Dimensão Das Teorias Linguísticas

Kanavaillil Rajagopalan em, “Sobre a dimensão ética das teorias linguísticas”, tem dois objetivos, como ele mesmo mostra nos parágrafos inicias: 1º formular a hipótese de que a questão ética está necessariamente presente no nível dito “propriamente teórico”; 2º argumentar que a aceitação da hipótese do primeiro objetivo tem um preço alto. Pois, se for correta, vai acarretar uma revisão radical de uma série de coisas em que se costuma crer a respeito da linguística, a “ciência da linguagem”.

Adiante, o linguista trata da elaboração da hipótese, onde diz que, a questão ética se faz presente na própria escolha do objeto de estudo, o gesto inaugural de qualquer empreendimento científico. Em se tratando da linguística, tudo começa pela definição de linguagem. Disso surgem questões diversas, por exemplo: O que é a linguagem? Quem tem a posse da linguagem? A habilidade linguística é algo igualmente distribuído entre todos numa comunidade?; etc.

Não é surpresa que, para as diversas questões obtenhamos diferentes respostas possíveis. Respostas determinadas pela filiação do teórico com essa ou aquela ideologia, diz Rajagopalan. Isso ocorre, sobretudo pelo atual cenário político, que já não é mais aquele de posições ideológicas claramente delineadas, mas um cenário de posturas “mistas”, ou ideologias “híbridas”. Pois hoje se tornou difícil encontrar quem se identifique plenamente com os grandes “-ismos”, tendo virado apenas pontos imaginários de referência, assevera Kanavaillil Rajagopalan.

Em seguida, o filósofo da linguagem, faz a distinção entre três posturas distintas em relação à teoria e à ética, que irão situar a hipótese levantada por ele no contexto da filosofia da ciência. As duas primeiras, a racionalista e a pragmatista, rechaçam unanimemente qualquer vínculo entre ciência e ética (ou ideologia). Rajagopalan afirma que, para a corrente racionalista, nenhuma teoria terá implicações éticas diretas, porque a ciência lida com os “fatos”, ao passo que na ética estamos lidando com os “valores”, e simplesmente não há como derivar enunciados que contêm termos de valor a partir de enunciados que dizem respeito a fatos.