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Quem não Escreve Bem Perde O Trem

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Por:   •  6/3/2014  •  2.323 Palavras (10 Páginas)  •  532 Visualizações

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"Quem não escreve bem... perde o trem!

A história do gerente apressado

Certa vez, um apressado gerente de uma grande empresa precisava de ir ao Rio de Janeiro para tratar de alguns negócios urgentes. Como tivesse muito medo de viajar de avião, deixou o seguinte bilhete para a sua recém-contratada secretária:

Maria: devo ir ao Rio amanhã sem falta.

Quero que você me rezerve, um lugar, à noite, no trem das 8 para o Rio.

Sabe o leitor o que aconteceu?

O gerente, simplesmente, perdeu o trem!

Por quê? Bem, acontece que Maria, a nova secretária, ao ler o bilhete, franziu a testa e, com uma cara desanimada e cheia de dúvidas, ficou pensando, pensando... até que, finalmente, decidiu: foi, à noite, à estação ferroviária e reservou um lugar, para o dia seguinte, no trem das 8 h da manhã. Cumprida a tarefa, Maria foi para casa, com um sorriso nos lábios e muita alegria na alma, contente por ter resolvido bem o primeiro problema em seu novo trabalho. Mas... a sua alegria ia durar pouco! Ao chegar ao emprego, no dia seguinte, a dedicada secretária teve a estranha impressão de estar vendo um fantasma diante de si: lá estava o gerente, tranqüilo, fumando o seu perfumado cachimbo e assinando papéis, em meio a lentas e gostosas baforadas. Passado o primeiro susto, a perplexa Maria balbuciou:

— O senhor... ainda por aqui?

— Então, o que é que você acha? Onde é que eu deveria estar? — resmungou maquinalmente o gerente, enquanto, sem levantar a cabeça, continuava assinando papéis e cachimbando.

— Mas... mas... o senhor não ia para o Rio hoje?

— Ia, não... eu vou para o Rio hoje. Hoje à noite, não é mesmo? Não lhe pedi, ontem, para comprar uma passagem no trem das 8 de hoje à noite? Pois então... — continuou o gerente, falando entre os dentes, mordendo o cachimbo, com a cabeça enfiada nos papéis.

Atônita, a secretária, como fulminada por um raio, desabou na cadeira, diante de sua mesa de trabalho. Depois, pouco a pouco, foi recobrando os sentidos e recuperando as cores do rosto, ao mesmo tempo que ia disfarçando o mal-estar, arrumando papéis e limpando caprichosamente a mesa com um pano úmido.

— Então, Maria, tudo certo com o trem das 8, hoje à noite, não é mesmo? — insistiu o gerente, mordendo o cachimbo.

— Oi?. retrucou a secretária, aparentemente calma.

— Estou perguntando a você: tudo certo com o trem do Rio? — retomou o já intrigado gerente, levantando a cabeça e encarando a enigmática moça.

— Oi?

— Oi, oi, oi, que mania do o/ ó essa! Você não pode responder direito, como gente? Afinal, cadê a passagem? — gritou o agora irritado gerente, que já não mais cachimbava.

— Passagem? Mas... que passagem? O senhor só pediu para reservar um lugar... Ah! já ia esquecendo: olhe, o senhor não leve a mal, por favor, mas... reservar se escreve com s e não com z... — explicou Maria, com um ar de professora, sorrindo e piscando muito os olhos.

— Escute aqui, moça: não preciso de suas lições! Sei muito bem como as palavras se escrevem! Seus comentários são perfeitamente dispensáveis. Aliás... essa história de reservar com s ou com z não me "refresca" nada, agora! O que eu quero simplesmente é a minha passagem para o Rio, poxa! Pode ser?

— Não, infelizmente, não pode ser, porque... reservar um lugar é uma coisa e comprar uma passagem já é outra bem diferente...

Foi então que o gerente esmurrou a mesa e berrou a plenos pulmões:

— Cheeeeeeega, pelo amor de Deus! Isso já está virando uma palhaçada! Olhe aqui, mocinha: ontem, eu deixei um bilhete, pedindo para você me comprar uma passagem para o Rio, no trem das 8, de hoje a noite! Foi só isso que eu pedi. Tá claro? Mais claro do que isso daí... é impossível!

Imperturbável, retrucou a valente secretária:

— Não, seu gerente, não está nada claro! O senhor está completamente enganado! Não foi nada disso que o senhor

escreveu! Não acredita? Pois veja aqui o bilhete! Veja o que o senhor escreveu aí! Leia, por favor! Olhe aqui: o senhor me pede para reservar... — reservar é com s, o senhor sabe, né? — Então, continuando: o senhor me pede para reservar um lugar, a noite... — olhe aqui, seu gerente, veja bem, o senhor até sublinhou, grifou duas vezes as palavras reserve e à noite, certo? — Bom, continuando: o senhor me pede, aqui no bilhete, para reservar, a noite, um lugar no trem das 8 para o Rio, 'tá? E como o senhor deveria viajar no dia seguinte, então eu fiz exatamente, veja bem, exatamente o que o senhor mandou: fui à estação, à noite, e pedi uma reserva, para o dia seguinte, no trem das 8 da manhã para o Rio. Era só o senhor chegar hoje lá, na estação, um pouquinho antes das 8, comprar a passagem, entrar no trem, pegar o seu lugarzinho bem gostoso, no meio do vagão. lado da janela e... pronto! Fechava os olhos, dava uma boa cochilada e... de repente... o senhor acordava de cara para aquela lindeza de paisagem, o Corcovado, as praias... ai, aquilo" é bom demais!

De pé, boquiaberto, pálido, o gerente deixou o cachimbo cair sobre os papéis espalhados na mesa.

— Eh, espere aí, que cara é essa, seu gerente? O que é que o senhor tem? Não está passando bem? Quer que eu chame um médico?

— Médico... coisa nenhuma! Você vai é comprar essa passagem agora, já, no trem das 8 da noite para o Rio! ...: Já, ouviu? Antes que eu faça um estrago por aqui!

Mais que depressa, a secretária saltou sobre o telefone e ligou para a estação. Esforço inútil: o trem da noite estava lotado.

Desta vez. foi o gerente que desabou na cadeira, a cabeça entre as mãos, chorando convulsivamente e lamentando-se:

— Meu Deus do céu, que mal que eu fiz pra sofrer assim? Onde foi que eu errei? Me explique, Maria, por favor, eu lhe suplico: será que eu escrevo tão mal assim? Meu bilhete está tão claro, tão simples... eu só pedi uma passagem no trem das 8 para o Rio e veja o que você me aprontou! Agora, eu vou perder um dos nossos melhores clientes lá no Rio!

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