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Lingua Portuguesa (nova)

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Por:   •  9/11/2013  •  3.073 Palavras (13 Páginas)  •  312 Visualizações

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ENTREVISTA À REVISTA NOVA ESCOLA SOBRE

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

(Esta entrevista subsidiou matéria que saiu na Revista Nova Escola de novembro de 2001)

1. O sr. considera as provas e exames instrumentos classificatórios e de julgamento dos

alunos, não servindo para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. O sr. acha

que esses instrumentos de avaliação devem ser totalmente abolidos das práticas de

avaliação, ou provas e exames poderiam contribuir para o crescimento do aluno se

forem planejados de forma diferente?

Antes de mais nada, para responder a essa pergunta, importa compreender que o ato de avaliar

dá-se em três passos fundamentais: primeiro, constatar a realidade; segundo, qualificar a

realidade constatada; terceiro, tomar decisão, a partir da qualificação efetuada sobre a

realidade constatada, tendo por pano de fundo uma teoria pedagógica construtiva.

O primeiro passo, a constatação da realidade é efetivada via a configuração descritiva, do

objeto da ação do avaliador, ou seja como ele está se manifestando. Esse objeto de avaliação

pode ser o desempenho do aluno, sujeito da aprendizagem, mas também poderia ser qualquer

outra coisa, ação ou pessoa. Para essa configuração, é que usamos os instrumentos, como

extensões de nossa capacidade de observar a realidade. Assim sendo, testes, questionários,

fichas de observação, etc., propriamente, não são instrumentos de avaliação, mas sim

instrumentos de coleta de dados para a avaliação. Eles nos subsidiam na observação da

realidade, que deverá ser qualificada; a qualificação dos dados da realidade, sim, é o ato

central da prática da avaliação.

O segundo passo é a qualificação da realidade observada, descrita, configurada. É neste passo

que afirmamos se o objeto de nossa ação avaliativa está se dando num estado satisfatório ou

não. Essa qualificação se dá por um processo de comparação entre a realidade descrita e

configurada e um padrão de expectativa de qualidade. E, esse padrão depende de um conjunto

de variáveis, mas especialmente de nossa compreensão daquilo que estamos avaliando. No

caso da aprendizagem, dependerá da teoria pedagógica que estamos utilizando, com todas as

suas nuanças de entendimento filosófico, pedagógico, técnico ( tradicional, piagetiana,

freireana,...), assim como do que consideramos importante como resultado do processo

educativo (respostas específicas a respeito de informações já elaboradas científicamente;

respostas criativas a partir de situações problemas colocadas; habilidades construídas e

sedimentadas, etc...)

O terceiro passo é a tomada de decisão. Na medida em que qualificamos alguma coisa, nos

colocamos numa posição de “não-indiferença”, ou seja, não permanecemos neutros em

relação a ela. Assumimos uma posição positiva ou negativa; poderá ser mais ou menos

positiva ou mais ou menos negativa, mas nunca será uma posição neutra. É a partir daí que

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Este material foi obtido através do website de Cipriano Carlos Luckesi

Website:www.luckesi.com.br / e-mail:contato@luckesi.com.br

tomamos a decisão de agir, seja aceitando a realidade com a qualidade com que se manifesta,

seja propondo algum tipo de ação para modificá-la, evidentemente, para melhor. Por isso é

que se pode dizer que, na prática da avaliação da aprendizagem, onde atuamos junto com um

sujeito humano que deseja aprender, o ato de avaliar é um ato solidário com o educando na

busca do seu desempenho mais satisfatório. O educador, que avalia, serve-se da prática da

avaliação com um recurso que subsidia o seu ato de dar continência, suporte, para que o

educando possa fazer o seu caminho de aprendizagem e, consequentemente, de

desenvolvimento, da melhor forma possível. A avaliação, assim, subsidia o encaminhamento

mais saudável possível do educando na sua trajetória de aprender e desenvolver-se.

Deste modo, o ato de avaliar é inclusivo, ou amoroso como denominei em meu livro

Avaliação da Aprendizagem. Isso quer dizer que o ato de avaliar, por ser diagnóstico, tem por

objetivo subsidiar a permanente inclusão do educando no processo educativo, tendo em níveis

cada vez mais satisfatórios da aprendizagem. A avaliação não exclui a partir de uma padrão

pré-estabelecido, mas sim diagnostica para incluir, na busca do resultado mais satisfatório,

mais pleno, qualitativamente mais saudável.

Assim compreendendo a avaliação, podemos concluir que os exames possuem outras

características diferentes, até mesmo opostas às da avaliação. Os exames não diagnosticam,

mas sim classificam. E, por serem classificatórios, obrigatoriamente são seletivos, o que quer

dizer excludentes. Veja o exame vestibular,

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