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A EDUCAÇÃO PEDAGÓGICA INCLUSIVA DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO BÁSICA

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Por:   •  4/11/2014  •  1.803 Palavras (8 Páginas)  •  211 Visualizações

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A EDUCAÇÃO PEDAGÓGICA INCLUSIVA DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Trabalho apresentado ao Curso Licenciatura em Educação Física da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas Educação a Distância; Sociedade, Educação e Cultura; Educação Inclusiva; Língua Brasileira de Sinais e Seminário da Prática I.

Professores: Fábio Luiz, Giane Albiazetti, Sandra Vedoato e Raquel Franco.

Cidade

Ano de entrega

Em busca de pistas sobre a escravidão, Entrevistas e fontes diversas levaram à construção de saberes sobre esse período. O festival anual de samba é um dos principais eventos do pequeno distrito de Tebas, no município de Leopoldina, a 323 quilômetros de Belo Horizonte. O ritmo, popular no local, é característico da cultura afro-brasileira presente ali, assim como as centenárias e modestas construções, as histórias sobre escravos transmitidas de pai para filho e a composição étnica da população. Filhos, netos e bisnetos dos cativos que compunham a mão de obra no século 19 fizeram do local o seu lar e foram deixando, no decorrer do tempo, vestígios de sua existência.

Apesar disso, os alunos de 6º ano da Escola Estadual Justiniano Fonseca não conheciam esse passado. "Na avaliação diagnóstica, notei que eles não identificavam a presença negra em Leopoldina e tinham idéias parciais sobre a escravidão", explica o professor João Paulo Pereira de Araújo. Quando perguntados sobre o modo de vida dos negros, quase todos citaram apenas a submissão ao senhor e os castigos físicos. "Eles apanhavam quando não faziam alguma coisa direito", respondeu o aluno Marcos Paulo Barreto Araújo, 11 anos. Já Vanessa de Souza Moreira, 12 anos, disse que a vida do escravo era "sem estudo". Boa parte da classe apontava a princesa Isabel (1846-1921) como a única responsável pela abolição.

O docente decidiu, então, guiar a garotada em um processo de exploração do passado que envolveu pesquisas na internet e em jornais e entrevistas com os moradores locais. Dessa forma, ele fez com que todos revissem suas opiniões. "Esse tipo de estudo permite que as crianças entendam as origens das diferenças sociais entre as etnias no Brasil", diz Martha Abreu, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF). Tal abordagem exige um planejamento cuidadoso e uma boa curadoria das fontes que serão usadas. Antonia Terra de Calazans Fernandes, docente da Universidade de São Paulo (USP) e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10, sugere que sejam analisados materiais de diferentes naturezas: cartas, obras literárias, fotos, gravuras e biografias, como as do livro Memórias do Cativeiro (Ana Lugão Rios e Hebe Mattos, 304 págs., Ed. Record, tel. 11/3286-0802, edição esgotada). O objetivo é desconstruir o senso comum e aprender, por exemplo, que muitos cativos tinham papel ativo nas decisões sobre seu futuro e nem sempre eram vistos como mercadorias. Devem ser mostradas situações do cotidiano, como as de convívio familiar, sempre convidando a turma a refletir sobre as fontes analisadas, com perguntas como "Qual era a posição social do produtor desse material?" e "Quando foi produzido?". A questão das punições precisa ser tratada com cautela. "Não podemos bombardear as crianças com imagens de sofrimento. Imagine como se sente um aluno negro diante disso", defende Antonia.

O principal recurso usado por Araújo foi uma fonte primária produzida durante o período estudado: exemplares do jornal O Leopoldinense, disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, onde há periódicos de todo o país. "Trabalhar com essas fontes é um exercício de olhar muito rico. O estudante compara versões e formula hipóteses", comenta Sonia Regina Miranda, docente da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

As crianças foram convidadas a procurar nos textos menções aos escravos. "Elas encontraram diversos anúncios, tanto de senhores que buscavam por negros fugidos como daqueles que queriam vender trabalhadores", afirma Araújo. Em sala, a garotada teve de analisar o material. "A escrita dos textos era diferente da de hoje. Tebas está escrito com H", diz Gina de Rezende Oliveira, 11 anos. Vitor Pinheiro Mendes, 12 anos, conta que encontrou anúncios em que os senhores buscavam por um escravo que sabia ler e escrever. "Isso significa que alguns também tinham estudo. Então não era só sofrimento a vida deles!", concluiu. Antonia recomenda também que o professor aproveite esse momento para problematizar o contexto de produção das informações analisadas. "É natural que o anunciante queira destacar só as boas características daquela mercadoria", exemplifica. Todas as conclusões eram registradas no diário de bordo, caderno que cada aluno manteve durante o trabalho. Semanalmente, o professor recolhia o material para verificar como a sala estava avançando. "Quando notava que alguém não havia entendido algo já discutido, eu retomava o assunto", explica.

Com base na descoberta de que existiram negros cativos no local, a turma passou a procurar mais pistas sobre o assunto. A pesquisa começou no laboratório de informática da escola. Araújo sugeriu que todos buscassem informações em textos e blogs de pesquisadores indicados por ele. Ali, os estudantes descobriram que o município possuía a segunda maior população de cativos em 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea. A maioria trabalhava no plantio de café.

Se tantos escravos tinham vivido na região, era provável que a história deles ainda estivesse em circulação pelo distrito. Pensando nisso, o professor propôs que a classe fosse a campo ouvir antigos moradores. "Esse contato com os mais velhos humaniza o conhecimento histórico", explica Sonia. Antes, todos montaram coletivamente uma pauta de entrevista. "O professor ajudou em nossa preparação: fomos pensando juntos nas perguntas e ele anotava no quadro", conta Christoff da Silva Cirino, 11 anos. Quando surgia uma questão que não era adequada ao contexto, Araújo questionava: "Será que essa dúvida está relacionada ao nosso tema?". A turma repensava, então, a necessidade de incluí-la. O professor deixou claro que os estudantes podiam reformular as perguntas no momento das conversas, que foram gravadas em vídeo. "Quando fui entrevistar a dona Jacyra da Silva Coelho, 100 anos, foi difícil fazer com que ela entendesse tudo. Então, eu repetia, mas de um jeito

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