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Lingua Portuguesa

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Por:   •  30/8/2014  •  783 Palavras (4 Páginas)  •  317 Visualizações

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Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a

09.

Viver mata

Estamos criando um país de covardes.

Os muros do Brasil ficam cada vez mais altos - e

cada vez mais adornados por acessórios tétricos como fios

de alta tensão e lanças pontudas. Em São Paulo,

apartamentos ficaram mais caros que casas. Há cada vez

mais guaritas nas esquinas, cada vez mais grades nas

janelas, cada vez mais holofotes nas calçadas, cada vez

mais câmeras, cada vez mais voltas na fechadura e, o que

mais me assusta, cada vez menos crianças brincando na rua.

Os carros parecem cada dia mais com fortificações - são

como jipes de guerra, isolados do mundo por detestáveis

vidros fumê, que impossibilitam o contato visual. O Brasil

está com medo.

Por que será?

Afinal, em termos concretos, o país não está

ficando mais perigoso. Os índices de crimes violentos das

nossas grandes cidades, embora continuem altos o

suficiente para serem comparados sem muita desvantagem

com zonas de guerra, estão caindo rapidamente. Os últimos

15 anos, que foram de estabilidade econômica e de redução

da nossa astronômica desigualdade, foram também de

diminuição consistente da criminalidade em boa parte do

país. Mas a sensação de insegurança andou na contramão -

ela aumentou. Aumentou muito.

Como explicar isso?

Talvez uma parte da história seja o grande

aumento da classe média. Classe média é gente que tem

algo a perder - portanto tem medo. Talvez outra parte da

história seja a fixação mórbida que a sociedade da

informação tem com violência. O tempo todo ouvimos

histórias sanguinolentas, terríveis, assustadoras. Difícil não

ter medo depois de ficar sabendo dessas coisas.

Acontece que medo é um sentimento perigoso.

Mais gente com medo significa menos gente na rua -

portanto mais crime. Significa mais gente armada, mais

gente disposta a agredir os outros (porque comportamento

agressivo é típico de gente assustada). Enfim, medo não

funciona.

Eu morro de medo do efeito que esse medo pode

ter no nosso futuro. Será que estamos criando uma geração

de gente que não vai aprender a conviver com quem é

diferente dele? Uma geração de gente que não cresceu na

rua, que não teve que se virar gerenciando os riscos

inerentes à vida? Uma geração de gente que não se garante?

(...)

Viver é perigoso mesmo. Viver mata. Mas são os

riscos que fazem a vida valer a pena. As ruas estão cheias

de perigo - não nego isso. Mas é convivendo com esses

perigos, encarando-os de olho no olho, que a gente se torna

melhor, que a gente aprende a viver (”viver é conviver”,

sempre diz minha tia-avó). Se o Brasil aprender a vencer o

medo, tem uma baita oportunidade de servir de exemplo

para o mundo de convivência na diversidade. Se não

aprender, vai virar um país besta, sem nada de especial.

http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo, 17/02/2010

1. Sobre o texto, atente para as afirmações abaixo.

I. Incondicionalmente,

...

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