeça havia uma vaga sensação de efervecência, alguma coisa morna, como um pequeno peso. Isto sempre me acontece: é a madrugada, depois de um dia de trabalheiras cacetes. Conversamos não me lembro sobre o quê. Pedimos outra cerveja. Muitas vezes pedimos outra cerveja. Houve um momento em que olhei sua cara banal, eu ar de burocrata avariado, e disse:

- Bebu, você não parece o Diabo. É apenas, como se costuma dizer, um pobre-diabo.

Ele me fitou com seus olhos escuros e disse:

Um pobre-diabo é um pobre Deus que fracassou.

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