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Realismo E Naturalismo

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Por:   •  9/5/2014  •  2.827 Palavras (12 Páginas)  •  501 Visualizações

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Realismo/Naturalismo (1865-1890)

A Geração de 70 vai criando um novo romantismo, demasiadamente limitado aos problemas e obsessões nacionais (que chega a Portugal por influência estrangeira europeia: irreligiosidade de Loisy e Renun; inconformismo com a tradição, fruto dos avanços da ciência e técnica, que originam a crença de que o Homem superaria os seus limites; supremacia da verdade física, com o desenvolvimento das ciências exactas e experimentais; novas teorias filosóficas - idealismo de Hegel, socialismo de Proudhon, Positivismo de Comte, e evolucionismo de Darwin e Lamark - que levam à crença nos princípios de justiça e igualdade; materialismo optimista graças ao progresso técnico, que explica o atraso do passado pela passividade do Homem e a sua crença nas forças sobrenaturais), provocando uma verdadeira revolução cultural: repensa e questiona toda a cultura portuguesa desde as origens, fixando-se no ponto alto das Descobertas; pretende preparar uma profunda transformação na ideologia política e estrutural social portuguesas (isto é, a revolução republicana de 1910). A questão Coimbrã, embora não tivesse sido ainda o confronto entre Romantismo e realismo, cria as condições para a instauração do Realismo em Portugal, na medida em que se acentua o papel que cabe à literatura como fenómeno de intervenção crítica na vida da colectividade.

Eça de Queirós definiu o Realismo como "uma base filosófica para todas as concepções de espírito - uma lei, uma carta de guia, um roteiro do pensamento humano, na eterna região do belo, do bom e do justo,(...)é a crítica do Homem,(...)para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.(...)É não simplesmente o expôr (o real) minudente, trivial, fotográfico,(...)mas sim partir dele para a análise do Homem e sociedade."

As características gerais do Realismo são: a análise e síntese da realidade com objectividade, em oposição à subjectividade romântica; exactidão, veracidade e abundância de pormenores, com o retrato fidelíssimo da natureza; total indiferença perante o "Eu" subjectivo e pensante perante a natureza (o "Eu" romântico); neutralidade de coração perante o bem e o mal, o feio e o bonito, vício e virtude; análise corajosa de vícios e podridão da sociedade; relacionamento lógico entre as causas desse comportamento (biológicas ou sociais, e a natureza interior e exterior da personagem); admissão de temas cosmopolitas na literatura; uso de expressões simples e sem convencionalismos (por oposição ao tom declamatório romântico).

O Naturalismo difere do Realismo, mas não é independente dele. Ambos crêem que a arte é a representação mimética e objectiva da realidade exterior. Foi a partir desta tendência geral para o Realismo mimético que o Naturalismo surgiu, sendo por isso muitas vezes encarado como uma intensificação do Realismo. As características principais são: tentativa de aplicar à literatura as descobertas e métodos da ciência do séc.XIX (filosofia, sociologia, fisiologia, psicopatologia, etc), tentando explicar as emoções através da sua manifestação física (apresenta, assim, mais razões científicas do que o simples descrever dos factos do Realismo); resultou muitas vezes na escolha de assuntos mais chocantes (alcoolismo, jogo, adultério, opressão social, doenças, as suas causas e consequências), vocabulário mais terra-a-terra, motes mais cativantes ou detalhes mais fotográficos.

O Naturalismo acabou por se tornar uma doutrina (instituiu que o indivíduo era primária e fundamentalmente modelado pela hereditariedade, meio e educação - pela "natureza"), com uma certa visão muito específica (Eça de Queirós chamou-lhe a "forma científica que a arte assume") do Homem e do seu comportamento, tornando-se mais concreto mas também mais limitado que o Realismo, embora que, como os olhos do observador/escritor não são lentes inanimadas, a reprodução da realidade em cada uma das obras Naturalistas, pode reconhecer-se como sendo individual, e os Naturalistas acabam por afastar-se da própria teoria.

Escritores importantes enquadrados neste movimento Realista-Naturalista, são Eça de Queirós, Antero de Quental e Oliveira Martins, por exemplo.

Questão Coimbrã

Em 1865, António Feliciano de Castilho, mentor de um grupo de escritores da geração ultra-romântica portuguesa, teceu grandes elogios a duas obras de poetas ultra-românticos: D. Jaime, de Tomás Ribeiro (1863) e Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas (1865), ao mesmo tempo que fazia comentários depreciativos em relação à poesia de Antero de Quental e de Teófilo Braga, dois jovens poetas que despontavam, então, na cena literária.

Estes dois últimos pertenciam a um grupo de estudantes de Coimbra que se encontrava longe dos meandros do poder político e da corte literária de Castilho e tinha concepções literárias opostas ao ultra-romantismo. Tanto um como o outro responderam a Castilho de um modo desabrido e contundente, desencadeando polémica nos meios literários. Muitos escritores se envolveram na questão, uns a favor de Castilho, outros alinhando com os poetas conimbricenses.

Para os novos intelectuais (a chamada Geração de 70), atentos às ideias e acontecimentos europeus e actualizados do ponto de vista estético, científico e filosófico, a arte, e sobretudo a poesia, devia contribuir para a mudança das mentalidades com vista à realização da revolução social. Defendiam, para o efeito, uma poesia actual, objectiva e socialmente empenhada, que tivesse como referência os contributos da ciência e da filosofia e as leis da evolução histórica.

A Questão Coimbrã, tal como as Conferências do Casino, inserem-se num processo mais vasto de liquidação do subjectivismo e sentimentalismo ultra-romântico, de combate à influência do catolicismo e de desgaste do regime político vigente (monarquia constitucional). A Geração de 70 deu um contributo fundamental à renovação da cultura e da mentalidade portuguesas do século XIX, deixando trabalhos marcantes nos campos da literatura, do pensamento e da história, entre outros.

Autores Poesia:

Antero de Quental

Antero de Quental (1842-1891) foi poeta e filósofo português. Foi um verdadeiro líder intelectual do Realismo em Portugal. Dedicou-se à reflexão dos grandes problemas filosóficos e sociais de seu tempo. Contribuiu para a implantação das ideias renovadoras da geração de 1870.

Antero de Quental (1842-1891) nasceu na localidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, nos Açores, Portugal. Filho

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