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A Cabeça Bem-Feita: Repensar A Reforma, Reformar O Pensamento

Por:   •  15/10/2023  •  Resenha  •  1.418 Palavras (6 Páginas)  •  19 Visualizações

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A CABEÇA BEM-FEITA: REPENSAR A REFORMA, REFORMAR O PENSAMENTO

Recensão crítica apresentada à disciplina: Construção do Conhecimento Interdisciplinar, do curso de Pós-graduação em Agronegócio e Desenvolvimento.

TUPÃ

2020


1. IDENTIFICAÇÃO DA OBRA

MORIN, Edgar. Cabeça bem feita. In: MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8 ed. Rio de Janeiro: Eloá Jacobina, 2003. Cap 2, p. 21-34.

2. CREDENCIAIS DO (A) AUTOR (IA)

Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, é um antropólogo, sociólogo e filósofo francês judeu de origem sefardita. Pesquisador emérito do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia, realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método (6 volumes), Introdução ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a educação do futuro. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa.

3. QUADRO DE REFERÊNCIA DO (A) AUTOR (IA)

O autor para fundamentar que a dúvida é o exercício para se ter uma mente bem-feita cita trecho de Montaigne, citando Dante: “Che non men que saper dubbiar m’aggradd”. Tradução: tanto quanto o saber, agrada-me a dúvida. E reforça a ideia com a frase de Juan de Mairena. Cita 4.Lautréamont, Chants de Maldoror, in OEuvres complètes, Losfeld, 1971, p. 114, para conceituar a matemática e 7.La Méthode, t. h La Nature de la nature, Éd. du Seuil, “Points Essais”, n? 123,  articularmente, pp. 101-116, para falar das novas ciências. Cita também outros autores que dão embasamento teórico quanto a importância de ter uma mente aberta para diferentes áreas do conhecimento.

4. RESUMO DA OBRA 

O autor defende que a cabeça para ser bem-feita deve dipsor de aptidões gerais para colocar e tratar os problemas; princípios organizadores que permitam ligar os saberes e dar sentido a eles.

A educação deve favorecer a aptidão natural da mente para colocar e resolver os problemas e, correlativamente, estimular o pleno emprego da inteligência geral. O desenvolvimento da inteligência geral requer que seu exercício seja ligado à dúvida². Juan de Mairena, permite “repensar o pensamento”, mas comporta também “a dúvida de sua própria dúvida”. Deve recorrer à ars cogttandi, a qual inclui o bom uso da lógica, da dedução, da indução – a arte da argumentação e da discussão. Como o bom uso da inteligência geral é necessário em todos os domínios da cultura das humanidades – também da cultura científica – e,  é claro, na vida, em todos esses domínios é que será preciso valorizar o “pensar bem”, que não leva absolutamente a formar um bem-pensante. O cálculo é um instrumento do raciocínio matemático, que é exercido sobre o problema settings o problem solving, em que se trata de exibir “a prudência (4) consumada e a lógica implacável”. A filosofia é, acima de tudo, uma força de interrogação e de reflexão, dirigida para os grandes problemas do conhecimento e da condição humana.

Também o professor de filosofia, na condução de seu ensino, deveria estender seu poder de reflexão aos conhecimentos científicos, bem como à literatura e à poesia, alimentando se ao mesmo tempo de ciência e de literatura. Uma cabeça bem-feita é uma cabeça apta a organizar os conhecimentos e, com isso, evitar sua acumulação estéril. Todo conhecimento constitui, ao mesmo tempo, uma tradução e uma reconstrução, a partir de sinais, signos, símbolos, sob a forma de representações, idéias, teorias, discursos. O conhecimento comporta, ao mesmo tempo, separação e ligação, análise e síntese. Como nosso modo de conhecimento desune os objetos entre si, precisamos conceber o que os une. A partir daí, o desenvolvimento da aptidão para contextualizar e globalizar os saberes torna-se um imperativo da educação. O pensamento “ecologizante”, no sentido em  que situa todo acontecimento, informação ou conhecimento em relação de inseparabilidade com seu meio ambiente – cultural, social, econômico, político e, é claro, natural. Um tal pensamento torna-se, inevitavelmente, um pensamento do complexo, pois não basta inscrever todas as coisas ou acontecimentos em um “quadro” ou uma “perspectiva”. A unidade humana em meio às diversidades individuais e culturais, as diversidades individuais e culturais em meio à unidade humana. Enfim, um pensamento unificador abre-se de si mesmo para o contexto dos contextos: o contexto planetário. Transformar o que gera essas fronteiras: os princípios organizadores do conhecimento. Para pensar localizadamente, é preciso pensar globalmente, como para pensar globalmente é preciso pensar localizadamente. As novas ciências, Ecologia, ciências da Terra, Cosmologia, são poli ou transdisciplinares: têm por objeto não um setor ou uma parcela, sistema7 mas um

complexo, que forma um todo organizador.  Realizam o restabelecimento dos conjuntos constituídos, a partir de interações, retroações, inter-retroações, e constituem complexos que se organizam por si próprios. Ao mesmo tempo ressuscitam entidades naturais o Universo (Cosmologia), a Terra (ciências da Terra), a natureza (Ecologia), a humanidade (pela visão em perspectiva da nova Pré-história do processo multimilenar de hominização). Cosmologia, uma complexidade que ultrapassa qualquer sistema. A noção de ecossistema significa que o conjunto das interações entre populações vivas no seio de uma determinada unidade geofísica constitui uma unidade complexa de caráter organizador: um ecossistema. Precisa recorrer às ciências humanas para analisar as interações entre o mundo humano e a biosfera. As ciências da Terra percebem nosso planeta como um sistema complexo que se autoproduz e se auto-organiza; caracteres físicos de origem biológica (o oxigênio do ar, o calcário etc.) estão integrados como sistema e onde a vida não é apenas um produto. As disciplinas distintas (astronomia de observação, física, micro física, matemática), além de uma reflexão quase filosófica, são utilizadas de maneira reflexiva para permitir, tanto quanto possível, uma inteligibilidade de nosso Universo. Infelizmente, a revolução das recomposições multidisciplinares está longe de ser generalizada e, em muitos setores, sequer teve início, notadamente no que concerne ao ser humano, vítima da grande disjunção natureza/cultura, animalidade/humanidade, sempre desmembrado entre sua natureza de ser vivo, estudada pela biologia, e sua natureza física e social, estudada pelas ciências humanas. Nas ciências cognitivas, um outro elo é pesquisado entre o cérebro, órgão biológico, a mente, entidade antropológica, e o computador, inteligência artificial. O mais grave é que as ciências cognitivas, que aglutinam disciplinas “normais”, próprias da ciência clássica, ignoram seu problema crucial: o objeto de seu conhecimento é da mesma natureza que seu instrumento de conhecimento. De modo que as ciências cognitivas constituem uma primeira etapa de agregação, à espera da grande virada. A História tende a tornar-se uma ciência multidimensional, quando integra, em si mesma, a dimensão econômica, a antropológica (o conjunto e mores, costumes, ritos concernentes à vida e à morte), e reintegra o acontecimento, depois de achar que devia aboli-lo como epifenômeno. É nessa mentalidade que se deve investir, no propósito de favorecer a inteligência geral, a aptidão para problematizar, a realização da ligação dos conhecimentos. A esse novo espírito científico será preciso acrescentar a renovação do espírito da cultura das humanidades. A cultura das humanidades favorece a aptidão para a abertura a todos os grandes problemas, para meditar sobre o saber e para integrá-lo à própria vida, de modo a melhor explicar, correlativamente, a própria conduta e o conhecimento de si. Uma educação para uma cabeça bem-feita, que acabe com a disjunção entre as duas culturas, daria capacidade para se responder aos formidáveis desafios da globalidade e da complexidade na vida quotidiana, social, política, nacional e mundial. É imperiosamente necessário, portanto, restaurar a finalidade da cabeça bem-feita, nas condições e com os imperativos próprios de nossa época.

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