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Modernismo (Segunda Geração)

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Por:   •  26/9/2014  •  1.989 Palavras (8 Páginas)  •  185 Visualizações

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Modernismo (Segunda Geração)

Contexto

A historiografia literária convencionou como marco inicial da segunda fase do Modernismo o ano de 1930, quando Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) publicou Alguma Poesia, e como marco final a data de 1945, quando foi lançado O Engenheiro, de Haroldo de Campos (1929 - 2003). O contexto político, econômico e social desse período é conturbado. O mundo ainda sofria a depressão econômica causada pela quebra da bolsa de Nova York, em 1929, que agravou os problemas sociais de inúmeros países e intensificou o crescimento e a organização de forças de esquerda. Os partidos socialistas e comunistas entravam em choque com Estados cada vez mais autoritários e nacionalistas, como a Alemanha, a Itália, a Espanha e Portugal. O nazifascismo avançou, expandindo-se pela Europa até a deflagração da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a mais violenta e tecnológica das guerras até então, que terminou com as explosões atômicas em Hiroshima e Nagasáqui.

No Brasil, em 1930 Getúlio Vargas subiu ao poder, iniciando um período que ficaria conhecido como a "era Vargas" e que compreende a ditadura do Estado Novo, de 1937 a 1945. Em seu governo, houve uma série de medidas que centralizaram o poder, entre elas a dissolvição do Congresso Nacional e dos legislativos estaduais e municipais. Assim como ocorreu em grande parte dos países do Ocidente, no Brasil também a esquerda cresceu e se organizou. Em 1935, eclodiu uma tentativa de revolução articulada pela ANL - Aliança Nacional Libertadora, formada pelos grupos de esquerda, que foi reprimida pelo governo. Houve crescimento também de organizações afinadas com a ideologia fascista, principalmente a Ação Integralista Brasileira, fundada por Plínio Salgado - que também era líder do grupo modernista Verde-Amarelo. Em 1937, com o apoio dos grupos integralistas, Vargas iniciou a ditadura do Estado Novo, que se caracterizou pelo espírito antidemocrático, a repressão ao comunismo, o nacionalismo conservador e o populismo.

Durante a era Vargas, a burguesia industrial se fortaleceu e passou a ocupar posições de mando, enquanto o poder das oligarquias agrárias declinava. A classe média e o operariado cresceram e tornaram-se cada vez mais participantes da vida política; são dessa fase conquistas como o salário mínimo, os sindicatos, a legislação trabalhista. O fluxo de imigrantes diminuiu e as migrações internas aumentaram, principalmente a partir de 1933, com a expansão da industrialização no Centro-Sul. A população brasileira chegou a 41,1 milhões de habitantes em 1940, dos quais 56,2% eram analfabetos. O governo procurou combater o analfabetismo, através do Ministério da Educação e Saúde, e uma série de reformas modificou a estrutura do ensino primário e implantou o ensino secundário. Em 1934 foi inaugurada a Universidade de São Paulo (USP), a primeira do Brasil, e em 1935, a Universidade do Distrito Federal. Os estudos universitários passariam a influenciar e redefinir a pesquisa e a crítica literária.

O sistema literário foi afetado pela instabilidade política, pelas medidas antidemocráticas e repressoras da era Vargas, mas também se beneficiou da atmosfera de intenso debate sobre a realidade brasileira. Para Antonio Candido, o período foi de "acentuada politização dos intelectuais, devido à presença das ideologias que atuavam na Europa e influíam em todo o mundo, sobretudo o comunismo e o fascismo. A isso se liga a intensificação e a renovação dos estudos sobre o Brasil, cujo passado foi revisto à luz de novas posições técnicas, com desenvolvimento de investigações sobre o negro, as populações rurais, a imigração e o contato de culturas, - graças à aplicação das modernas correntes de sociologia e antropologia, graças também ao marxismo e à filosofia da cultura (...)".

Na década de 1930 houve uma significativa irrupção de novos e brilhantes romancistas, com destaque para a ficção regionalista nordestina de autores como Graciliano Ramos (1892 - 1953), Jorge Amado, José Lins do Rego (1901 - 1957) e Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Foi também uma época de desenvolvimento da indústria do livro, principalmente com o advento da Segunda Guerra e a conseqüente dificuldade de importações. Surgiram importantes editoras, como a de José Olympio (1902 - 1990), que publicou os romancistas inovadores do Nordeste. Entre 1936 e 1944, o número de editoras brasileiras cresceu 50% e, por volta de 1950, o Brasil chegou a produzir 4 mil títulos e cerca de 20 milhões de exemplares por ano. Mas a censura e a propaganda do governo estavam sempre presentes na indústria editorial, na imprensa, no rádio e mesmo no material didático, principalmente com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, criado com o Estado Novo. Apesar do autoritarismo e da repressão, porém, foram tempos de consagração da cultura popular, com a popularização do samba e do carnaval, a difusão do rádio e o sucesso de suas estrelas.

A crônica, revitalizada por escritores de grande expressividade, também viveu período de grande consagração junto ao público. Modernistas da primeira fase, como Mário de Andrade (1893 - 1945) e Oswald de Andrade (1890 - 1954), continuavam ativos e conviviam na imprensa com os autores da nova geração, como Rachel de Queiroz e Oswald de Andrade (1890 - 1954). Nas páginas do jornal carioca Diário da Tarde surgiu aquele que é considerado o maior cronista brasileiro, Rubem Braga (1913 - 1990), prosador que atravessou as próximas cinco décadas retratando o Brasil com sensibilidade aguçadíssima.

Estilo - características gerais

A segunda fase do Modernismo foi caracterizada, no campo da poesia, pelo amadurecimento e pela ampliação das conquistas dos primeiros modernistas. Como afirmou a crítica Luciana Stegagno Picchio, "fechada a fase polêmica e destrutiva, eliminando o excesso de Brasil da página literária, exauridos os jogos primitivistas e antropofágicos, a poesia brasileira, sólida nas suas conquistas técnicas, na sua liberdade construtiva, pode começar a sua segunda aventura modernista". Assim, nos anos de 1930 a 1945 a poesia modernista se consolida e alarga seus horizontes temáticos.

No plano formal, o verso livre continuou sendo profusamente adotado, mas os poetas do período tinham liberdade para escolher formas como o soneto ou o madrigal, sem que isso significasse uma volta a estéticas do passado, como o Parnasianismo. A ruptura já havia sido feita, e era possível dilatar o campo de experimentações poéticas pesquisando formas, utilizando técnicas de outras escolas e épocas, reelaborando-as e conferindo a elas novos sentidos. É o caso de Louvação

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