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Ortografia

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Por:   •  15/12/2014  •  Resenha  •  1.404 Palavras (6 Páginas)  •  502 Visualizações

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A língua é um fenômeno dinâmico, muda com o tempo e com as transformações na sociedade; a gramática, porém, não se renova e envelhece. Ela representa apenas regras; a língua é mais que isso, é a forma de expressão de um povo, de uma sociedade. A existência das gramáticas, que tem como finalidade primeira a descrição do funcionamento da língua, fatalmente se tornaram, no decorrer do tempo, instrumentos ideológicos de poder e controle social. "É preciso saber gramática para falar e escrever bem", se a afirmação fosse verdadeira, todos os gramáticos seriam excelentes escritores, e vice-versa. Porém, isso não acontece. É o caso de Drummond, um grande escritor que no poema "Aula de português" dá testemunho de sua perturbação diante da gramática. Outro caso é o de Platão que escreveu seus fascinantes diálogos e que não consultou nenhuma gramática. Na época de sua criação, a gramática tinha a função de registrar e descrever as manifestações linguísticas livres usadas pelos autores admirados da época, como Platão e Ésquilo. Como a gramática se tornou um instrumento ideológico de poder e controle social surgiu essa concepção de que os falantes e escritores da língua precisam da gramática, como se ela fosse uma espécie de fonte da qual emana a língua bonita, correta e pura. A língua então passa a ser subordinada da gramática . O que não está na gramática "não é português". Escrever bem é conseguir passar bem as sensações ou informações que você quer passar e nem sempre quem não comete erros de ortografia é um bom escritor.

Outro mito!

Segundo Marcos Bagno, em seu livro Preconceito Linguístico, relata que se fosse o caso, todos os gramáticos seriam grandes escritores e vice-versa, o que não acontece.

Ainda, Celso Pedro Luft (apud Bagno, 1999:62)afirma: "Um ensino gramaticalista abafa justamente os talentos naturais, incute insegurança na linguagem, gera aversão ao estudo do idioma, medo à expressão livre e autêntica de si mesmo".

Assim, a gramática nada mais é do que uma descrição da língua, de suas regras, ou seja, é decorrente do língua, no entanto, a forma de lecionar gramática no Brasil é usada também como forma de poder, visto que permite que apenas alguns "sábios" se apoderem de tal conhecimento. Por isso, a língua passou a ser subordinada da gramática, que deveria ser, assim como o dicionário, um manual de consulta.

Por fim, saber toda a gramática não faz uma pessoa escrever bem, mas utilizar a gramática como uma ferramenta para escrever, isso sim é válido!

É muito comum, também, os pais de alunoscobrarem dos professores o ensino dos “pontos” de gramática tais como eles próprios os aprenderam em seu tempo de es cola. E não faltam casos de pais que protestaram veementemente contra professores e escolas que, tentando adotar uma prática de ensino da língua menos conservadora, não seguiam rigorosamente “o que está nas gramáticas”. Conheço gente que tirou seus filhos de uma escola porque o livro didático ali adotado não ensinava coisas “indispensáveis” como “antônimos”, “coletivos” e “análise sintática”…

Por que aquela declaração é um mito? Porque, como nos diz Mário Perini em Sofrendo a gramática (p. 50), “não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário”. Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores (o que está longe de ser verdade), e os bons escritores seriam especialistas em gramática.

Mário Perini, no livro que citamos acima, chama a atenção para a “propaganda enganosa” contida no mito de que é preciso ensinar gramática para aprimorar o desempenho lingüístico dos alunos:

Quando justificamos o ensino de gramática dizendo que é para que os alunos venham a escrever (ou ler, ou falar) melhor, estamos prometendo uma mercadoria que não podemos entregar. Os alunos percebem isso com bastante clareza, embora talvez não o possam explicitar; e esse é um dos fatores do descrédito da disciplina entre eles.”

retirado do livro Preconceito Linguístico, do professor Marcos Bagno.

“É preciso saber gramática para falar e escrever bem“.

A afirmação acima vive na ponta da língua da grande maioria dos professores de português e está formulada em muitos compêndios gramaticais. “A Gramática é instrumento fundamental para o domínio padrão culto da língua”.

Este mito aborda uma das mais delicadas questões do ensino da língua que é a existência das gramáticas, que teriam como finalidade primeira a descrição do funcionamento da língua, mas que fatalmente se tornaram, no decorrer do tempo, instrumentos ideológicos de poder e controle social. A norma culta existe independente da gramática. Porém a manifestação desse mito concretiza uma situação histórica: a confusão existente entre língua e gramática normativa. Isso denuncia, segundo Marcos Bagno, a presença de mecanismo ideológicos agindo através da imposição de normas gramaticais conservadoras no ensino da língua.

Atualmente, em nossa sociedade, vemos uma forte opinião que condena os diversos preconceitos (ainda) existentes. Entretanto – adverte o autor – há um preconceito, não menos importante e prejudicial que os demais, que não é notado por essa corrente opinativa e, ainda por cima, continua a ser despercebidamente disseminado por meios de comunicação, livros, manuais e materiais didáticos: o lingüístico. Se observarmos bem, veremos este preconceito bastante espalhado por aí, em vários conceitos errôneos comumente existentes sobre a nossa língua portuguesa. E são exatamente estes conceitos, verdadeiros mitos, que serão expostos a seguir, com a finalidade de serem explicados e desmistificados.

Este mito é um dos mais difundidos. Tão comum é esta afirmação que faz com que a cobrança do estudo da gramática seja feita não só pelos professores, mas até mesmo pelos pais, que muitas vezes não conseguem entender quando o professor ou a escola tentam, senão mudar, ao menos abrandar o estudo maçante da gramática.

Para mostrar a inverdade deste conceito, o autor lança mão de vários exemplos que nos mostram o contrário. Um deles é simples e direto e fala que, se a afirmação fosse verdadeira, todos os gramáticos seriam excelentes escritores, e vice-versa. Porém, isso não acontece. Bagno ilustra este exemplo com declarações de relativa ignorância da gramática normativa emitidas por nomes indiscutivelmente ilustres da nossa literatura: Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade e Machado de Assis.

Outro fato gritante que inviabiliza o mito é a origem das gramáticas ocidentais, na Grécia. Na época de sua criação, sua função era a de registrar e descrever as manifestações lingüísticas livres usadas pelos autores admirados da época, como Platão e Ésquilo. Vê-se aí uma inversão violenta dos valores que temos hoje: a gramática normativa surge como um registro da língua, ao contrário do que hoje se acredita, ou seja, que os falantes da língua é que precisam da gramática para saber como a utilizarem. Apesar de ainda não se ter um consenso exato de qual a melhor maneira de se ensinar a língua portuguesa nas escolas, sabe-se que não é através da gramática normativa.

"É preciso saber gramática para falar e escrever bem" – Segundo Mário Perini em Sofrendo a gramática (p.50), "não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário". Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática.

No livro "Preconceito Linguístico" o autor Marcos Bagno, defende com vigor a língua viva e verdadeiramente falada no Brasil.

O livro contém 183 páginas e é publicado pelas Edições Loyola (11ª edição, 2002). Está dividido em quatro partes e um anexo: I – A mitologia do preconceito lingüístico; II – O círculo vicioso do preconceito lingüístico; III – A desconstrução do preconceito linguístico; e IV – O preconceito contra a lingüística e os lingüistas. O anexo refere-se à carta enviada pelo autor à revista Veja.

Para o autor "tratar da língua é tratar de um tema político", já que também é tratar de seres humanos.

"O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre a língua e gramática normativa"

Marcos Bagno diz que a língua é como um rio que se renova, enquanto a gramática normativa é como a água do igapó, que envelhece, não gera vida nova a não ser que venham as inundações.

O preconceito lingüístico, vem sendo alimentado diariamente pelos meios de comunicação, que pretendem ensinar o que é "certo" e o que é "errado", sem falar, é claro nos instrumentos tradicionais de ensino da língua, ou seja a gramática normativa e os livros didáticos.

A gramática normativa é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela. Como a gramática, porém, passou a ser um instrumento de poder e de controle. A língua passou a ser subordinada e dependente da gramática.

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